Sem ódio, mas também sem medo

Blog Cláudio Nunes: a serviço da verdade e da justiça

 “O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

 

Sem ódio, mas também sem medo

Por Padre Zezinho

“Eu te peço com insistência:
proclama a palavra,
insiste oportuna ou importunamente, quer agrade ou desagrade , argumenta, repreende, aconselha, com toda paciência e doutrina”. Paulo a Timóteo!

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Paulo via nas suas comunidades que havia e haveria os contras, os criadores de caso, os que achavam que a fé em Jesus tinha que ser do jeito deles.
Então, recomendou ao jovem bispo Timóteo que não se deixasse levar pelos contras ! Moisés também teve que bater de frente com Datan , Abiran e Coré. Eles se separaram e levaram comigo um grande número de Anti Moisés. Queriam voltar para o Egito. Nunca chegaram. Moisés continuou a travessou o deserto!
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Paulo era criticado e ameaçado porque os anti Paulo garantiam que ele pregava um evangelho que não era o de Jesus.
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Hoje Papas, cardeai , padres, teólogos, catequistas sempre dão um jeito de deturpar qualquer atualização da Igreja. São os contra tudo. Se não for do jeito deles, eles detonam!
Muitos não lerão nem a DILEXIT NOS, nem a DILEXIT TE, porque acharão que Francisco e Leão XIV foram longe demais na preferência pelos pobres! Ou não divulgarão, ou usarão os trechos que com os quais concordam.
Aliás, já estão deturpando as palavras do novo Papa. Uma exortação “sobre o amor para com os pobres ?“ Isto não é divisão? … Então ele vai apoiar essa divisão?…
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Na verdade o Papa Leão XIV está ensinado catequese a todos os católicos sobre as prioridades da nossa Igreja. Ora, Jesus nos mandou SALVAR ALMAS, e isto incluía e inclui SALVAR quem mais precisa! Em todos os sentidos das palavras LIBERTAR E SALVAR
Aí entra a catequese judaico-cristã dos GO-EL: a dos que só são lembrados por Deus, porque os poderosos nunca se lembram deles.
A parábola do bom samaritano, incomodava os fariseus do tempo de Jesus e incomoda os fariseus atuais. Escreva e logo aparecerão os “contra” …

Fariseu é um sujeito que se coloca à parte. Acha que está sempre certo e que os outros é que devem se converter, porque ele já se converteu e já achou JESUS !…

 

 Ponto facultativo Os servidores do Governo do Estado, especialmente os que não integram o quadro dos serviços essenciais, estão de folga por conta do Dia do Servidor Público, celebrado amanhã, 28, mas foi transferido para hoje, 27, como forma de esticar o fim de semana. Lembrando que os serviços essenciais, como saúde e segurança pública, além dos restaurantes Padre Pedro, funcionam normalmente.

A Gestão Fiscal de Sergipe: Sucesso a que Custo? A Outra Face da Moeda: sacrifício de servidores  e prestadores. No Dia do servidor público, amanhã, 28, blog começará a desnudar a gestão da Sefaz – SE. Todos secretários vão para o sacrifício financeiro, mas a secretária Sarah, não faz o dever de casa. Um diagnóstico profundo do engessamento…

 Obras em Canhoba Durante o ‘Sergipe é aqui’ em Canhoba, o governador Fábio Mitidieri autorizou a pavimentação asfáltica e granítica de 11 mil metros quadrados de ruas, além da elaboração do projeto executivo para implantação do trecho rodoviário de acesso ao povoado Borda da Mata, com extensão de 7km. Na oportunidade, ele acompanhou as demais obras de pavimentação granítica e asfaltica, com investimento de R$ 3,3 milhões, citou a elaboração do projeto para construir um ginásio poliesportivo e reforma do clube municipal, bem como lançou o programa Conserva-SE, iniciativa voltada ao fortalecimento da gestão e à recuperação das Unidades de Conservação, restauração florestal e arborização dos 75 municípios do estado.

 

 

 

 

 

 

 

André Moura participa de festas pelo Mês das Crianças em Aracaju e municípios sergipanos No último sábado, 25, foi de festa e muita animação em várias regiões de Sergipe. O Dia das Crianças foi celebrado com eventos promovidos por lideranças políticas que reuniram famílias em momentos de lazer e confraternização, com a presença do pré-candidato ao Senado André Moura em todas as celebrações. No Marcos Freire II, o vereador Heitor comandou a Festa das Crianças, levando diversão, brinquedos e apresentações culturais para o público.

