Casamentos políticos imperfeitos

FÁBIO MITIDIERI E ANDRÉ MOURA

Um dos maiores opositores do governo atual, sem sombra de dúvidas, foi o ex-deputado André Moura, que nunca deixou de criticar Marcelo Déda, Jackson Barreto e Belivaldo Chagas. Isso a história não apaga. Nas últimas duas eleições, André Moura tratou o atual Governo de forma rude e os mais amenos dos adjetivos dedicados a Belivaldo eram incompetência e incapacidade.

Mas no ano passado, depois de várias reuniões, Fábio Mitidieri convenceu o governador Belivaldo a trazer esse ferrenho adversário político para a base aliada, em troca de uma secretaria importante deixada pelo PT e por duas dúzias de cargos. Mitidieri vislumbrava em André a possibilidade de agregar para si uma fatia da oposição e apostava que seu perfil político e influência lhe renderiam uma vaga no senado federal, sendo portanto um nome estratégico para o governo. André, por sua vez, montava seu time e base eleitoral dentro da administração.

Não contava Fábio que André, no ano seguinte, enfrentaria uma turbulência política e jurídica que o tiraria da disputa eleitoral. O impacto atingiu Fábio e seus planos políticos, que precisou recuar nas suas andanças e postagens com André pelo interior do Estado. A equipe de marketing e os mais próximos aconselharam o jovem Mitidieri a, naquele momento, imprimir um rápido e amigável divórcio político com André, sem desgastes para ambos os lados. Fábio teria que pedir perdão ao grupo de Belivaldo, que não apoiou o açodado casamento.

Cada um para um lado, foi melhor para os dois. Da parte de Fábio, vejo que emagreceu, clareou os dentes, pintou o cabelo, ficou bonito e popularizou o slogan: “Fala meu povo!!”. Começou a mostrar sua família, suas crenças religiosas, postar com os amigos que sempre o acompanharam, pousar de grande administrador e propagar seus projetos de governo. Enfim, acertou o passo, mostrando-se quem verdadeiramente é e apresentando-se ao povo sergipano como uma liderança política. Andou vestindo até sua velha, surrada e amada camisa do Botafogo. Parece mais feliz.

André, por outro lado, ainda enfrenta o fantasma da inelegibilidade graças a duas condenações no STF, mas não ficou por baixo. Levantou a cabeça e estreou um programa de rádio – talento herdado do velho e saudoso Reinaldo Moura. Afirma aos quatro cantos de Sergipe que pode ser candidato, visita suas lideranças e prefeitos com a mesma postura e firmeza política de sempre. Saiu do governo do Rio de Janeiro, montou o partido – União Brasil e vem tocando sua carreira solo. De diferente, apenas desistiu de ir para o Senado, optando pela Câmara Federal. Os mais próximos e articulistas políticos dizem que ele prepara o caminho para a filha Iandra Moura, pois seu registro de candidatura é quase impossível.

A separação consensual de Fábio e André foi de boas para ambos. Sem mágoas ou lamentos. O desgaste da precipitada união porém ainda é sentido pelo governo, que perdeu a oportunidade de ter uma escolha única para o governo e senado. Hoje, não sabemos quem é o pré-candidato a vice-governador e a vaga de senador do governo é disputada entre Jackson Barreto e Laércio Oliveira. Prejuízo incalculável.

ROGÉRIO CARVALHO E OS VALADARES

Em todos os cenários, seja nacional, estadual ou municipal, o PT e o PSB nunca se deram bem. Embora o primeiro (PT) seja de extrema esquerda e o segundo (PDB) de centro esquerda, ambos são opositores natos. Os dois podem ser comparados a um casal que tem problemas internos, não se suportam, mas são movidos por uma ilusão que os levam ao altar. Difícil essa relação ente as siglas partidárias.

O PT de Marcelo Déda foi obrigado a engolir o PSB de Valadares “Pai”, em sua primeira coligação, para chegar ao poder. Na época, o velho Valadares tinha uma força de leão e todas as suas exigências eram cedidas a contragosto pelos petistas. Assim eram feitas as alianças e, na hora de dormir, viravam de lados opostos, tolerando-se por anos em nome dos seus interesses. As brigas palacianas eram constantes, mas a força e integridade do partido sustentavam as aparências.

Os tempos mudaram. Desde o pedido de impeachmant da Presidenta Dilma Rousseff, a política nacional passou a ser exercida em pólos opostos, através de extremos ideológicos. A pandemia potencializou esse sintoma tóxico de amor e ódio dentro do celeiro político. Somos rotulados diariamente em esquerdistas ou direitistas. Lulistas ou Bolsonaristas. Os partidos políticos perderam sua identidade e sua expressão, tudo deságua na esquerda ou na direita, o meio foi abduzido por essa nova realidade política. Os antigos partidos agora são formados por grupos de políticos que os alugam. Foi dessa forma que o PSB se partiu de vez. Com as derrotas consecutivas para governo, senado, prefeitura de Aracaju (prefeito e vice), os Valadares perderam sua envergadura, sua sede, seu amor próprio. E o leão “Valadares” virou um gatinho que toma leite no pires do PT.

