Caminhos do PDT

Embora todos os membros do PDT afirmem que permanecem no bloco liderado pelo governador João Alves Filho (PFL), os encontros e reuniões da legenda demonstram que há ressentimentos absolutamente concretos, que afastam as duas siglas. Aliás, desde quando ocorreu a demissão do secretário da Juventude, Esporte e Lazer, acrescida do afastamento de um diretor da Emdagro, parente do deputado estadual Luiz Garibalde, que o relacionamento entre PDT e PFL obedece apenas a rituais de civilidade. Politicamente os dois partidos estão junto e ninguém nega isso, mas no pensamento geral do bloco pedetista, há um bloqueio que impede a unidade em torno de um projeto político definido. Desde o início da campanha que o senador José Almeida Lima (PDT) defendia que o bloco do Governo tivesse um candidato único e definisse as eleições no primeiro turno. Foi vencido por argumentações da assessoria política do próprio Governo.

 

Almeida trabalhou, então, pra que o seu partido participasse de coligação com o PFL, já que estavam no mesmo bloco. Os pefelistas não aceitaram, sob argumento de que o PDT tinha nomes com um bom potencial de voto. O senador Almeida lima então apelou para que alguém do seu partido disputasse a Prefeitura de Aracaju, com todos unidos contra o prefeito Marcelo Deda (PT). Ninguém teve coragem de colocar a cabeça. Até mesmo o deputado Luiz Garibalde preferiu ficar de fora e o vereador Antônio Samarone, que se transferiu do PT para o PDT, com o objetivo de ser candidato a prefeito, também recuou, o que fez Almeida Lima tomar a posição de não participar das eleições na capital. O PDT fez uma coligação com o PRP, apoiando José Renato Sampaio à Prefeitura e o final foi drástico: elegeu apenas o radialista Fábio Henrique, com uma votação expressiva, mas que não conseguiu arrastar nenhum outro da coligação. Foi um desastre.

 

Em reunião realizada este final de semana, em que se propunham fazer uma avaliação do pleito, todos reconheceram que cometeram o erro de integrar uma coligação frágil, ao invés de lançar uma candidatura própria, quando teria a participação expressiva do senador Almeida Lima. Hoje o partido experimenta um imenso prejuízo em sua representatividade municipal, porque não houve disputa. Ainda esta semana, possivelmente hoje, o partido vai voltar a se reunir já para discutir os caminhos de 2006. Domingo, já descontraído da praia, o senador José Almeida Lima antecipou, com tranqüilidade, que o PDT está só para as eleições de 2006. E foi bem claro: “nós não temos aliança com o PFL”. Almeida não quer dizer que o PDT tenha saído do bloco do Governo: “a essa altura vamos analisar se o Governo deseja o PDT em sua base”.

 

Admite, entretanto, que há sinais contrários: “o Governo está enxotando o PDT…”

Durante o encontro, ficou bem claro que o PFL recusou o apoio do PDT nas eleições de 2004. Nas eleições de 2002, quando se fez uma aliança em torno da candidatura de João Alves Filho ao Governo do Estado, se imaginou que estaria antecipando a coalizão de um grupo que disputaria o pleito de 2004: “Ora, se o PDT serviu nas eleições de 2002 estava claro que isso seria mantido dois anos depois, já que se formou um bloco que deu sustentação ao Governo na Assembléia Legislativa e no Congresso. Mas, o que se está vendo, de forma concreta, é que há um isolamento do PDT, o que deve servir para 2006”. O senador Almeida Lima também diz que participou de uma eleição em 2002, em que viu um discurso de mudanças e avanços no estilo de fazer política: “de forma pontual, estamos vendo o Governo tomar posições contrárias. Aí é mal para uma relação com o PDT”, disse o senador.

