Caso de política

O governador João Alves Filho (PFL), em uma de suas entrevistas que concedeu às emissoras de rádio, declarou que fazia política apenas três ou quatro meses a cada dois anos. Referia-se aos períodos eleitorais e ao mesmo tempo demonstrava que preferia cuidar da administração pública. Na realidade, o governador expõe certa impaciência para tratar de problemas políticos fora de época eleitoral. Prefere usar a equipe de auxiliares e técnicos para a execução de projetos que viabilizem o Estado, dentro do seu estilo de imaginar o desenvolvimento de Sergipe. Entretanto, como exerce um mandato político, sabe perfeitamente que esta dicotomia se torna impossível, até mesmo porque o próprio governador se declara um profissional da área e atua nela desde 1974, quando iniciou sua vida pública como prefeito de Aracaju.

 

Nos governos anteriores, principalmente de 1982 a 1986 quando exerceu o primeiro mandato, João Alves Filho dedicou-se mais à política e deu maior atenção ao grupo que sempre esteve ao seu lado, principalmente aos prefeitos do interior. Quando retornou em 1990 já implantou um estilo mais técnico e desmanchou uma atividade permanente em que vivia. Este terceiro mandato tem merecido uma série de reclamações de parlamentares, prefeitos e lideranças do interior, que não conseguem tratar sobre os problemas relacionados às bases políticas. Nas eleições municipais de outubro, João Alves Filho praticamente fez política nos dois últimos meses que antecediam ao pleito, o que não convenceu muito aos aliados do interior e da capital. Pessoas ligadas a ele desde quando se iniciou na vida pública, ainda hoje reclamam de reuniões para análise da situação política administrativa do estado e defendem a formação de um conselho amplo, onde as deficiências sejam analisadas, com solução imediata para não influenciar exatamente na questão política do grupo.

 

Em fevereiro acontece a eleição da mesa diretora da Assembléia Legislativa. E por mais que se ausente o executivo de fazer a Mesa da Casa, para não melindrar a força do outro poder, sabe-se que o presidente do legislativo sai de um consenso com o governador do estado e, geralmente, por indicação dele. Pelo quadro que se enxerga atualmente, o atual presidente, Antônio Passos (PFL), pretende a reeleição e tem a simpatia do Palácio dos Despachos. Como a oposição reconhece que não tem condições de entrar na briga pela disputa na mesa, participa das conversas para influenciar numa posição que seja contrária ao que determina o governador. Hoje existem nove deputados que fazem oposição ao Governo, o máximo que essa minoria pode conseguir e se aliar a algum rebelde em troca de boas posições na mesa diretora.

 

Isso, inclusive, aconteceu em 1988, quando o então deputado Reinaldo Moura elegeu-se presidente da Assembléia Legislativa, contra o candidato indicado pelo Governo, deputado Ulices Andrade, com a formação de uma chapa em que cedeu os melhores lugares para membros da oposição.

 

Embora segmentos políticos do Governo não estejam percebendo – ou fingindo que – há descontentes dentro da Assembléia Legislativa, com os resultados das eleições municipais deste ano. Os nove deputados da oposição já estão sendo ligeiramente conversados para uma tomada de posição que eleja um nome que não seja o de preferência do Palácio dos Despachos. É absolutamente verdadeiro que cinco deputados estaduais estão dispostos a contrariar o Governo, porque estão ressentidos com as eleições em seus municípios e regiões. Juntos com os nove da oposição formam quatorze parlamentares e já existe um outro nome, entre os que se mantêm ao lado do Governo, que está sendo seduzido a compor o grupo, com a oferta do mandato de presidente. A chapa de unidade do governo perderia por um ou dois votos na frente. Isso não é especulação. Está sendo costurado, com a participação de um grupo forte de parlamentares e vem deixando segmentos da oposição animados com a possibilidade de sentar à Mesa.

