A morte súbita e precoce de D.Ruth Cardoso nos leva a algumas reflexões. A mais óbvia, evidente, sobre a inquietante efemeridade da existência. “–A vida é um sopro”. Diz Niemayer no alto dos cem. Mas a influência da antropóloga na guinada das políticas sociais no Brasil irá, com certeza , especialmente nesses tempos de inflação batendo à porta, nos fazer reavaliar a tal da “herança maldita” deixada pelo seu companheiro tucano. Certa vez li num blog que esse clichê lulista, repetido à exaustão pelo nosso presidente será, sem dúvida, uma nódoa na sua irretocável biografia.É só rememorar. Gostando, ou não, do vaidoso FHC é fácil reconhecer a preparação para as mudanças, implantadas na sua gestão, desde quando ainda era ministro do topetudo Itamar. A estabilização da economia foi o começo de tudo. Basta lembrar dos anos de cruzadas à La Sarney e de Collor com seus malucos planos de um tiro só! Desde 94 vivemos outra realidade, difícil hoje, de explicar para as crianças nascidas a partir de então. É fácil administrar e surfar na onda do crescimento colhendo os frutos da organização do país. Não retiro aqui os méritos de agora, sendo o mais importante a continuidade das iniciativas, especialmente o aprofundamento da distribuição de renda. O legado FHC de maldito não tem nada, muito pelo contrário: acesso à telefonia, antes item da elite, o Bolsa Escola, Gás, genéricos, Lei de Responsabilidade Fiscal, FUNDEF e o foco na educação começa ali. Denúncias sobre corrupção nas privatizações etc. e tal, me parece, é parte inerente à arte da política no Brasil desde que os degredados aportaram aqui com espelhinhos em troca de pau-brasil. E o mal perdura… Nisso também, infelizmente, o atual governo foi pródigo em aprofundar …mensalão, mensalinho, os desejados cartões…É a vida como ela é! E aí lembro do Bussunda, o inesquecível Casseta no papel do Lula, assim que eleito, consultando um arquivo de pastas suspensas intitulado FHC numa paródia ao filme “O Homem que Copiava”.
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