A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) qualificou o Brasil como o quinto melhor país do mundo para se investir.
Mais de dois terços dos cerca de 200 diretores das principais corporações pesquisadas pela Unctad se mostraram dispostos a aumentar seus investimentos no exterior até 2009. Os dois países mais atrativos para receber novos recursos econômicos são China e Índia, ao tempo que o Vietnã vai ganhando terreno e já é o sexto mais bem avaliado pelos empresários. No entanto, os diretores não perderam interesse por dois: Estados Unidos e Rússia, que ocupam o terceiro e o quarto posto, respectivamente. Fora o Brasil, o México é o único país latino-americano entre os vinte preferidos das multinacionais, aparecendo na nona colocação.
Ainda não se sabe se o protecionismo de alguns governos da América Latina pode diminuir os investimentos no futuro, já que os empresários pesquisados não foram ouvidos sobre este assunto.
O principal motivo que faz os empresários investirem no exterior é o acesso a mercados de grandes dimensões ou de rápido crescimento e, em menor medida, a busca de recursos, principalmente de mão-de-obra qualificada. Por outro lado, o que faz as multinacionais desistirem de seus negócios no exterior são as situações de guerra ou de instabilidade política, além da instabilidade financeira e de mudanças no regime de investimentos.
Ao mesmo tempo, para o Banco Mundial, o Brasil continua sendo um dos países considerados mais difíceis para a realização de negócios, caindo uma posição no ranking Fazendo Negócios 2008. No ranking, que reúne 178 países analisados em 2006-2007, o Brasil ficou na 122ª posição, atrás de países como Namíbia (43ª posição), Botsuana (51ª) e Peru (58ª).
Em dados gerais, o relatório apontou que a Cingapura foi o melhor país para realizar negócios, seguida pela Nova Zelândia, Estados Unidos e Dinamarca. O relatório mostra ainda que o Brasil é o país onde as empresas passam mais horas pagando impostos: 2,6 mil horas por ano. Os Emirados Árabes Unidos ficaram em primeiro lugar neste quesito, com apenas 12 horas.
Os números do Brasil também não foram muito animadores no que se refere ao número de dias que os investidores levam para abrir uma empresa no País: 152. Esse número só é melhor do que o de três outros países: Congo, Guiné-Bissau e Suriname.
O Estudo do Banco Mundial classificou a América Latina como a região mais lenta para a implantação de reformas que visam à melhoria do ambiente de negócios. Começar um negócio na América Latina ainda leva, em média 75 dias, muito mais tempo do que em qualquer outra região. Outros obstáculos ainda presentes na região são tribunais lentos e sistemas tributários onerosos.
O relatório, no entanto, destacou a reforma dos tribunais brasileiros, com emendas ao Código Civil, que tornaram mais fácil aos credores cobrar dívidas. Além disso, o país melhorou no quesito pagamento de tributos, passando da posição 151, em 2005-2006, para 137, em 2006-2007. Isso se deve à queda do número de pagamento de impostos por ano, que caiu de 23 para11.
Para piorar, o Brasil é o 38º colocado no Índice de Competitividade da Federação das Indústrias de São Paulo (IC-Fiesp), superando apenas cinco países na lista: Filipinas, Turquia, Colômbia, Índia e Indonésia.
A entidade defende a redução dos gastos públicos, a reforma tributária e investimentos em pesquisa e desenvolvimento para mudar esse cenário.