CMA: Democracia em xeque

Da Câmara de Vereadores de Aracaju tem saído este ano uma série de episódios e declarações que colocam em xeque o grau de democracia existente e o desejado pelos que compõem aquela casa legislativa. Em pouco mais de quatro meses de legislatura, o parlamento municipal já demonstrou que, em sua maioria, é composto por vereadores que estão ali para cumprir apenas duas funções: dizer amém a tudo o que é enviado pelo prefeito João Alves Filho; e aprovar projetos que beneficiem os empresários da cidade.

Para cumprir essas missões, alguns vereadores não pensam duas vezes em atacar, a qualquer custo e de qualquer modo, direitos essenciais da população e do conjunto dos trabalhadores. Atacar com palavras e com armas reais.

O episódio mais recente aconteceu na última terça-feira (7), quando agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar, em função da farda que vestem e das ordens superiores recebidas, esqueceram por um momento que são trabalhadores e atacaram com cacetetes e spray de pimenta outros trabalhadores e estudantes que manifestavam, em frente à Câmara, o seu repúdio ao aumento da tarifa de ônibus. Trabalhadores e estudantes que apenas exerciam o seu livre direito de expressão e manifestação.

A ação dos policiais militares e agentes da Guarda Municipal não foi isolada, mas materializou uma declaração dada pelo médico e vereador Manuel Marcos (DEM), que havia chamado, anteriormente, esses mesmos trabalhadores e estudantes de “vagabundos”. Trabalhadores e estudantes que apenas exerciam o seu livre direito de expressão e manifestação.

Os cacetetes e spray de pimenta se juntam também às declarações de Agamenon Sobral (PP) em defesa do retorno da Ditadura Militar como forma de moralização da educação pública. É dessa forma que a Ditadura “moralizava” a sociedade: com cacetetes, spray de pimenta e tantas outras armas. É dessa forma que a gestão de João Alves, com o apoio irrestrito da sua bancada na Câmara, pretende “moralizar” a cidade.

O mesmo Agamenon Sobral já havia mostrado a sua face autoritária no final de abril ao declarar que solicitaria ao prefeito João Alves Filho o corte no ponto dos professores da rede municipal de educação. Professores que apenas exerciam o seu livre direito de expressão e manifestação.

As declarações de Agamenon Sobral e Manuel Marcos, aliadas aos cacetetes e spray de pimenta da última terça-feira, revelam que paira sobre as cabeças de alguns vereadores de Aracaju um desejo de retorno a um regime em que direitos e liberdades não existem. O retorno de um regime em que a democracia é algo que deve ser exterminado.

A população precisa estar atenta, continuar lutando, reivindicando, se manifestando, mas, acima de tudo, nas próximas eleições dar a resposta a esses vereadores que desejam que a “Casa do Povo” se transforme na “casa de ataque ao povo”.

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