Tradição  No bairro São Conrado, o vereador Joaquim do Janelinha organizou o tradicional Dia das Crianças do São Conrado, com parque infantil, lanches e sorteios que animaram a comunidade. O projeto FelizCidade, projeto realizado pelo mandato da deputada federal Yandra Moura com parceria e apoio de André, sob a coordenação de Abelardo Neto, tomou conta do Bairro América com brincadeiras e atividades recreativas. No Bugio, a liderança Nolet também promoveu uma grande comemoração, reunindo famílias em um ambiente de alegria. As comemorações das crianças nos bairros deixaram um saldo de muita alegria e participação popular. Em cada local, o clima foi de união e gratidão também com famílias e lideranças celebrando juntas. A presença de André Moura nas ações fortaleceu o vínculo é demonstrou sintonia com as comunidades sergipanas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Laranjeiras: Juca inaugura Centro de Cultura Horácio Hora O Prefeito de Laranjeiras, José de Araújo Leite Neto (Juca), acompanhado de autoridades locais e do Secretário de Estado do Turismo, Marcos Franco, inaugurou na última sexta-feira,24, Dia da Sergipanidade, o Centro de Cultura Horácio Hora, que tem como destaque principal a obra Madona, pintada em Paris, em 1887, três anos antes da sua morte em 1890. O espaço localizado no Bureaux de Informações Turísticas, no município histórico, também conta com réplicas de outras obras do artista laranjeirense, que viveu a infância e a adolescência em Laranjeiras e, aos 22 anos, foi aprimorar suas habilidades artísticas na capital francesa. 

 Privilégio O curador Marchand, Eduardo Paixão, destacou que: “os laranjeirenses hoje têm o privilégio de ver e apreciar obras de um artista que levou o nome de Laranjeiras e de Sergipe para a Europa. Sem dúvida, Horácio Hora inspirou tantos outros pintores, não só em Sergipe, mas no Brasil e no mundo. Portanto, ter uma obra original de Horácio Hora na sua terra natal é uma conquista histórica Por isso, só temos que enaltecer a sensibilidade de uma gestão que incentiva a valorização das suas personalidades ilustres e da identidade cultural de uma cidade tão rica em belezas naturais, arte e cultura”, disse.

 Cidade-referência em arte e cultura O Secretário Municipal de Cultura, Leomax Célio ressaltou que, com a inauguração do Centro Cultural, Laranjeiras reafirma a importância de ser uma cidade-referência em arte e cultura, não só em Sergipe, mas em todo Brasil. “Laranjeiras já é conhecida pelas suas belezas naturais, diversidade de arte e cultura, mas, agora, com este centro cultural dedicado a um artista de renome mundial e filho desta cidade, reafirmamos o compromisso de valorização e preservação da nossa identidade. Contudo, Laranjeiras ganha um templo, que é um convite à inspiração para novas gerações”, destacou.

 Pertencimento O prefeito de Laranjeiras, José de Araújo Leite Neto frisou que a inauguração do Centro Cultural não é somente uma obra entregue à população, mas um espaço para aproximar os laranjeirenses do mundo das artes e da cultura. “Cada obra em Laranjeiras não é só concreto, mas traz um sentimento de pertencimento e responsabilidade social. Nesta, por exemplo, fizemos a aquisição de uma obra de arte original de uma artista local, que levou ao mundo o nome da nossa cidade e do nosso estado. A partir disso, pensamos neste centro para enaltecer as obras e o artista tão grandioso, que é Horácio Hora. Já temos aqui um monumento com os restos mortais, mas isto ainda não era suficiente. Dessa maneira, hoje fazemos uma homenagem mais do que justa e isso vai inspirar gerações futuras”, reafirmou o prefeito.

Conexão CNM chega a Sergipe com apoio da FAMES e foco nos gestores municipais A Confederação Nacional de Municípios (CNM) realizará, nos dias 4 e 5 de novembro, a edição sergipana do Conexão CNM, um dos maiores eventos municipalistas do país. O encontro acontece no Centro de Convenções AM Malls Sergipe, em Aracaju, com credenciamento a partir das 7h45, e conta com o apoio institucional da Federação dos Municípios do Estado de Sergipe (FAMES).

