Carta para “Meteta”

Meu amor, quando você estiver lendo essa carta estarei longe do Brasil. Mas vou com meu coração tão apertado porque sei que hoje, primeiro de junho, é uma data especial para você. Ainda que longe, vou derramando lágrimas de saudade porque sei, Vanessa, que mesmo longe somos unidos por algo inexplicavelmente delicioso de sentir. É amor mesmo!

Lembrei de uma comemoração em que passamos uma tarde inteira no quintal de sua casa fazendo um churrascão com o pessoal, que coisa boa de lembrar. E você sempre foi e é tão especial comigo, que me sinto na obrigação de te fazer lembrar que consideração, respeito e afinidade são peças de um quebra-cabeça conquistado a cada dia, no decorrer da vida. E como conquistados tanto, hein?

Já conseguimos diplomas acadêmicos, já conseguimos saber quem somos e principalmente nossa liberdade de ir e vir, dizendo o que está em nossa cabeça, e é claro respondendo por nossos atos – consequência de quem é livre de verdade. Não sei se vai lembrar mas te disse que você é uma das poucas amigas que lida com a verdade de forma intensamente parecida comigo.

Já ultrapassamos inúmeras situações desagradáveis e pessoas medianas, porém sobrevivemos a cada ventania com a cabeça erguida e os olhos molhados, porque choramos sem vergonha de mostra certas dores. Talvez por isso não carregamos tanto em nossos rostos o peso da nossa idade – acho que pessoas que choram e riem de forma solta, nos momentos adequados são mais especiais e porque não dizer: menos inconstantes.  

Mets, somos tão maduros pra algumas coisas e imaturos para o amor. Você de gêmeos e eu no capricórnio que me atiça para as aventuras amorosas mais desastrosas do planeta. Você dúbia que só vendo, cheia de traumas públicos que são sabidos por todos, mas ainda assim você é linda de se ver – por isso atrai tantos pretendentes. Seus gêmeos são conflitantes mas te dão o dom de ser séria, amalucada e especial pra mim.

Queria tanto escrever algo sobre sua forma de lidar com as verdades desta vida, pois acredito que não existe apenas uma coisa absoluta no mundo – somos preenchidos por pedaços de verdades que completam nosso cotidiano. Vanessa (Meteta para os bem íntimos), saiba que estarei sempre ao seu lado, ainda que aqui bem distante de todos os nossos companheiros, quero que saiba que sempre acreditei em você, em suas palavras e gestos (principalmente estes) e por isso continuarei sendo seu amigo até onde a estrada for.

Sair do Brasil, hoje ganhou um tom especial pra mim, nunca pensei que isso fosse acontecer tão rápido e assim de forma tão intensa eu vou indo, chorando porque deixo aqui pessoas que amo e também porque tenho medo de avião. Domingo mesmo, no Fantástico, eu vi uma matéria sobre queda de avião e já fiquei pensando se seria um presságio, e comecei a ter a minha tensão pré-viagem. Não consegui dormir mais e fiquei pensando tanta besteira com relação a esta viagem, com relação aos que deixo aqui (fui até agressivo com algumas pessoas), mas é que fico assim mesmo, sei lá, meio acuado quando não sinto meus pés no chão.

Pensei nas várias desgraças e catástrofes mundiais que vi nos últimos anos. A temperatura do meu quarto estava até agradável, mas desde domingo sinto uma onda de calafrios insuportáveis e percebi se tratar de uma apreensão com relação a viagem que estou fazendo agora. Foi então que pensei em lhe escrever algo que suprisse minha ausência em sua vida hoje – como se isto bastasse, né? Mas é que quando lidamos com as palavras temos a tola ideia de que o outro pode se comover com o nosso discurso e isso é de uma bobagem narcisista que me dá dor de cabeça, spo de pensar que minhas palavras não servem de nada pra ninguém. Quisera que pelo menos meus amigos fossem tocados por elas, mas a cada dia acho isso mais e mais impossível. As pessoas não gostam de ler. Enfim… pensei em sua coragem na hora de enfrentar certos momentos e encaro isto (a viagem) como um processo para sarar minha cabeça – um barato lícito e necessário. Por isso, vou nessa…

Só quero que você saiba que minha vontade era ligar pra você agora pra contar que o céu que estou vendo neste momento é tão bonito. Não falo aqui do céu católico, mas do céu céu mesmo, cheio de deformações e com um aspecto iluminado e leve ao mesmo tempo. Mets sinto sua falta desde ontem, mas, tenho que prosseguir isto que planejei. Voltarei logo para tomarmos uma cervejinha gelada e colocarmos os papos em dia. Saiba que meu coração, especialmente hoje, vai ficar aqui com você. E mesmo oco, sem coração, vou com as lembranças das emoções que já passei ao seu lado – e foram tantas –  e foram tão boas! Te amo. 

Beijos e feliz aniversário.

Para sempre ao teu lado!

Jaime Neto.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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