Café Pequeno- Meste Camará

Em janeiro a revista Vida Simples traz um artigo, Bruta Lição, sobre os mestres e como reconhecê-los.

 

Também tive o meu, porém antes de reconhecê-lo, corri atrás. Falo do Osiris, o arquiteto mais arquiteto com quem tive o privilégio de conviver e aprender muito mais que nos parcos cinco anos de faculdade.

 

Ainda estudante, quando de férias em Aracaju, encantava-me com suas obras, as mais belas casas daqui, e sonhava conhecê-lo.

 

Mais tarde, formada, o encontrei numa reunião do IAB, Instituto de Arquitetos do Brasil, todo de branco. A empatia foi imediata afinal, para mim, mestre que é mestre usa branco às sextas, e em pouco tempo já trabalhávamos juntos na Prefeitura e no seu Ateliê, na Gentil Tavares, onde varávamos noites desenvolvendo projetos.

 

Éramos quatro arquitetos todos de água: peixes, câncer e escorpião numa longa e deliciosa parceria. Mais que mestre ele foi um grande amigo, pai, irmão, namorado…compadre.

 

Para além da arquitetura aprendemos com ele, sobretudo, coisas da vida, dos prazeres da mesa ao gosto pelas viagens. Por sinal dizia-se Cidadão do Mundo e sonhava embarcar no primeiro ônibus espacial de turismo.

 

Era um visionário.Quando pouco se falava em preservação ele já guardava palitos de fósforo usados e bugigangas domésticas para reciclagem. Ao rasgarmos uma folha de papel a bronca era certa:

-Vocês sabem quantas árvores se derrubam para produzir uma folha de papel?Indagava.

 

E dessa forma foi nos moldando com tiradas como:

Necessidade faz sapo pular;                                         

-Oropa , França, e Bahia;

-Plebe ignara;

-Plebeu insolente.

 

Por falar em plebe era fã número um da Lady Di e assim como ela, em 2007 fez dez anos da sua morte. Sua mãe emocionada repetia o absurdo de um rim doente comprometer um cérebro brilhante, e presenteou-lhe com o epitáfio:

– “Quem se deleita com a arte está apto a viver no paraíso”. Meishu Sama

 

E assim se foi o nosso mestre, tão cedo, aos cinqüenta e dois anos. Na véspera da morte a última lição:

-Em arquitetura é sempre simpático se preservar alguma coisa.

 

 

 

P.S.- Neto de Clodomir Silva, Osiris Souza Rocha nasceu em 29 de fevereiro de 1944, na cidade de Nova Venécia/ES, formou-se na UFBA em 08 de dezembro de 1967 e foi enterrado, exatos 30 anos depois, ao som dos fogos da procissão de Nossa Senhora da Conceição.

 

Das belas casas destacam-se as residências do Dr.Edmilson Machado, em frente ao Parque dos Cajueiros, Deputado José Carlos Machado, na Atalaia, Paulo Silva, Sr. Valteno, Dr. Fedro Portugal, Dr. Marcílio Pinto, Drª Ana Marcionila e a  casa de tijolinhos em frente ao La Távola, e empresas como a Multiplus, na Francisco Porto a antiga Bahema, Detran, a Praça dos Capuchinhos e a Capelinha do Treze em Lagarto, o loteamento Aruana, além de muitas praças e avenidas realizadas pela PMA.

 

 

 

Redescobrindo Sergipe-Aguada-Pantanal sergipano-Foto Ana Libório

 

 

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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