E o 2º turno da eleição, dia 26, no Rio nos deixa de água na boca, especialmente para mim que devo ter DNA carioca, e adoraria optar entre dois candidatos tão instigantes. Mas, sem titubear, apostaria no Gabeira. Por diversas vezes minha vida tocou a dele e, muito antes da sunga roxa de crochê, nossos caminhos já haviam se cruzado. Estudávamos na Escola Joaquim Abílio Borges, no Humaitá, e lembro, como se fosse hoje, o dia do sequestro do embaixador americano: as freadas… o cerco policial, minha mãe chegando aflita para nos buscar na saída da escola. Anos depois, de volta do exílio, o reencontrei numa ensolarada manhã de sábado, no Leblon, lançando o Crespúsculo do Macho. O livro, ainda atual, toca na ferida do machismo, assunto que, infelizmente, ainda continua em pauta na vida das brasileiras. E mesmo à distância continuei sabendo dele: o casamento com Yamê, as Amigas do Peito, a viagem de redescoberta pelo litoral brasileiro nos anos oitenta e, finalmente, a entrada para a política formal. Naquela época veio a Aracaju e participamos de um abraço ao antigo Farol pela campanha de Paulão, à prefeito, pelo PV. Novamente, e quase duas décadas depois, o reencontrei aqui, junto com a família Barreto, logo após a posse de Deda, dessa vez para tentar filmar a vida de Zé Peixe. Ah!, Ele também gravou um documentário com as últimas e únicas imagens de Bispo do Rosário. Defensor das liberdades individuais e coletivas e da ecologia, qual o deputado que vai trabalhar de bicicleta e há anos discute a questão ambiental com proposições afirmativas, especialmente sobre a qualidade de vida nas cidades? A cada ano que passa mais charmoso, seja de sobretudo preto ou de bicicleta, prossegue o eterno companheiro Gabeira, agora um senhor, na sua intransigente luta contra a corrupção e a mentalidade severina que assola o Brasil. Sempre elegante e suave…às vezes nem tanto, vai enxergando além e falando abertamente sobre temas tabus que a maioria dos nossos políticos, por medo ou por ordem dos marqueteiros, prefere varrer para baixo do tapete.
Garota de Ipanema- Rio 2007- Foato ana Libório
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários