Cartas do Apolônio: “Excrementos oficiais”

Apolônio esclarece o que está por trás do primeiro grande atentado político ocorrido na terra dos cajueiros.

 

Lisboa, 20 de agosto de 2004

 

Caros amigos de Sergipe:

 

Depois do fatídico 11 de setembro que abalou a big aplle, é a vez da pequena Barbosópolis sofrer o seu primeiro grande atentado terrorista. E poucos se aperceberam do fato. Um deles foi o experiente coleguinha Osmário Santos que denunciou toda a manobra dos grupos extremistas visando desestabilizar a sacrossanta paz que reina nas lides oficiais. O outro, evidentemente, fui eu.

 

Aos que não ficaram sabendo da verdadeira hecatombe escatológica ocorrida na semana passada, aí vai um pequeno histórico: Eis que numa bucólica manhã de segunda feira, o secretário de comunicação do município, o provecto jornalista Milton Alves dirigia-se em seu possante automóvel para mais um dia de labuta, quando foi sobressaltado por uma terrível constatação: a porta da sua comunicativa repartição estava cheia, como direi? De excrementos, senhores. Titicas, verdadeiras bolotas de tatas ressequidas. Tomado de assalto, o impoluto secretário exclamou: Será que tô louco? A julgar pelo cheiro, não estava. Teria o laborioso homem de imprensa de grisalhas madeixas, sido alvo da ira sanguinolenta de facções tupiniquins da Al Qaeda? Ainda não se sabe ao certo. O que se tem certeza é que o episódio do torpedo fecal depositado no imponente portal da vetusta secretaria de comunicação, não é um fato isolado. Enganam-se os que pensam tratar-se apenas de uma ´brincadeira de moleques´ conforme sugeriu a “Gazeta de Borborema” em seu editorial da última quinta-feira.

 

Na verdade, meus amigos, ´o buraco é mais embaixo´ como diria o filósofo Nenen Prancha. Trata-se de uma campanha orquestrada pela oposição ao governo federal visando desestabilizar as instituições oficiais. E dizem que isto é só o começo. Se assim for, a coisa vai feder daqui por diante. Logo após ter sido descoberta a odorífica encomenda, foi providenciada a toque de caixa uma pequena licitação para a compra de máscaras contra gases, medida que resultou infrutífera já que o projétil retal era -como direi?- turbinado, “ultrapassava qualquer blindagem”, segundo a abalizada avaliação do jornalista Gilson Sousa, um dos funcionários atingidos com a evacuatória homenagem.

 

Alves, homem equilibrado que é, tratou de segurar os ânimos dos seus comandados que já estavam à beira de um ataque de nervos ante a visão dantesca daquelas fezes que vieram dar com os costados na outrora tranqüila Rua de Itabaiana. Serviu suco de maracujá às moças e sugeriu um campeonato de sexo solitário aos rapazes à guisa de mantê-los entretidos enquanto o pessoal da Interpol procedia às investigações de praxe. Ato contínuo, pensou em ligar para o Pentágono, mas preferiu ir ao banheiro para ver como os rapazes estavam se saindo na contenda onanista. Passado o susto, é aguardar o resultado da perícia que deve sair na semana que vem. Tem gente abostando, quero dizer apostando, que tem o dedo do big boss no meio dessa confusão escatológica. De minha parte, só sei que a coisa não está cheirando nada bem. E, cá pra nós, o secretário continua um tanto quanto enfezado. Não é pra menos, meus amigos!

 

Até semana que vem

 

Um abraço do

Apolônio Lisboa

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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