A Casa Cultural Careca e Camaradas, instalada no Conjunto Augusto Franco, chama atenção pela sua proposta de difundir a cultura entre crianças e jovens, guardando um objetivo amplo de render homenagem ao seu patrono, o servidor público e militante político Gervázio Santos, o Careca, que soube converter os danos da prisão em 1964 e do patrulhamento dos anos seguintes, montando uma Banca de Jornais e Revistas, instalando-a junto ao Bar do Meio da Rua, onde começa a avenida Carlos Firpo, que à época era área de movimentação noturna, com bares e cabarés funcionando. A banca foi mudada para o Parque Teófilo Dantas, onde permanece em funcionamento. Carlos Max Prejuizo, neto de Gervázio, liderou várias ações de promoção cultural, em torno da banca, antes de organizar a Casa Cultural Careca e Camaradas. Militante do Partido dos Trabalhadores, Max Prejuizo tem procurado conciliar as diversas tendências partidárias, assumindo iniciativas nem sempre ortodoxas em suas promoções. O tempo tem consolidado as ações da Casa Cultural Careca e Camaradas, atendendo a uma clientela cada vez maior e mais interessada. Todos os anos a Casa Cultural escolhe um nome para prestar homenagem, o que leva à formação de uma Galeria de Camaradas titulados, distribuindo uma espécie de justiça de méritos, entre figuras atuantes e destacadas da vida da capital sergipana. O Camarada do ano 2005 é o professor Luiz Alberto Santos, da Universidade Federal de Sergipe, atualmente no exercício da Secretaria Municipal de Educação da Barra dos Coqueiros. São muitos os merecimentos do professor Luiz Alberto, fundador e militante do PT, quadro formulador, organizador, que vinculou seu nome ao partido em muitas ocasiões, quando eram poucos os que estavam dispostos ao confronto político-eleitoral em Sergipe. Por fim, saiu candidato ao Senado, na eleição de 1986, conquistando uma bela votação – 56.559 votos – O nome do professor Luiz Alberto circula, ao lado dos nomes do professor José Costa, de Marcelo Déda, e de outros petistas históricos, construindo uma alternativa de Poder. Assistente Social por formação, mestre pela Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, Luiz Alberto realizou-se como professor, ligado à disciplina Antropologia, conciliando a sala de aula, a pesquisa, com as posições de assessoria, direção do Centro de Educação e Ciências Humanas, a Pró Reitoria de Extensão, dentre outras funções que projetaram a sua imagem na comunidade acadêmica. Ao lado da biografia de mestre, Luiz Alberto engajou-se nas lutas sindicais da UFS, dedicando grande parte de sua vida acadêmica aos movimentos internos, políticos e culturais, como aos movimentos sociais do Estado. De uma família oriunda do interior, do Cumbe, Luiz Alberto Santos experimentou o trabalho no comércio dos mercados, ao lado do seu pai, antes de galgar os bancos universitários. Trabalhou na extensão rural, no interior e de cedo firmou sua convicção de estudar e discutir questões agrárias, étnicas, sociais, marcantes em sua biografia. Intelectual, poeta, publicou Enfieira de Motivos, livro de versos. No Conselho Estadual de Educação, como Conselheiro e como Presidente do colegiado, em dois mandatos, deu contribuição especial à rotina daquela casa, abrindo um rico debate em torno dos temas educacionais da atualidade. Sua condição de Conselheiro e de Presidente do CEE permitiu, ainda, contatos nacionais e internacionais, que renderam avanços consideráveis no setor educacional sergipano. Muitos temas, como o da educação especial, da educação à distância, da formação de professores, receberam do professor Luiz Alberto um contributo claro, lúdico, aprofundado pelas suas reflexões. Evidentemente que a direção da Casa Cultural Careca e Camaradas têm a plena justificativa para prestar ao professor Luiz Alberto Santos a homenagem de fazê-lo Camarada do Ano de 2005. Mas há, em vários ambientes sociais de Sergipe, uma imagem muito positiva do homenageado, mercê do seu profissionalismo, seu preparo, sua disposição para a luta e sua presença, sempre destacada, na vida sergipana e especialmente aracajuana, das últimas três décadas. Havia um débito que começa, felizmente, a ser quitado com a honraria singela, mas sincera da Casa Cultural Careca e Camaradas. Tomara que esta seja a primeira e que outras, de várias procedências, possam dar visibilidade pública a uma biografia ilustre de um sergipano que tem sabido viver o seu tempo, sem omissões e sem radicalismos. O Partido dos Trabalhadores deve ao professor Luiz Alberto todas as homenagens e reconhecimentos, pelos inestimáveis serviços que tem prestado, ao longo de 25 anos, sendo um mediador de conflitos, esclarecendo com sua palavra ponderada as dificuldades que surgem no processo político, e com a tolerância de um líder que sabe tomar posição diante dos fatos e das circunstâncias. A Casa Cultural Careca e Camaradas abriu a temporada de homenagens, que pela admiração reconhece as qualidades pessoais, intelectuais, e políticas do professor Luiz Alberto Santos.
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