 

Almeida Lima já pôs para esquecer a sua transferência para o PSDB e diz que voltou a conversar com a executiva do seu partido. Políticos que se dão bem com o senador diz que ele está deixando acalmar as ondas revoltas do ninho tucano, para fazer sua transferência para a nova legenda. Há, também, um sentimento de que o senador pretende iniciar um trabalho para por em um mesmo bloco os descontentes com o PT e com o PFL e formar uma outra coligação que busque uma terceira via dentro do estado, para que a disputa ao Governo já não esteja polarizada antes mesmo de se iniciar o processo sucessório. Em Brasília, durante conversa com dois parlamentares sergipanos, Almeida Lima confidenciou que será candidato a governador em 2006, sendo uma opção a mais para quem não está satisfeito nem com o prefeito e nem com o governador.

 

ENCONTRO

O senador José Almeida Lima (PDT) reuniu-se com membros do partido, para fazer uma avaliar das eleições e constatou que o PDT cometeu um erro reconhecido por todos: não ter lançado o candidato. Os pedetistas concluíram que houve um prejuízo muito grande pela falta de disputa na campanha e isso terminou repercutindo no partido.

 

REENCONTRO

O partido vai voltar a se reunir esta semana para discutir os caminhos para 2006. Almeida Lima considera que os partidos e a política vivem de eleição, de planos e projetos. Admite que o PDT tem que rever suas posições, porque tudo o que aconteceu em 2004 foi uma lição e a conclusão de que em eleição não se pode cometer o equívoco da omissão.

 

EXCLUSÃO

Almeida Lima disse que a aliança de 2002 não continuou e o PFL, expressamente, não aceitou o apoio do PDT à sua candidata. Admite que o apoio do PDT foi recusado e “isso nos leva a não considerar nenhuma aliança em 2006. O PDT está só para o pleito de 2006. Nós não temos aliança com o PFL”.

 

BLOCO

O senador Almeida Lima deixa claro que tudo isso que aconteceu não quer dizer que o PDT tenha deixado o bloco do Governo. “A esta altura, vamos analisar se o Governo deseja o PDT ou não na base do Governo”. Vê sinais contrários sobre isso, o que demonstra que o “Governo esta enxotando o PDT”.

 

IMPLICAÇÃO

O Partido dos Trabalhadores vai continuar fazendo oposição cerrada ao prefeito Salvador Enoque (PT), em Poço Redondo, porque perdeu as eleições. Será uma oposição dura durante os quatro anos. Enoque estranha essa posição e diz que o adversário dele continua sendo o PFL, liderado pelo governador João Alves Filho.

 

EQUÍVOCO

Chateado com esse clima provocado por um partido que sempre foi aliado, o prefeito Enoque Salvador considera essa posição petista um grande equívoco. Principalmente porque em 2006 todos eles devem estar unidos, em favor de um projeto único, que é eleger um nome da oposição ao Governo do Estado.

 

PRESIDÊNCIA

Já se iniciaram os primeiros burburinhos em relação à escolha do próximo presidente da Câmara Municipal de Aracaju, entre os eleitos. O atual vereador Sérgio Góes, que já vem de duas reeleições, ainda vai tentar, mas já existe um movimento entre os novos, a fim de brecar a continuidade de Sergio.

 

ESTÂNCIA

O promotor Rony Almeida, de Estância, recebeu oito denuncias, de eleitores, contra os vereadores João Antônio (PSDB) e Avelino Mota de Menezes (PTB). Todas os acusando da prática de compra de votos. Rony vai fazer denuncia ao juiz Adailton, para cassar o mandato dos dois, que conseguiram reeleição.

 

SUPLENTES

O prefeito Marcelo Deda (PT), em sua nova administração, manterá a vereadora eleita Tânia Soares (PCdoB) na Funcaju e Conceição Vieira (PT) vai para a na Ação Social. Com isso a primeira suplente Rosângela e o segundo suplente Magal da Pastoral, assumem as duas vagas na Câmara.

 

VIAGEM

Já na próxima semana o prefeito Marcelo Deda viaja a Maceió, para participar da campanha do candidato petista que disputa o segundo turno. Na última semana ele participará de comícios em Natal, Fortaleza, Cuiabá e São Paulo, para que o PT eleja candidatos que disputam segundo turno nestas capitais.

 

ENCONTRO

Quinta-feira haverá um encontro em Propriá, que unirá políticos de Sergipe e Alagoas, para debater a questão da transposição das águas do São Francisco. Logo depois do encontro, todos os participantes vão fechar a ponte que liga os dois Estados, em protesto contra a transposição.