Para manter as aparências, o PSB teve que pedir outra chance matrimonial ao PT, que também estava sozinho. A carência é a mãe da roubada já dizia meu amigo Gutemberg. Sozinhos, PT e PSB não conseguiam aglutinar nem os partidos nanicos, alvos do senador Rogério Carvalho. Entre tapas e beijos e frases do tipo: “Cale a boca! Você está falando com um senador da República!” desenrola-se a relação dos dois colegiados políticos. E foi assim que os Valadares (Pai e Filho) se renderam ao grupo do PT comandado por Rogério.

As exigências de outrora foram transformadas em imposições que os “Valadares” aceitam para saciar a carência política de um partido mais que dividido pela falta de planejamento político e usado por anos para fins pessoais. O ex-governador, ex-senador, ex-prefeito, ex-deputado federal e estadual Antônio Carlos Valadares e seu filho, ex-deputado Valadares Filho, não mereciam as ardentes vaias dos petistas quando da visita de Lula ao Estado. Cristal quebrado não emenda jamais. Mas o casal resiste em nome da remota possibilidade de chegarem novamente ao governo, pois na conjuntura atual os Valadares não se elegem.

Já Rogério Carvalho só teve um grande amor na vida que foi Marcelo Déda. Déda o fez secretário de saúde e deputado federal. Agora, politicamente, não quer casamento político com ninguém, até porque ele próprio se basta, haja narcisismo. Inteligente, corajoso e sagaz, adota a política do “eu”, “eu” e “eu”. Rogério faz a política solo, com algumas participações especiais que, no caso concreto, são os Valadares. O PT de Rogério é só … apenas só…

… MIÚDAS

ANDRÉ DAVID (PR). O delegado está com a língua solta. Na semana passada, quando perguntado sobre o que acha da colega de trabalho Daniela Garcia, respondeu sarcasticamente: “Alessandro de calças!”. Quando perguntado sobre o delegado senador Alessandro, disse rindo: “Daniela de saias”. A resposta circulou como uma bomba na imprensa e, com certeza, ele terá a réplica dos colegas à altura da jocosa brincadeira. André David precisa saber que fazer política não é sair atirando nas pessoas e tornar-se justiceiro. Cautela e serenidade é o que mais se usa na “delegacia dos políticos”. Enquanto isso, Catarina Feitosa vem fazendo uma política leve e de qualidade para chegar na Câmara Federal. O fato é que, brincadeiras à parte, Alessandro Vieira tem sido uma derrota como senador para os sergipanos e Daniela Garcia ainda não mostrou seu plano de governo. Logo, fica difícil a eleição dos delegados. Muita polícia e pouca política!

PATO MARAVILHA (PL). Valdevan Noventa, na semana passada, recebeu em sua residência, em Umbaúba, diversos vereadores e lideranças da região centro-sul com a finalidade de declarar apoio à pré-candidatura ao deputado estadual do Pato Maravilha, irmão do prefeito Humberto Maravilha. Discursos inflamados, muitos fogos e animação marcaram a reunião que contou com a presença de amigos e correligionários das lideranças políticas.

ZEZINHO GUIMARÃES (PL). É um dos pré-candidatos a deputado federal que mais viaja para BSB em busca de apoio e do conhecimento político do presidente da sigla, Valdemar Costa. Zezinho enfrenta problemas na região que mais tem votos, pois o prefeito de Itabaianinha, ex-aliado, lançou a candidatura à federal do irmão Thiago de Joaldo e Valdevan Noventa tem um cautelar no STF que será julgada nos próximos dias. Muitos caciques para uma tribo (região) só.

CORONEL ROCHA (SEM PARTIDO). Na semana passada, antes da sentinela, o coronel resolveu se desfiliar do PMN e desistir da candidatura a senado. Segundo Rocha, sua desistência deve-se ao fato do presidente do PMN, César Cardoso, ter sido alvo de denúncias gravíssimas de filiados feitas ao MPF, o que nada tem a ver com sua pessoa. Mas, na verdade, o coronel viu que para a senatória já tinha muitas estrelas na disputa e ele estaria longe dessa constelação. Para não decepcionar, retirou-se do campo de batalha e continua trabalhando no “Estado Maior” para à reeleição do capitão Jair Messias Bolsonaro. Dessa vez a “rocha” cedeu.

LAÉRCIO OLIVEIRA (PP). Enquanto a “fumaça branca” não é vista no palácio Olímpio Campos, anunciando quem será o candidato do governo ao senado, Laércio observa os diagramas e conversas de pé de ouvido nos corredores palacianos. “Sei muito bem o meu lugar e o quanto posso contribuir no senado para meu Estado! Os sergipanos me conhecem e minha vontade é trabalhar mais por eles”, disse Laércio Oliveira depois que Jackson pediu um tempo para pensar. Laércio maduro e pronto! Jackson ainda nas aulinhas de inglês! Sucesso ou retrocesso? Pasmem!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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