 

Apenas um detalhe que vai sinalizar para a realidade desse processo: um parlamentar vinculado ao governo entregará cargos sob sua responsabilidade, sem perder o vinculo com o Governo.

 

FONTES

O deputado federal João Fontes revelou que está ingressando no PDT para fazer uma composição com o PPS, que está rompendo com o Governo Lula. Os dois partidos discutem, inclusive, a fusão e o presidente do PPS, Roberto Freire espera que a nova sigla tenha força de atração para juntar incomodados do PT.

 

BRASÍLIA

No próximo dia 9, em Brasília, haverá uma movimentação municipalista, comandada pela Frente de Prefeitos das Capitais e cidades de grande porte. Os prefeitos querem o retorno da discussão de alguns processos em andamento. Lá estará o vice-prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB).

 

EMENDA

O deputado José Carlos Machado (PFL) apresentará emenda ao Orçamento Geral da União para garantir, no mínimo, R$ 500 milhões para revitalização do rio São Francisco. Machado também está fazendo contatos com outros parlamentares, para evitar a execução do projeto de transposição do São Francisco, como quer o Governo Lula.

 

NACIONAL

O deputado Augusto Bezerra (sem partido) quer uma campanha nacional contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco. Sugere aos deputados estaduais que façam contatos com parlamentares de outros estados, pedindo apoio para a campanha de revitalização do São Francisco.

 

DESFILIAÇÃO

O deputado Augusto Bezerra já pediu a desfiliação do PMDB, quinta-feira, e ontem mandou pegar todos o material que estava em seu gabinete. Augusto estava respondendo a processo na comissão de ética do partido e poderia ser expulso. Com a desfiliação a ação se extingue.

 

PARTIDO

Augusto Bezerra ainda não decidiu por outro partido, mas ficará em uma legenda da base aliada do Governo. O deputado foi convidado para ingressar no PFL, mas vai sua base e tomar uma decisão em conjunto sobre o novo rumo a seguir.

 

CONTRA

Três deputados estaduais teoricamente ligados ao governador João Alves Filho (PFL) estão trabalhando nos bastidores contra o Governo. Esse trabalho vai aparecer, mais acentuadamente, durante as eleições para presidente da Mesa Diretora, em janeiro.

 

VINCULO

Não existe um vínculo político direto entre o grupo hoje liderado pela prefeita eleita de Itabaiana, Maria Mendonça (PSDB), com o prefeito Marcelo Déda (PT). O grupo político de Maria Mendonça está na oposição ao Governo, mas ainda tem ligações com o ex-governador Albano Franco (PSDB).

 

EDUARDO

A prefeita eleita Maria Mendonça também não fechou nenhum acordo com os Amorim, para apoiar Eduardo Amorim (PFL) para deputado federal. Se esse apoio vier a acontecer, numa composição para eleger José Mendonça para deputado estadual em 2006, será por questão de momento.

 

BOLSA

A Bolsa Família não teve problemas em Aracaju. Apenas dois casos foram registrados: Um deles o cidadão entrou com queixa no Ministério Público reivindicando mais de R$ 30,00. O outro, foram dois chefes de família que devolveram os cartões do Bolsa Família, porque consideraram que tinham renda suficiente para dispensá-los.

 

VIAGEM

O prefeito Marcelo Déda vai se afastar do país. Viaja a Holanda na próxima semana para ver um projeto de reciclagem do lixo naquele país. Marcelo Déda também participa de um seminário sobre responsabilidade social corporativa. Aproveita para visitar outros paises.

 

RELATÓRIO

O governador João Alves Filho reuniu-se com secretários da cúpula, ontem, no final da tarde, no gabinete da Codise. Apesar de se manter informado sobre as coisas de Sergipe mesmo estando na Europa, o governador recebeu alguns relatórios dos auxiliares.