Conhecimento e orientação O Conexão CNM é uma iniciativa que percorre diversas regiões do Brasil, levando conhecimento técnico e orientação prática aos gestores municipais. Destinado a prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, secretários e servidores públicos, o projeto tem como propósito fortalecer a gestão pública e aproximar a CNM das realidades e demandas dos municípios.

 16 áreas temáticas Em Sergipe, a programação contemplará 16 áreas temáticas, entre elas: Espaço para Prefeitos(as) e Vices; Espaço para Vereadores(as); Assistência Social; Saúde; Educação; Finanças; Jurídico; Previdência; Cultura e Segurança Alimentar; Contabilidade; Desenvolvimento Rural; Habitação; Transporte e Mobilidade; Saneamento; Captação de Recursos e Emendas Parlamentares; e Terceiro Setor. A iniciativa é estruturada em três grandes eixos: Imersão, Qualificação e Mentoria, que promovem uma jornada de aprendizado contínuo. Durante o evento, os participantes terão acesso a palestras, arenas técnicas, mentorias e cursos práticos, com carga horária média de 12 a 15 horas/aula.

Fortalecimento das gestões A presidente da FAMES, Silvany Mamlak, destaca a relevância do evento para o fortalecimento das gestões municipais de Sergipe: “O Conexão CNM é uma oportunidade de aprimorar a gestão pública e capacitar nossas equipes. A FAMES tem orgulho de apoiar essa iniciativa, que traz a experiência da CNM diretamente para o nosso Estado e contribui para o desenvolvimento dos municípios sergipanos”, pontuou.

Inscrições gratuitas As inscrições são gratuitas para municípios filiados à CNM e podem ser feitas no site oficial do Conexão CNM. Os inscritos devem escolher uma única temática e, ao final do evento, receberão certificado de participação, mediante presença mínima de 80%. Após o encontro, os participantes também poderão integrar sessões de mentoria on-line com especialistas da CNM, fortalecendo o aprendizado e a troca de experiências.

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OPINIÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vladimir Herzog, 50 anos depois (1975-2025) Por Gilfrancisco*

 

 

 

 

 

 

 

Esse artigo, foi publicado originalmente na edição, nº 1177 de 31 de outubro a 6 de novembro de 2005, no Cinform a pedido do Editor Jozailto Lima, com o título de A sangue quente. Em 25 de outubro de 1975, Herzog foi torturado até a morte nos porões da ditadura que assolava o Brasil naquele período. Agora 50 anos depois, hemenageia-se sua memória com uma série de celebrações em São Paulo, além da entrega do Prêmio Vladimir Herzog de jornalismo. A TV Cultura exibirá o documentário inédito “A vida de Vlado – 50 anos do caso Herzog” no dia 25 de outubro às 23 h. O longa metragem estreia na 6ª feira (24.10.25), na 49ª Mostra Internacional de Cinema, às 19 h. na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

Jornalista e professor universitário da USP, Vladimir Herzog, nasceu, na Iugoslávia, atual Croácia em 37, chegando ao Brasil aos 9 anos, com os pais Zigmundo e Zora Herzog fugindo do nazismo que assolava a Europa, se naturalizou brasileiro na década de 40. Começou a carreira de jornalista em 59, em O Estado de São Paulo. Em 65, foi para Londres onde trabalhou como produtor e locutor na BBC.

De volta ao Brasil, trabalhou 5 anos como editor cultural da revista Visão. Em 73 passou a trabalhar como secretário de telejornalismo do jornal “A Hora da Notícia” da TV-Cultura. Em 75, Herzog foi indicado por Fernando Pacheco Jordão, companheiro no curso que fizeram em Londres, para   assumi o cargo de diretor do Departamento.

Segundo Fernando Pacheco, em seu livro O Dossiê Herzog, “pelo menos um mês demorou a formalização de um contrato entre Vlado, assim chamado por amigos e familiares, e a direção da TV Cultura, o tempo que talvez tenha sido gasto nas consultas ao SNI a que se referiu o governador Egydio após a morte do jornalista”. Herzog apresentou à TV Cultura um projeto inteligente e importante, visando a mudança na programação de toda a linha da emissora, cujos pontos básicos Fernando resumiu em seu livro.

Ao assumir o telejornalismo da Cultura, Herzog era o alvo principal de uma campanha de delação promovida pelo jornalista Cláudio Marques.  Foi ele quem denunciou um documentário da agência Visnews, exibido no jornal por coincidência no dia em que Vlado tomou posse, como um filme que “fazia a apologia do Vietcong”.

