Outro dia um amigo fez uma declaração no mínimo curiosa:
-“Aqui em Sergipe os meninos são criados como príncipes, enquanto as meninas com as tarefas e responsabilidades, e conhecendo desde cedo a dureza, ficam mais preparadas para a vida.”
Realmente, basta olhar em volta e constatar a quantidade de juízas, delegadas, empresárias e, especialmente, domésticas que criam famílias inteiras sozinhas.
As estatísticas estão aí para confirmar a análise, e os números são, na verdade, nacionais.
A instigante afirmação me levou oportunamente neste maio, tradicional mês dedicado a mães e noivas, a uma reflexão sobre feminismo que culminou com uma entrevista da Fernandona para a Bravo!
Intitulada “Simone de Beauvoir mudou nossas vidas”,Fernanda referia-se a importância do livro “O Segundo Sexo” na vida da sua geração.
Se O Segundo Sexo influenciou, e muito, a minha vida, quando o li aos vinte e cinco anos, imagina o que ele fez pela vida das nossas mães, quando lançado em 1949.
Outro livro, mais simples e ainda, infelizmente, bastante atual é ”Mulher: Objeto de Cama e Mesa” de Heloneida Studart. Ganhei de presente de uma amiga quando fiz vinte e um anos e o considero, até hoje, uma leitura fundamental para meninas.
Mas a Fernanda, maravilhosa que é, faz uma linda declaração sobre o Fernando que teve a sorte de ter:
” Era um homem de tutano, de fibra, um homem libertário que recusava o machismo. Enfrentou meu sucesso e minha personalidade forte à maneira de um gigante. Em nenhum momento me castrou.Pelo contrário me incentivou muito e, na função de produtor, buscou criar as melhores condições para meu progresso como atriz…Se minhas conquistas o incomodavam nunca deixou transparecer -Atitude que considero de uma grandeza absoluta”.
Diante do libelo acima só nos resta concluir que, nós mulheres, precisamos criar muitos Fernandos para que muito mais Fernandas possam florescer!
P.S.- A Fernanda a que me refiro só pode ser a, também gigante, Montenegro que está na peça “Viver sem tempos Mortos” um monólogo baseado em seus estudos e do Newton Goldman sobre o primeiro casal moderno e célebre da história: Beauvoir e Sartre”.
Times Square-New York ten years ago-Foto Ana Libório