 

LOJISTAS

O secretário da Fazenda, Max Andrade, está no Rio de Janeiro, onde participa da Convenção Nacional do Movimento Lojista. Com ele estão 80 presidentes da Câmara de Diretores Lojistas de Aracaju e do Interior. Discutem a situação do país, inclusive em termos políticos.

 

FAVORÁVEL

A deputada Ana Lúcia (PT) concorda com a intenção do Ministério Público em entrar com uma ação para a contratação dos aprovados no concurso do Deso. Os sindicalistas entendem que é essencial que a Companhia de Saneamento utilize pessoal da empresa e não terceirizar os serviços.

 

SOBRINHO

Há satisfação de policiais e da classe política pela escolha do coronel Sobrinho para sub-chefia do Estado Maior da Polícia Militar. Sobrinho é um coronel que já trabalhou em vários municípios do interior do estado, tendo um comportamento imparcial com as facções políticas de cada cidade.

 

 

Notas

 

PRESSÃO-I

Os atuais prefeitos, que terminam seu mandato em dezembro, começaram a pressionar o Governo Federal para que seja votada no Congresso, até o final do ano, a emenda constitucional que amplia o FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Hoje, esse fundo é formado por 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O texto da emenda constitucional propõe mais 1% no fim do ano para auxílio no pagamento do 13o salário.

 

PRESSÃO-II

“O percentual pedido pelos prefeitos ainda é reduzido diante das responsabilidades que os governos federal e estadual repassaram aos municípios”, afirma o tributarista Robson Maia. “Hoje, os ensinos básico e fundamental, e parte da saúde, estão municipalizados, sem que o FPM tenha sido modificado”, lembra. Enquanto a reforma tributária realizada aumentou a arrecadação dos tributos federais, os municípios brasileiros são muitas vezes obrigados a reduzir os tributos municipais para estimular a permanência de empresas em sua base.

 

ACOMPANHA

O deputado federal João Fontes (Psol) acompanha de perto a audiência pública que será realizada quinta-feira, em Propriá, que vai discutir a transposição do rio São Francisco. O encontro dará continuidade ao processo de decisão participativa sobre as prioridades das águas do rio São Francisco. O movimento também vai se manifestar contrário à decisão do presidente Lula da Silva de fazer a transposição, inclusive com publicação de edital de concorrência programada para o final do ano. O Governo decidiu pela transposição.

 

É fogo

 

Os secretários municipais não falam sobre sucessão estadual. Todos eles, quando perguntado sobre o assunto, respondem que estão pensando em concluir seus trabalhos.

 

O prefeito Marcelo Deda fará algumas mudanças no secretariado, inclusive para atender à coligação que trabalhou por sua reeleição.

 

O governador João Alves Filho (PFL) também pretende fazer alterações em sua equipe, mas depois do carnaval.

 

Aracaju teve um movimento frio ontem, uma segunda feira véspera de feriado, que muita gente imprensou.

 

Vários ônibus deixarão Aracaju, nesta quarta-feira, para assistir ao jogo da seleção brasileira em Maceió.  

 

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) conseguiu fazer alguns prefeitos no interior e foi um dos vitoriosos nas eleições municipais deste ano.

 

O deputado federal Heleno Silva (PL) também conseguiu fazer prefeitos do partido e de outras legendas, mas em aliança com ele.

 

O deputado Adelson Barreto (PTB) teria se queixado da pouca ajuda que teve em sua disputa à Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro.

 

O prefeito eleito de Propriá, Luciano Nascimento (PFL), está descansando da campanha em Maceió.

 

O ex-governador Albano Franco (PSDB) começa a aparecer mais politicamente a partir do próximo ano.

 

O ex-governador Celso Carvalho comandava uma mesa de familiares em um restaurante da orla. Elegante, mas espirituoso, Celso Carvalho sempre produz uma boa conversa.

 

Os bancários resolveram prorrogar uma greve que já dura 25 dias e ainda não há perspectiva para acabar.

 

brayner@infonet.com.br

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