Na noite de 24 de outubro de 75, depois de fechar o jornal noturno da emissora, Herzog, foi ao prédio do DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) do II Exército, para prestar esclarecimento sobre sua atividade política e sua ligação com o PCB. Foi a última vez que foi visto com vida.

Seu corpo encontrado em uma das celas do temido aparelho repressivo e apresentado à imprensa pendurado em uma grade pelo pescoço por um cinto no dia seguinte (25). Uma incoerência sobre o ocorrido é que a grade era mais baixa que a altura do jornalista. Mesmo assim, a versão oficial era de suicídio. Os laudos periciais do cadáver, exame de corpo de delito e exame de documento (grafológico) constaram como provas nesse IPM. Seu resultado, divulgado a 20 de dezembro, consta de uma tese apoiada pelo IPM, apresentada em 1ª nota oficial do II Exército, constatando que Vlado teria se suicidado com a tira de pano do macacão de prisioneiro que vestia. Mas o médico-legista Harry Shibata admitiu haver assinado em confiança, sem examinar o laudo cadavérico.

A morte de Herzog foi um marco na história da ditadura, que durou de 64 a 85, a partir da qual o regime começou a sentir solavancos em seus alicerces e a dar os primeiros sinais de esgotamento. Anos depois, em 85, o jornalista Paulo Markun ouviu estas palavras do ex-governador Egydio, a respeito do afastamento do comandante Ednardo d’Ávila Melo:

É preciso que se diga: pela primeira vez, em toda a história do Exército brasileiro, um general-comandante foi destituído. O único caso anterior era de um major, não de general de quatro estrelas, durante a Segunda Guerra, na Itália. O ato do presidente Geisel foi um dos mais graves na história do Exército brasileiro: ele destituiu um general-comandante de quatro estrelas. Evidentemente, o general Ednardo pediu a sua passagem para a reserva.

Portanto o fim de Herzog aos 38 anos nas dependências do DOI-Codi foi em decorrência de torturas, como disseram outros presos, que afirmaram ter ouvido os seus gritos. Em 7 de novembro, logo após o assassinato de Herzog, o jornalista Rodolfo Konder, diz que:

 No sábado pela manhã, percebi que Vladimir Herzog tinha chegado. Vladimir Herzog era muito meu amigo, nós comprávamos sapatos juntos, e eu reconheci pelos sapatos. Algum tempo depois, Vladimir foi retirado da sala. Nós continuamos sentados lá no banco, até que veio um dos interrogadores e levou a mim e ao Duque Estrada a uma sala de interrogatório no andar térreo, junto à sala em que nós nos encontrávamos. Vladimir estava lá, sentado numa cadeira, com o capuz enfiado, e já de macacão. Assim que entramos na sala, o interrogador mandou que tirássemos os capuzes, por isso nós vimos que era o Vladimir, e vimos também o interrogador, que era um homem de 33 a 35 anos, com mais ou menos um metro e setenta e cinco de altura, uns 65 quilos, magro mas musculoso, cabelos castanhos claros, olhos castanhos apertados e uma tatuagem de uma âncora na parte interna do antebraço esquerdo, cobrindo praticamente todo o antebraço. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quatro dias após sua morte, o SNI, chefiado na época pelo general João Batista de Figueiredo, divulgava uma nota:

Por que não considerar que, uma vez tendo-lhe sido impossível negar sua ação contra o regime democrático, o jornalista não se suicidou consciente de que a agitação nacional e internacional que se seguiria fosse, talvez, o último grande trabalho que prestaria ao partido?

 Nem mesmo a palavra “nota oficial” pôde constar da transmissão desta notícia, na mesma noite, pelo Jornal Nacional para uma audiência ainda chocada com os acontecimentos de São Paulo.

A morte de Herzog provoca grande indignação em São Paulo, principalmente na classe média profissional e na igreja. O cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo; o reverendo James Wright, pastor presbiteriano; e os rabinos Henry Sobel e Marcelo Ritner celebram no dia 31 de outubro, ato ecumênico na Praça da Sé. Apesar de não haver conflitos, foi um dos mais contundentes protestos contra a ditadura, onde reuniu cerca de 10 mil de pessoas sob intensa vigilância policial, apesar das tentativas de bloqueio ao acesso.