 

MUDANÇAS

Quanto às mudanças na equipe do Governo, por enquanto tudo é especulação. Entretanto, é verdade que em janeiro o governador João Alves Filho pretende acelerar a máquina. O próprio governador disse para um político aliado que só ficará com ele quem demonstrar o mesmo fôlego administrativo que ele tem, com obrigatoriedade de vestir a camisa do governo.

 

ALMEIDA

O senador Almeida Lima (PDT) garante que não existe nada certo para sua filiação no PSDB e diz que não conversa com senadores tucanos há alguns dias. Almeida, entretanto, não desmente as notícias sobre seu pouso no ninho tucano, que estaria marcado para os próximos 15 dias.

 

Notas

 

DIÁRIAS

Os policiais militares já estão cobrando, com antecedência, as diárias para o Pré-Caju 2005, que acontecerá a partir de 13 de janeiro. Eles se reuniram esta semana para discutir o assunto, que consideram importante para a realização de um trabalho de segurança de grande porte, já que reúne milhares de pessoas. Segundo informação de um policial, recentemente os agentes da Polícia Federal só foram trabalhar nas eleições municipais, depois que as diárias estavam depositadas. “é muito difícil receber depois do evento”, disse o policial.

 

AGENDA

O presidente da Associação Beneficente da Polícia Militar, capital Chaves, avisou que haverá uma reunião com o deputado Fabiano Oliveira, que é um dos promotores do Pré-Caju, para tratar da questão da diária. Será entregue a relação dos nomes dos policiais que vão trabalhar durante e antes da festa. O capitão Samuel ficou responsável pelo agendamento da reunião, embora esse problema da Polícia Militar, que é a responsável pelo pagamento das diárias. A interferência de Fabiano é pequena para resolver essa questão.

 

REFORMA

João Daniel Samariva, um dos coordenadores do Movimento dos Sem Terra em Sergipe, disse que, embora o estado tenha proporcionalmente o maior número de acampamentos do país e um dos melhores potenciais agrícolas do Nordeste, a falta da força política motivou a paralisação do processo de reforma agrária. O MST tem hoje 108 acampamentos com um total de 14.700 famílias em 40 municípios sergipanos. Estão nos 115 assentamentos seis mil famílias, 300 das quais assentadas no Governo Lula, mas a reforma não evoluiu.

 

É fogo

 

O deputado Jorge Alberto (PMDB) mantém a sua preocupação com a recuperação da BR-101, trecho Aracaju/Areia Branca.

 

O deputado Jorge Alberto insiste que é preciso solucionar o problema junto ao TCU urgente para que haja solução do problema.

 

O Tribunal de Contas da União também encontrou excesso na altura da ponte que liga Barra dos Coqueiros a Pirambu.

 

Os deputados continuam se movimentando, nos bastidores, para a formação da mesa da Assembléia Legislativa, para o biênio 2005/2007.

 

Mesmo que esteja negando articulações, tem muita gente conversando sobre a eleição da mesa diretora da Assembléia.

 

A discussão se acendeu depois que presidente Antônio Passos apresentou resolução antecipando as eleições da mesa.

 

A cidade só voltará à normalidade na próxima quarta-feira. Muita gente aproveitou para viajar no feriadão e a cidade praticamente fica vazia.

 

O deputado Mardoqueu Bodano (PL) é contra a transposição das águas do São Francisco, sem fazer a revitalização do rio.

 

Mardoqueu Bodano acha imperativo garantir a sobrevivência de milhões de nordestinos e de mineiros que dependem do rio São Francisco.

 

O governo central obteve um superávit primário de 4.682 bilhões de reais em setembro, frente ao saldo positivo de 3,548 bilhões de reais no mês anterior.

 

O Bradesco diminuiu as projeções para o aumento de sua carteira de crédito em 2004. O banco trabalha com projeção de crescimento entre 20% e 22% até o final do ano.

 

O Banese está realizando até o dia 30 de dezembro, o curso Dicas para Vestibular, voltado para funcionários, filhos de funcionários e demais colaboradores.

 

brayner@infonet.com.br

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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