Dizem que o tempo transforma os maiores incendiários em bombeiros. Do alto dos meus cinquentinhas já sinto o poder da expressão e ontem ao ver Roberto Carlos, todo de azulzinho, chorando a Lady Laura não resta mais dúvida. Quem diria que aquele rapaz com ar de moço bom e que prometia se revelar nas curvas da estrada de Santos iria se transformar nessa figura tão sorumbática e tristonha? Todo rei que se preze tem lá direito a suas esquisitices, vide o Michael, e com Roberto não seria diferente. E se ele já era supersticioso agora terá motivos de sobra. Pois não é que a sua mãe foi morrer, justo, na noite do seu show de comemoração de carreira, em Radio City Hall- New York, e enterrada no dia do seu aniversário? Mas ninguém é rei à toa e Roberto, gostando ou não, perpassou nossa vida e se João Gilberto revolucionou a arte do canto com seu banquinho e violão, foi ele, o rei, quem o difundiu. Inesquecível o deslumbramento quando ouvi, pela primeira vez aos cinco anos de idade, acho, minha mãe cantarolando: ”…Ô Rosa, Rosinha queria que você só fosse minha.. Ô Rosa, que coisa louca, queria dar um beijo em sua boca…“ Até então éramos embalados ao som de: “Minha vida era um palco iluminado…” Logo depois chega um primo, do Rio, com a novíssima: “…Eu te darei o céu, meu bem, e o meu amor também …” Enlouqueci, daí para o sonho da primeira calça “Lee” foi um pulo só e, a partir de então, jamais seria a mesma!
Leonardo Alenacar- Painel do Mercado de Aracaju em homenagem ao arquiteto Osiris Rocha- Foto Ana Libório
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