A CABEÇA DO BRASILEIRO Em 1981 fui a São Paulo com colegas de Faculdade participar de um evento na USP e fomos super bem recebidos por Silvinha, amiga do João, que ele conhecera no Projeto Rondon. Além da liberal família, ficamos também, encantados com a casa , acho que no Jardim Europa. Modulada e construída em blocos de concreto perfeitamente encaixados era uma verdadeira aula de arquitetura e refinamento. Fechada, por fora parecia um muro, super discreta e sem a menor ostentação, no entanto todos os compartimentos abriam para um enorme jardim interno, todo gramado. A decoração franciscana e adequada ao espaço arquitetônico marcava por um detalhe insólito na sala de jantar: uma gravura de Lênin em tamanho natural. O Daruiz, comunista de carteirinha, matou logo a charada: “– Burguesia esclarecida”. Essa estória me veio à tona em função da pesquisa da Universidade Federal Fluminense, A Cabeça do Brasileiro, divulgada pelo jornal Nacional. Segundo a matéria “os dados desfazem a associação negativa entre elite e privilégios e mostra que a elite dos mais instruídos tem valores mais democráticos, é menos tolerante com a corrupção e menos conservadora nas questões sociais”. Óbvio tratarmos, aqui, da elite educacional, aquela com mais escolaridade e basta olharmos para a história dos movimentos sociais que, de certa forma sempre foram alavancados pela elite intelectual e artística. Mas para não perder a mania dei logo uma olhadinha no bom e velho Aurélio e fui conferir o significado:”Elite- O que há de melhor numa sociedade ou grupo social” e respirar aliviada, afinal, é grande o desgaste do termo nesses anos de populismo explícito. E voltando a Silvinha, anos depois, fui descobrir que o irmão dela, que em 81 se encontrava nos EUA estudando vídeo, viria a ser o Fernando Meireles diretor de Cidade de Deus. Pois é quando a elite intelectual e financeira se reúnem…
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