O presidente Ernesto Geisel (1974-1979) ameaçou punir os militares envolvidos no episódio, mesmo assim, meses depois, em 17 de janeiro de 76, em circunstâncias semelhantes, o DOI-Codi fez nova vítima: o metalúrgico Manoel Fiel Filho, morto durante interrogatório. Desta vez, o comandante do II Exército, general Ednardo d’Ávila Melo, foi demitido por Geisel que sofria oposição feroz da linha dura. Nos dois casos, o comando do II Exército divulgou a versão de suicídio, sem convencer a opinião pública.

Tais episódios talvez passassem despercebidos alguns anos antes, mas o fim da censura à imprensa vinha desaparecendo desde o início de 75, anistia aos exilados políticos, a decisiva atuação da Igreja na denúncia dos crimes e a oposição de Geisel contra o prosseguimento das práticas de tortura pelo exército acabaram criando um clima de duplo confronto: da sociedade civil contra o governo e do presidente contra a linha dura representada pelo general Ednardo, responsável pelas mortes. Porém, o principal choque envolvendo Geisel e a linha dura que se opunha à abertura ocorreu quando das primeiras discussões em torno da sucessão presidencial, em 1977.

O fato amplamente divulgado pela imprensa (beneficiada pelo abrandamento da censura desde o início daquele ano), deu início à retomada dos movimentos de contestação que exigiam a redemocratização do país. Esses episódios aceleraram o processo de desgaste da ditadura e provocaram o afastamento dos militares mais radicais – os chamados “linha-dura”.

Os estudantes reconstruíram suas entidades (UNE, UEFs, grêmios), que haviam sido fechadas pela ditadura nos anos 60. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, Comitê Brasileiro pela anistia, Associação Brasileira de Imprensa e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tornaram-se cada vez mais atuantes.

Por fim, em outubro de 1978, o Juiz Márcio José de Morais, da 7ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, deu ganho de causa à família Herzog, responsabilizando a União pela prisão ilegal, pelas torturas e morte do jornalista, nas dependências do DOI-Codi, no dia 25 de outubro de 1975. O Juiz determinou também que a Justiça Militar apure todas as torturas sofridas por vários jornalistas e que são mencionados nos atos do processo.

Diante de fatos e das provas, o juiz concluiu primeiramente que Herzog estava preso nas dependências do DOI-Codi e faleceu nessas condições. Na sua sentença o juiz concluiu também que o jornalista estava preso ilegalmente, o mesmo acontecendo com outras testemunhas que depuseram no processo, porque nem o IPM (Inquérito Policial Militar), nem no processo, não há sequer menção à existência de inquérito em que Vladimir Herzog tenha sido indiciado, ao mandado de prisão, à autoridade competente que o tenha expedido e mesmo a comunicação da prisão ao juiz competente.

Finalmente, a Justiça admitiu a culpa da União pela morte de Herzog pela primeira vez em 1978. Quase dez anos depois, em 87, foi decidido que haveria uma indenização à família do jornalista, que só foi paga no final da década passada, no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Herzog foi sepultado no dia 27, no cemitério Israelita do Butantã. Um detalhe importante foi detectado ao lavarem o corpo (parte do ritual judaico), encontraram sinais de tortura. O enterro aconteceu rapidamente, em respeito à família de Vlado, destacando que todo o ritual judaico foi respeitado. Segundo a tradição israelita, os suicidas são enterrados nos cantos dos cemitérios, uma maneira de recordar do pecado que é retirar a própria vida. Mas o rabino Henry Sobel da Congregação Israelita Paulista, tomou uma decisão que colaborou para a destruição da versão oficial: a de não enterrar Herzog como um suicida. [1] Por isso ele foi enterrado no centro do território sagrado, com as honras de judeu e de brasileiro. Vlado deixou esposa, Clarice Herzog, e dois filhos, André e Ivo. [2]


[1] Henry Sobel (1944-2019), um dos líderes religiosos mais proeminentes da comunidade judaica do Brasil, em 2007 foi detido em um supermercado em Miami, nos EUA, roubando gravatas de grife.

[2] Logo após a morte de Vlado, fui avisado pelo cineasta e professor da UFBA Guido Araújo, que eu fora indicado pelo Partido, para acompanhar Clarice Herzog, durante sua estada em Salvador.

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*Jornalista, professor universitário, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, pesquisador dos Grupos: Plena/CNPq/UFS, GPCIR/CNPq/UFS e do CLIC – crítica literária e identidade cultural – UNEB. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe –gilfrancisco.santos@gmail.com

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Frase do Dia

“Tenha as mãos sempre abertas no gesto de dar.” A. C. Jesus

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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