Li ávida e obcecadamente BUSSUNDA: a vida do casseta, memorável biografia do mais famoso e popular dos cassetas, escrita por Guilherme Fiuza o autor de Meu Nome não é Johny, o livro que virou filme.
Muito bem escrito, o livro sobre Cláudio Besserman Vianna, conta com muito humor as peripécias dos cassetas e planeta e, nas entrelinhas, reli um pouco da nossa vida também, contemporâneos que fomos de um tempo em que engajamento político era a senha.
Estudante de arquitetura no Fundão, ilha onde funciona a Universidade Federal do Rio de Janeiro, passávamos horas no hall da faculdade tramando imaginárias revoluções, mas da vizinha engenharia já chegavam notícias de uns rapazes, super engraçados, que faziam um jornal, o Casseta Popular, de enorme sucesso nas areias do Posto 9 em Ipanema.
Mas sucesso, mesmo, era quando as gatinhas da arquitetura pisavam no Club do Bolinha da engenharia. Era a glória e rendeu várias lendas e piadas. Em se tratando de galera na maior secura já dá para imaginar o motivo de tanto assanhamento.
E os rapazes da engenharia não deixavam barato e anarquizavam tudo, para desespero dos mais politizados e das feministas radicais. O jornal tinha, até, uma seção com piadas explicadas para mulheres e publicava a famosa Lista Negra onde figurava, no topo, Pelé….
Bons tempos aqueles de Circo Voador, Manhas e Manias e Emoções Baratas, inusitado bar que funcionou numa espécie de play ground em um edifício de Botafogo e que, só agora, soube ser pilotado pelos heréticos Cláudio Manoel e Bussunda.
Verdadeira viagem ao túnel do tempo para quem quiser se deliciar com saborosas histórias de vida. E o melhor de tudo foi, no final, descobrir que os cassetas, desde o TV Pirata, tomaram de assalto a vida brasileira com seus inesquecíveis bordões e impagáveis tipos políticos.
E no país da piada pronta e que, apesar do famoso jeitinho, não tem mesmo jeito não, o melhor é rir, e muito, de tudo e nisso, até hoje, eles dão conta do recado.
Barra de Snato Antônio-Bahia-Foto Andrea Prata