O Governo da Bahia vai apostar na criação artificial de chuvas como mais uma forma de combater a seca. Um projeto conjunto entre as secretarias de Agricultura, Meio Ambiente, produtores baianos e uma empresa privada será feito a partir deste mês, e deve entrar em prática em 2013, para tentar induzir chuvas no Sudoeste e na Chapada Diamantina.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Salles, a ação é por enquanto apenas uma experiência e a intenção não é dar a ninguém falsas esperanças. Mas, se a tentativa der certo, pode ajudar muito a região que sofre com a estiagem. Os números mais recentes da Coordenadoria de Defesa Civil da Bahia apontam que 232 municípios já estão em situação de emergência no Estado. Isto corresponde a cerca de 55% das cidades baianas.
Na prática, os aviões atiram água dentro das nuvens para misturá-la à umidade. Assim, a nuvem pesa e a chuva acontece, ainda que artificialmente. A água que vem bombeada do avião é potável e, portanto, a precipitação é saudável. Cada tanque possui 300 l de água que, se corretamente pulverizados, podem gerar muito mais chuva porque incentivarão a umidade que já está contida em cada nuvem.
Salles explica que a experiência custará R$ 200 mil, custeados igualmente entre sua pasta e a do Meio Ambiente. Para garantir os recursos, o secretário afirmou ter feito uma série de economias e cortes de gastos para arriscar o sucesso do projeto. A responsável por executar a tentativa é a empresa paulista ModClima, que trabalha na gestão de abastecimento da região da capital de São Paulo e foi trazida ao conhecimento da administração baiana pelos produtores.
Os responsáveis pela companhia se reuniram com os secretários e líderes de associações de produtores da Bahia em um almoço nesta segunda-feira para debater o projeto. Aviões da empresa partirão dos aeroportos de Vitória da Conquista para fazer a tentativa de bombeamento das nuvens da região Sudoeste. De Lençóis partirão as aeronaves em busca de induzir chuvas na Chapada Diamantina. As localidades foram escolhidas devido à proximidade de grandes mananciais que abastecem tradicionalmente as populações.
Apesar da esperança, o secretário reconhece que esta época do ano é a pior para fazer a tentativa pois trata-se de um período de poucas nuvens. O período ideal é o de outubro, com a época de chuvas chegando, mas a ModClima tem um compromisso a partir deste mês no Paraná e não poderia fazer o trabalho. Com isto, as chances de a pulverização dar certo são de 40%. Mesmo assim, segundo ele, o que vale é o risco de tentar conseguir atingir o objetivo.
“A expectativa não é das melhores, mas nós não podemos ficar de braços cruzados. É melhor nós fazermos uma tentativa e arriscarmos dar certo do que ficar observando as pessoas sofrerem. E quem está em Salvador muitas vezes não tem a menor condição do sofrimento que se está passando no interior. É como jogar na loteria. Se você não jogar, não ganha.”, comparou.
Se a ideia prosperar, o ideal será fazer um uma primeira atuação do bombardeamento durante um ano inteiro em 2013. Para isto, a empresa apresentou um orçamento de R$ 6 milhões, mas Eduardo Salles alega que o valor é impagável e pode ser reduzido. A partir da nova proposta, ele movimentaria, além das verbas estaduais, investimentos privados dos produtores e também tentaria obter recursos federais.
A criação de chuvas artificiais, segundo o secretário de Agricultura, não resolverá definitivamente o problema da seca, mas será uma forma a mais de ajudar a diminuir o impacto do problema. “Você não combate a seca, você convive com a seca. E seria uma nova forma de conviver melhor com a seca. Vamos tentar usufruir o máximo possível da água que já existe nas nuvens. O que não podemos é pagar pela inoperância.”, disse Eduardo Salles. (Fonte: Lucas Esteves/ Portal Terra)