Primeira visão que se tem da praia da Dulce (AL) |
O rio São Francisco foi generoso com a região do sertão nordestino brasileiro e onde a beleza natural não se fez tão singular, o homem tratou de dar uma forcinha, modificando-a para melhor. E graças a essa generosidade do Velho Chico e a singularidade do homem em potencializar as belezas, criar infraestrutura e interagir com a paisagem, a região do cânion do São Francisco, na divisa entre os estados da Bahia, Sergipe e Alagoas, vem se configurando como um dos principais produtos turísticos do país e fonte de inesgotável poder de encantamento para quem o visita.
A região do Cânion do São Francisco abriga paredões entre águas esverdeadas, trilhas, formações rupestres, praias de água doce, sítios arqueológicos, monumentos naturais, além de todo o potencial cultural, histórico e artístico do povo sertanejo e ribeirinho.
Praia da Dulce – Olho D'Água do Casado (AL) |
O Tô no Mundo traz um roteiro pelo cânion do São Francisco, partindo da praia da Dulce, no município alagoano de Olho D’Água do Casado, com passagem pelo Vale dos Mestres e parada tradicional no Paraíso do Talhado.
Olho D’Água do Casado dista 272km da capital alagoana, Maceió, e 237km de Aracaju (via BR 235) e é um dos portais de embarque para se conhecer a região do Velho Chico, seus afluentes e prainhas. A praia da Dulce fica localizada a poucos 2km de estrada de piçarra da sede municipal e, chegando lá, o primeiro contato da prainha se tem de cima, de um barranco de areia escura em meio ao bioma de caatinga.
Praia da Dulce – Olho D1Água do Casado (AL) |
Ao primeiro olhar, o riacho das Águas Mortas, um dos afluentes do rio São Francisco, mostra-se caudaloso ao longe, quando se tem o primeiro contato com o que estar por vir: águas claras, vegetação de cactáceos escrutada em formações rochosas e muito contato com a natureza.
O catamarã parte da prainha que tem uma boa infraestrutura, ao menos para proteger os visitantes do sol caudaloso do sertão nordestino, além de um pequeno bar e banheiros limpos. Ao partir do atracadouro a embarcação percorre um trecho de paredões desgastados pelas intempéries do tempo até chegar a Curva do Rio e cruzar com o rio São Francisco. O catamarã vai até a outra margem do Velho Chico, já em Sergipe, quando continua até chegar ao denominado Vale dos Mestres.
Vale dos Mestres (SE) |
Os paredões arenosos entrecortados por vegetação composta por bromélias, cactáceos, samambaias, entre outras espécies, dão um tom esverdeado ao espelho d´água de rara beleza no sertão sergipano.
Lá é só uma paisagem das várias que compõem a região do sítio arqueológico do Vale dos Mestres, que possui trilhas de, aproximadamente, 2000m de extensão, pinturas rupestres de mais de 3mil anos, abrigos encravados no sopé dos paredões à margem direita do riacho, excelente para os amantes do ecoturismo, trekking, rapel, entre outros esportes de aventura.
Vale dos Mestres |
Na região há mais de três sítios arqueológicos, e muitos dos seus achados encontram-se hoje em estudo e visitação no Museu de Arqueologia de Xingó, em Canindé do São Francisco (SE).
Mas a aventura pelos cânions do Velho Chico só está começando. A embarcação retorna e entra propriamente dito no leito alagado pelo homem do cânion do rio São Francisco. A aventura continua entre paredões, por vezes, com formas inusitadas, até chegar a mais um afluente do rio São Francisco, o riacho do Talhado, cenário de inúmeros filmes e novelas.
Formações rochosas no cânion do São Francisco |
A embarcação para no denominado Porto de Brogodó, em alusão ao nome de uma cidade de uma novela brasileira gravada na região. A parada para o banho em meio aos paredões é um convite ao relaxamento, e se pode também embarcar em canoas menores para conhecer o Paraíso do Talhado, uma gruta encrustada em parte de um paredão com águas claras, que em temporadas do ano recebe os fleches dos raios solares.
Show da Natureza – Um dos receptivos da região |
A segunda parada deste passeio é em um dos portos/ receptivos à beira-rio para degustar das maravilhas preparadas pelos ribeirinhos, a exemplo do bode assado, do peixe surubim com sobremesa reservada aos doces de frutas regionais.
Os bares recepetivos da região têm se profissionalizado cada vez mais e se configuram como bons atrativos para completar o passeio e receber bem o turista. Além do cenário, alguns deles também disponibilizam escorregadores para o rio, parquinho infantil, área para rede, bangalôs, quiosques, passeios a cavalo, caramanchões, além de todo um conforto de espreguiçadeiras à beira-rio. Quer mais?
