E para incrédulos como eu, os americanos deram o troco, mandaram Bush de volta ao Texas e os republicanos catarem os caquinhos do partido, após oito anos de arrogância beligerante.E ponto final nessa triste história! A eleição do Obama reacendeu a esperança de que o mundo pode ser bem melhor. E o mundo todo festejou a vitória, tanto quanto os americanos. Incríveis esses americanos e a sua capacidade de alardear princípios democráticos como a meritocracia. O que nos enche de inveja. Impossível não comparar, pois enquanto eles entoam o Yes We Can, nós continuamos no Yes nós temos banana. Ontem no Saia Justa a Mônica Valdvogel e Maitê Proença traduziram com clareza o abismo que nos separa. A Mônica relembrou o último parágrafo da Carta de Caminha que, após descrever as belezas da terra recém descoberta, encerra o texto solicitando emprego para o genro, prática vigente até hoje. Lembraram ainda que, apesar do traço em comum a mancha da escravidão, o processo nos dois países foi bastante distinto. No Brasil a libertação dos escravos se deu, como tudo até hoje, sem planejamento. Os negros foram postos na rua, com uma mão na frente outra atrás, ocuparam morros e periferias das cidades (possível origem da violência urbana), numa forma dissimulada de racismo carregada de sentimentalismo paternal e culpa cristã. Maitê frisou a diferença de objetivos: enquanto os portugueses que receberem capitanias hereditárias criavam uma nova elite, os puritanos quaquers não queriam vestígio de aristocracia no novo mundo. Estava criado o estado de igualdade de oportunidades para todos . E assim os americanos, que viveram na pele a segregação racial, elegem um negro casado com Michele Obama, neta de escravos, que além de advogada importante, formada em Princeton e Havard, é a nova primeira dama americana. Se fosse aqui, com certeza, dependeriam de um apadrinhamento, o famoso Q.I., para entrar na política e muito dinheiro duvidoso para chegar lá. Ainda hoje os poderes se esforçam para por fim a prática do nepotismo e mal começaram já arrumaram o jeitinho brasileiro no nepotismo cruzado. Dá um desânimo tão grande, especialmente para nós que vivemos do talento. Não a toa o Brasil perde todas as grandes inteligências das ciências, pesquisa e arte para países onde a meritocracia dá o tom.
Bonecas de pano-Dores-Redescobrindo Sergipe-Foto Ana Libório
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