CICLOS QUE SE INTERCALAM E SE SUCEDEM

                                                                                                                      “Quem começa e não acaba, vira pau de guabiraba, quem  acaba o que não começa vira pau de travessa”.
Ditado popular usado pela minha mãe lá no Canto do Amaistempo.

 

Todos nós deveríamos estar conscientes de uma verdade imanente e absoluta: a vida é caminhada para frente, seu giro aponta para o infinito; é sempre ida, nunca volta; é sempre guiada para o fim.

Deveríamos, também, estar cientes de que a nossa existência é formada por ciclos; ciclos que se intercalam e se sucedem e que quase sempre não se fecham.

O ciclo maior inicia-se quando nascemos e termina, logicamente, quando morremos, – do berço ao túmulo, como disse William Blake. Este ciclo sempre se fecha. Não há como desistir dele, como burlá-lo, como enganá-lo, como negligenciá-lo, ele sempre termina.

No entanto, intercalado a este ciclo maior, existem muitos outros que deveriam ser observados com um pouco mais de cuidado, com mais atenção, tratados com mais carinho e respeito e, sobretudo, deveriam ser concluídos, fechados, pois ciclos que não se fecham deixam marcas que, às vezes, não dá mais para reparar lá na frente.

O bom seria não queimar etapas, cada ciclo deveria seguir a lógica: início, meio e fim. Sabemos que, infelizmente, não é bem assim que acontece: somos muito bons de iniciativas, poucos diligentes com o processo de construção e, sobretudo, muito ruins de acabativas.

O ciclo maior, que demarca toda a existência, nós já vimos, é inalterável, ou melhor, é quase inalterável, pois, até esta lei natural, nós, lamentavelmente, conseguimos encurtá-la fechando o ciclo antecipadamente, graças, a estes momentos de violência, de impunidade, de intolerância e, sobretudo, de desamor.

Não é difícil constar que muitas vidas têm o seu tempo encurtado nesta estrepitosa e insana guerra pela qual atabalhoadamente passamos; uma guerra declarada em que saímos de nossas casas para o trabalho ou para nos divertimos, sem nenhuma garantia e, voltamos, muitas vezes, sobreviventes, como os soldados que voltam do “front”.

A violência, a falta de respeito, a indisciplina o pouco valor dado à vida: drogas, álcool, direção perigosa, imprudência, criminalidade, desatenção, falta de cuidado, aventuras desnecessárias abreviam, dolorosamente, o fechamento antecipado de muitos ciclos e, isso acontece todos os dias nos subtraindo de forma prematura, vidas daqueles que nos são tão caros.

Os outros ciclos, porém, podem ter vários destinos e, há oportunidades em que eles, sequer, nascem ou surgem natimortos, iniciam-se e logo em seguida são abandonados, não se concluem, ficam para sempre abertos, adiados “sine die”, e  aquilo que deveria terminar redondo, obedecendo a lei natural da existência, não se completa.

Exemplo de ciclos que se intercalam e se sucedem: se começarmos pelas  fases da vida temos: infância, juventude e fase adulta; estes ainda se dividem em ciclos menores: recém-nascido/lactente de zero a três anos; da primeira infância, dos três aos seis anos e, segunda infância, dos sete aos doze anos; daí em diante a adolescência…, isso se seguirmos a teoria piagetiana.

E os ciclos se sucedem, todos muito importantes para a vida do ser humano e da sociedade como um todo, são decisivos para o futuro de uma pessoa, de uma comuna de uma nação e para o mundo, se não se fecham, os resultados são desastrosos.

Porém, convenhamos, infelizmente, torna-se fácil constatar falhas generalizadas, por absoluta ignorância, preguiça (comodismo) e falta de persistência (falta de boa vontade).

Mas, a vida continua e outros ciclos acontecem: Namoros, noivados, casamentos; ciclos escolares, religiosos, sentimentais, profissionais, sociais: amizades, viagens, empregos, iniciativas… Quantas dessas jornadas se fecham? Namoros, casamentos e filhos, cursos, empregos, empreitadas, então, são verdadeiros desastres.

Ciclos que não se fecham, toldando toda a trajetória de uma, duas ou mais pessoas.

Deveríamos ser mais cautelosos, deveríamos cuidar mais para que os projetos, às vezes, iniciados com tanta pompa, não minguassem durante o processo de execução, como sói acontecer, até se perderem numa interjeição qualquer. Ah, deixa pra lá!

Os ciclos deveriam ser sagrados, convergentes, quando iniciados, deveriam seguir sempre melhorando, maturando com o tempo, para um resultado saudável e, ao final, concluídos, fechados, pois ciclos que não se fecham sempre causam prejuízos, às vezes não perceptíveis de imediato, porém, lá no futuro, essas inconclusões se pronunciam, causando seus estragos, denunciando falha, reclamando persistência e fazendo cobranças.

Quantos projetos interrompidos, quantas etapas queimadas, quantos relacionamentos falidos, quantos livros não lidos, quantos filhos abandonados, quantas dietas não realizadas, quantas aulas gazeadas, quanto tempo perdido na busca de satisfação imediata que em nada acrescenta, pois, acreditam: “tenho todo o tempo do mundo para recuperar”. Não, amigo, você, nem eu, nem ninguém dispõe de tempo extra para recuperar. Perdeu, perdeu. Passou, passou. O que vier a partir daí é recuperação capenga, é remendo, que não fecha ciclos e não preenche as lacunas da sua inércia pretérita.

A recomendação é: que tal fazer certo da primeira vez?
Fechar um ciclo e partir para outro? Muito melhor, não é mesmo?
Vamos experimentar?

Comece por experimentar acabar com aquele projeto que começou, seja persistente, seja bom de iniciativa, mas, seja melhor ainda, de acabativa. "quem começa e não acaba, vira pau de guabiraba" Quem termina o que começa fecha o ciclo, realiza a tarefa, conclui o processo e consegue a vitoria e não vira pau de guabiraba. (o que é isso mesmo, hem?!)

PENSE NISSO!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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