O compositor baiano Caetano Veloso, em uma de suas composições, definiu com genialidade (olha a redundância) o carnaval: “é a desgraça e glória dessa gente”. Oferece várias interpretações que vão do normal ao inesperado, imprevisível, fantástico e violento. É no carnaval que qualquer cidadão de periferia pode alcançar a glória vestido em uma fantasia de rei, para, ao descer o pano da quarta-feira de cinzas, cair na desgraça de uma vida miserável. Carnaval é assim. O contraditório dramático, o sorriso e a lágrima, a vida e a morte. Carnaval é a mistura de tudo, porque é movido por tentações, por impulsos, por cerveja, por uísque, embalados pelo som frenético de músicas que não deixam ninguém ficar parado. E isso faz aflorar emoções contidas, sensibilidades que vão da irritação ao carinho. Enfim, o carnaval “é uma invenção do diabo, que Deus abençoou”, como também imaginou o baiano Caetano. Hoje Aracaju está sendo acordada com emissoras de rádio espalhando, de uma forma extravagante, um incidente típico do carnaval que aconteceu em Pirambu, envolvendo a deputada Lila Moura e familiares de um coronel que estavam em sua residência. Lógico que se não tivesse a participação de uma deputada, não haveria o menor estardalhaço, até porque entre a imensa multidão que lotou as ruas de Pirambu, devem ter acontecido vários outros problemas mais graves – também natural do carnaval – que sequer chegaram à população. O episódio que emissoras de rádio fazem tamanha confusão, não passou de um incidente comum de quem participa de uma festa carnavalesca, onde todos estavam eufóricos pelo uso de bebida e com os nervos à flor da pele. Não dá para encaixar na cabeça de quem conhece os Moura, que a deputada tenha partido para agredir um coronel PM, porque estava faltando bebida. Alguém está querendo tirar algum tipo de vantagem ao criar uma tempestade por uma dose de uísque ou um copo de cerveja. Há anos que o conselheiro Reinaldo Moura, a deputada Lila Moura e o ex-prefeito André Moura realizam diversas festas em Pirambu, onde se inclui o carnaval (um dos melhores do estado). Ninguém pode desconhecer a forma acolhedora com que a família recebe seus convidados nestes períodos. O coronel certamente faz parte do rol dos amigos, porque estava lá e, acredita-se, como convidado. Agredir, xingar, agir de forma preconceituosa não faz parte do estilo da família. Lógico que houve algum desentendimento, mas coisa que se deve creditar às inconveniências do carnaval e não levar para o lado da divulgação ampla, que transformou uma bobagem em fato que está mexendo diretamente com a opinião pública. O próprio coronel que hoje se diz agredido, também se envolveu nessas coisas de carnaval, quando no pré-caju do ano passado foi acusado de não distribuir os tickets de alimentação com os seus soldados. Da mesma forma que hoje bradam contra a deputada, o coronel teve o seu nome citado em um escândalo, que pode ter sido apenas um simples desentendimento movido pela folia. Uma coisa, entretanto, chama atenção: o momento político. Tentam-se escandalizar um ato carnavalesco com um único objetivo: atingir a André Moura (PSC) que é candidato a deputado estadual, com boas chances de eleger-se. Não é à deputada Lila Moura que querem. É a André que visam, porque um simples contratempo está tomando dimensões que não podem se acreditar apenas como defesa de um coronel. A oposição aos Moura em Pirambu já escolheu candidato a deputado estadual e está procurando jogar o eleitorado do município contra o ex-prefeito, que hoje já se tornou uma liderança regional. É bom analisar esses fatos, ver com mais seriedade a forma como de conduzir um gesto banal, que não se transformaria em notícia escandalosa, se não fosse o objetivo político que está por trás de toda essa armação. Nada além que isso. E o coronel, talvez ingenuamente, está servindo para incentivar uma jogada política articulada a partir de um pequeno incidente que desapareceria com o tempo. ESTUDO O governador João Alves Filho (PFL) ainda vai demorar a procurar o ex-governador Albano Franco (PSDB) para uma conversa sobre composições. Acha que o tratamento deve ser diferenciado, porque mexe com a estrutura da chapa majoritária, já que Albano pretende disputar o Senado Federal. ACOMPANHA João Alves Filho tem dado todos os seus passos acompanhando uma pesquisa qualitativa que tem em poder de sua assessoria. Precisa primeiro atingir alguns objetivos, fazer comparativos, para tomar uma posição que dê tranqüilidade à sua chapa. OPINIÃO-1 Ontem, um taxista revelou que o seu candidato seria o prefeito Marcelo Déda (PT): “não dá mais para votar em João e Albano”. Reconheceu que o governador João Alves Filho é melhor administrador e fez obras importantes para o estado: “mas é preciso renovar”, disse. OPINIÃO-2 O mesmo taxista lembrou, entretanto, que “essa história do mensalão em Brasília pode atingir Déda, por ele ser do Partido dos Trabalhadores”. Acredita que em razão disso o quadro pode ser diferente, “porque o povo ficou muito decepcionado com toda essa roubalheira que está acontecendo”. AGLUTINA Um documento, em poder de um político precavido, mostra que o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) aglutina. Já o ex-governador Albano Franco (PSDB), segundo dados do mesmo documento, não tem esse poder de fortalecer a unidade. IRREVERSÍVEL O deputado federal Jorge Alberto (PMDB) acha que a candidatura própria a presidente da República é irreversível. Sobre