Quem me fez o convite foi o mano Marcos Prado. Possuía ele um convívio mais próximo com José Hamilton, alagoana de Pão de Açúcar, que um dia havia sido dentista, depois se estabelecido médico psiquiatra em nossa terra e que resolveu se candidatar à presidência da Sociedade Médica de Sergipe, naquele ano de 1985. Havia uma grande dificuldade em formar uma chapa de oposição. Os colegas não se entusiasmavam a participar dessas coisas, até mesmo porque a entidade estava completamente desacreditada, as diretorias que se sucediam lutavam simplesmente para manter suas portas abertas, mas nada ofereciam, nem podiam, em benefícios para a categoria. Na verdade, não foi um convite, foi uma convocação. Seria eu o orador.
O cargo de orador era o último na hierarquia da diretoria e ainda estava disponível. No princípio relutei. Eu, como orador, iria fazer o quê?
Zé Hamilton havia passado pelo comando do CREMESE – Conselho Regional de Medicina de Sergipe,onde fez profícua administração, estando pois estimulado a participar do processo de recuperação da Sociedade Médica, a mais antiga instituição de classe ainda em atuação em Sergipe.
Gravura antiga com médicos atendendo uma paciente. |
O que parecia uma transição tranqüila no entanto transformou-se numa contenda eleitoral memorável, porque a situação lançou também uma chapa, encabeçada por nome de prestígio: Fernando Maynard, urologista e professor da disciplina de urologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe. Fernandinho, como era mais conhecido, de temperamento forte e impetuoso, montou uma chapa para vencer a eleição. Antes ninguém queria assumir compromissos, agora duas chapas lutavam pelo comando da entidade.
Pois bem, encerrada a votação passou-se de imediato à apuração dos votos, que transcorreu na mais absoluta tranqüilidade, sendo o processo comandado pelo colega Orlando Souza Pinto, que apoiava o candidato da situação, mas que teve na ocasião uma conduta irrepreensível, correta e serena.
Vencemos a eleição. José Hamilton Maciel Silva era o Presidente eleito da Sociedade Médica de Sergipe tendo Marcos Prado como seu vice. E lá estava eu, sem saber o que fazer, começando a minha vida associativa, como um “orador” completamente desqualificado, sem mérito para a função. E ao lembrar que este cargo havia sido ocupado no passado por figuras do porte de Garcia Moreno, Aírton Teles, Antonio Garcia entre outros, vocês não imaginam o arrepio. Não restava outra opção senão arregaçar as mangas e partir para a luta e foi o que fizemos. Mas essa é uma outra história, que contarei na próxima semana.