A embarcação se despede do atracadouro entoando músicas de cantores nordestinos, completando um dos roteiros que mais atrai turistas em Alagoas e Sergipe. Afinal, esse é só um dos atrativos. O rio São Francisco, seus afluentes e os ribeirinhos lhe reservarão ainda muitas surpresas.
Formações rochosas |
Dicas de viagem
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Há uma infinidade de possibilidades para desbravar a região do cânion do São Francisco e diversos atrativos e pontos de embarques, tanto em Alagoas, quanto em Sergipe. A dica é pesquisas antes de ir, escolher quantos dias quer ficar, o meio de hospedagem, o que quer priorizar e consultar um agente de viagens.
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Arte ribeirinha Para quem desembarca em Aracaju ou Maceió e quer desbravar os passeios partindo da praia da Dulce, a dica é pernoitar na região do complexo do cânion, onde há inúmeros tipos de hospedagem, desde hotéis, hostel, pousadas e casas para alugar nos municípios de Canindé do São Francisco (SE), Piranhas (AL) e Delmiro Gouveia. Há também pousadas na zona rural de Olho d´Água do Casado. Consulte com antecedência.
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Pausa para descanço em um dos receptivos Para se chegar até lá partindo de Aracaju, a dica é percorrer a BR 235, no sentido Itaiabaiana e logo depois seguir pela denominada Rota do Sertão passando por Riberópolis, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre de Sergipe, Poço Verde até chegar a Canindé do São Francisco, um percurso de mais de 198km. Atravesse o rio e siga para Piranhas (AL). De lá, segue-se em direção a Olho d'Água do Casado em estrada asfaltada por cerca de 35km, passando pela sede municipal e percorrendo mais um trecho de 2km até chegar à beira-rio.
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Parada para banho Há duas empresas que fazem o passeio partindo da praia em embarcações tipo catamarã, a MFTur (catamarã Luiz Gonzaga) e a Castanho (catamarã Menestrel das Alagoas). Os preços praticados pelas duas empresas são parecidos, a depender da embarcação e do sistema de receptivo, ou seja, com almoço ou sem almoço, e qual o roteiro. Pacote: passeio de catamarã + almoço (buffet livre) R$115/ por pessoa – R$80 passeio catamarã – R$35 almoço (buffet livre). Criança até 6 anos não paga. Consulte com antecedência o horário de saída, a depender da demanda, os horários são modificados. A duração do passeio dura, em média, 3h30 a 5h, com paradas para banho e almoço.
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O passeio de lancha comporta até 7 pessoas, sai por, no mínimo, R$320 (valor dividido por até 4 pessoas). Para somente o Vale dos Mestres (piscinas naturais) saída mínima: R$240 (valor dividido em até 4 pessoas). Os valores não estão inclusos a comissão do guia de turismo.
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Parada para banho O Vale dos Mestres é um local de completo fascínio para quem gosta também do contato com a natureza com uma pitada de misticismo. A localidade também atrai aventureiros que chegam até lá através de trilhas. Consulte um agente de viagem para saber qual o melhor roteiro para desbravar esse atrativo.
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Fauna de caatinga Não deixe de apreciar o pôr do sol às margens do Velho Chico, quer seja em um dos pontos de receptivo, quer seja em um outro momento nos mirantes da cidade de Piranhas (AL).
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Consulte o guia Raniere Devisson através dos números de telefone: (82) 98854 8986, (82) 99804-4530 ou (82) 98217 9391. Há também o guia de turismo Valdivino Santos, conhecedor da região. (82) 9881 1243, (82) 99829 8549.
Gastroterapia
Os Doces da Dona Nena são o sabor do sertão em compotas. Umbu, mangaba, jaca, mamão, goiaba, doce de queijo, de leite batido, em bolas, com ameixa, doce de carambola. Ufa! E as cocadas? O ponto é parada obrigatória na rodovia SE 206, entre os municípios de Nossa Senhora da Glória e Monte Alegre.
Doce de mamão |
Doce de abóbora |
Dona Nena |
Doce de leite |
Dona Nena ganhou fama na região graças aos seus mais de 25 tipos de doces caseiros fabricados artesanalmente, vendidos todos os dias, das 7 às 18h. A procura é tão grande que são vendidos mais de 10kg de cocada por dia. Os preços variam de R$ 2,50 a R$ 10 (doces) e de R$ 3 a R$ 6 (biscoitos).
*Roteiro realizado através de visita técnica do curso de Guia de Turismo do Instituto Federal de Sergipe
Fotos: Sílvio Oliveira