Sergipe, Jorge tem dúvida se a terceira via vai ter força política ou não ou se vai ter um nome capaz de enfrentar João Alves e Marcelo Déda. PESQUISAS O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que as pesquisas eleitorais poderão ser divulgadas a qualquer momento, inclusive no dia das eleições. Mas as realizadas no dia da eleição só podem ser divulgadas nas unidades federativas em que a votação já tenha sido encerrada. BOSCO Se dependesse do deputado federal Bosco Costa (PSDB) o seu partido já estaria com nome certo para disputar o governo do estado. Bosco acha que o PSDB é um partido forte no estado e tem condições de reunir legendas importantes para uma coligação que dispute o governo com chances de chegar lá. TRANSNEPOTISMO O presidente da OAB, Roberto Busato, telefonou para o presidente da seccional de Sergipe, Henry Clay sobre permuta de funcionários entre os Tribunais de Justiça e de Contas. Henry Clay enviou oficio para os presidentes dos dois tribunais e até o momento só o do TC, Hildegards Azevedo respondeu, sendo objetivo ao negar qualquer troca de servidores. VIGILÂNCIA Atendendo a uma recomendação de Roberto Busato, a OAB em Sergipe está atenta a qualquer indício de permuta entre servidores do Tribunal de Justiça. Henry Clay disse ontem que nenhuma troca foi confirmada até o momento. A entidade está na luta para manter a resolução do CNJ que proíbe o nepotismo. MARÍLIA A presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, Marilza Maynard, está concorrendo às duas vagas de ministras do Superior Tribunal de Justiça, dedicadas a desembargadores. São 232 candidatos para escolha do STJ, que acontecerá segunda-feira. É a segunda vez que ela concorre e tem chances. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) fez uma avaliação e admite que está bem principalmente nas classes “A” e “B”. Para Machado, os votos das classes “C” e “D” serão disputados nas proximidades das eleições, com a definição das chapas. BATALHA O atual presidente regional do Partido Verde, Armando Batalha, pode recuar de sua candidatura a deputado estadual para apoiar Gilmar Carvalho. Um membro do PV – pediu para não divulgar o nome – disse que Batalha desmente, mas há um entendimento bom nesse sentido. Notas VERTICALIZAÇÃO-1 Por cinco votos a dois, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu manter a verticalização para as eleições de outubro. Caso a decisão seja cumprida, os partidos políticos não poderão fazer, nos estados, coligações que contrariem as alianças nacionais. O assunto, porém, vai parar no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), estava apenas esperando o TSE, para promulgar a emenda. Como contrariou o que o Congresso aprovou, Renan deve recorrer ao STF para validar a emenda aprovada. VERTICALIZAÇÃO-2 Em conversa com o deputado federal José Carlos Machado (PFL), o senador Marco Maciel (PFL-PE) avisou que a emenda não havia sido promulgada nem no Senado e nem na Câmara, porque esperavam a decisão do TSE. Segundo Maciel, vão recorrer ao STF, mas “o Supremo mantém a verticalização”. A manutenção da verticalização mexe com o pleito em todo o país e cria dificuldades para as composições. PSDB e PMDB terão mais dificuldades em Sergipe, porque vão depender das coligações para presidente. VERTICALIZAÇÃO-3 A situação do PSDB em Sergipe retoma ao quadro anterior. Como a nível nacional deve ter o apoio do PFL, no estado a coligação entre os dois partidos passa a ser obrigatoriedade, a não ser que os tucanos formem uma chapa independente e liberem o pessoal, ou tenham um candidato próprio a governador. Já o PMDB em Sergipe pode entrar em parafuso. Seja Rigotto ou Garotinho o candidato a presidente da República, a situação se complica muito. Entretanto, se Lula conseguir apoio do partido, a esperança será refeita. É fogo O presidente do Tribunal de Contas, conselheiro Hildegards Azevedo, recebeu ontem a visita do novo comandante geral da PM, coronel Anselmo. A Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou ontem redução de até 20% nas taxas das principais linhas de crédito para pessoa física. O deputado federal Jorge Alberto (PMDB) trabalha para ser candidato a vice-governador em uma das chapas. O ex-prefeito de Lagarto, José Raymundo Ribeiro, continua trabalhando firme sua candidatura a deputado federal. A deputada Susana Azevedo (PSC) já aparece em adesivos com o girassol da campanha à prefeita de Aracaju. Há uma visível impaciência de candidatos proporcionais em relação às decisões da cúpula para as composições. O deputado federal Jackson Barreto (PTB) continua trabalhando para que Albano Franco seja candidato a deputado federal pelo bloco da oposição. Caso Albano Franco aceite a proposta será um alívio para Jackson Barreto, porque pode garantir sua reeleição. O ex-senador José Eduardo Dutra (PT) está em silêncio e não exige nada. Seu nome, entretanto, é lembrado para o Senado Federal, caso a PT não se alie ao PSDB. Segundo um membro da oposição, José Eduardo Dutra não formou uma base eleitoral e fica na dependência de quem possa lhe dar uma mãozinha. Para cumprir a meta de levar energia a todas as casas, o governo de Sergipe já investiu o equivalente a R$ 19,5 milhões, no período de 2003 até hoje. Os bancos e instituições financeiras podem ser obrigados a explicar a seus clientes o fundamento legal dos débitos efetuados em suas contas correntes. brayner@infonet.com.br
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