Encontrei uma figura importante da república sergipana, insatisfeita com o pronunciamento do Deputado Jackson Barreto sobre o Tribunal de Contas de Sergipe e sobre a operação limpeza que a CUT quer ali. Dizia-se preocupadíssimo com a campanha deletéria, uma verdadeira “molecagem” que se faz contra aquele venerável Conselho.
Saí do encontro pesarosíssimo, com uma pena terrível daquela Corte sereníssima. Ah! Que terrível! Coisa da sergipanidade, este passatempo de denegrir os homens públicos sem máculas!
Ah! Que miséria! Conceber-lhe um conciliábulo de vampiros, quando por verdade é um cenáculo de cultores da ética e da virtuosidade!
Da maldade! Vem da perversidade imaginá-la um cenário de Calibans, Yagos e Salomés, quando em verdade é Ariel, Ofélia e João Batista que estão sendo requisitados em bandeja de cobre azinhavrado nos churrascos das fogueiras que o vulgo inflama.
Que horrenda fama! Imaginá-lo um picadeiro de picaretas, ou um pardieiro de roedores, quando ali se coíbe a rapinagem e a picaretagem que vem de fora, onde se quebra pedra e se ressuda o peçonhento?
Que nojento! Dizer que naquele congraçamento de luz, de brilho e de fulgor só vige a cor do bolor e do excremento!
Que fedor! Dizer que só ácaros ali os há, quando naqueles tapetes macios não pisam nem aracnídeos, nem anencéfalos; todos ali têm muito céfalo e nenhuma pata!
Que patada! Uma verdadeira patada de elefante! Sem unha! Porque ali não há unha que azunhe. Todas são bem podadas, polidas e perfumadas. Coisa de nobre, da nova e mais fina flor republicana.
Quanto sacana! Falar tão mal de uma corte tão bacana, que mais parece um partenon, uma retidão obelisca, ou um templo de Diana?
Ah! Como estou com pena do Tribunal de Contas!
Que maldade! Que crueldade! Dizer por ali, que o normal rima com o amoral? Não! Nem com iambos transientes nem anapestos incongruentes. Ali o verso recorrente é o verso sem reverso, do cavalheiro imerso no andante cavaleiro, adentrando matas e campinas, inspirando o menestrel e o arremedo do cordel. Ali, campeiam hoje, sem remendos de papel, os novos cavaleiros bretãos, secção de Sergipe, como outrora Perceval, Gauvain e Lancelot, na corte do Rei Arthur e sua Távola Redonda, combatiam o bom combate, peleando o mal e o vil, usando a adaga viril para proteger o humilde e o sofredor, ferindo maus e mazelas, defendendo inermes donzelas, como o fora com Blanchefleur. Com toda fé. Sem ajuda de erários.
Quantos salafrários! Quanta amargura, quanta feiúra! Dizer que o belo no talar negro ficou despudendo e tenebroso? E horrendo!? Dizer que ali pastejam contra-exemplos de Lombrozo, onde o fino cabotino e o cevado adiposo pode ser mais fescenino, mas é bem menos perigoso!?
Ah! Como eu estou com pena do Tribunal de Contas!
Criminoso! Só um marginal odioso, poderá conceber coisas tão terríveis! Erguer cadafalsos e patíbulos na sarjeta? Só por causa de um telefonema mal dado? Por que não avisam antes que o falado será gravado? Não é a mesma coisa que a polícia torturar sem bater?
Não. Todos somos inocentes até transitado em julgado! Este é o império decente da lei. É o que dizem os advogados que fustigam a liberdade de expressão e a vontade de publicar o que não é permitido nem autorizado. Permitir que se conspurque o sacro recinto do ser com uma escuta de câmaras, microfones e gravadores, em som , ao vivo e a cores, bisbilhotando risos e dores? E horrores!? Impublicáveis! Erros insanáveis! A suscitar pedradas e escarros de catarros. Logo no tempo de hoje! Quando não mais existe escarradeira e a recomendação higiênica é cada um engolir o seu?
Ah! Como eu estou com pena!
Por que, em nome da concórdia, da pacificação e da boa educação, não engolimos, inclusive este catarro e esquecemos tudo isso, rodando a fita de volta, dando um ressete e um delete, para deixar a corte de contas ausente do noticiário até no seu zelo pelo erário?
Ah erário! Como estou com pena do erário! Tão de ninguém e tão meu também que tem que ser chamado de público para se fazer erário. Quando é um verdadeiro herário; de ramas e esponjas, de cogumelos, de parasitas simbióticas, de hereiras muito bonitas, como a orquídea que é bela e não perfuma, mas avançam na lei de responsabilidade fiscal.
Ah erário! Erário onde tudo cresce. Tesouro de compadrio, de amasio, e filhadio. Tudo sem ignomínia. Nem metonímia, anacoluto ou catacrese. Porque só a corrupção aí cresce. Sem vício de linguagem, sem papas de língua, e tudo caindo no papo e na língua do povo. Nunca no Tribunal de Contas!
Ah! Que pena! Como estou com pena do inocente Tribunal de Contas! E o pior, é que a nossa Assembléia Legislativa finge que nada está acontecendo. Não há uma voz que verbalize qualquer desconforto. Parece que há um endosso amplo, geral e irrestrito. Até a CPI requerida corretamente pela OAB não consegue um defensor no parlamento. Parece que não existiu nem crime, nem infração muito menos um venial deslize. O pecado mortal vem do povo que se revolta, da OAB que dignamente cobra honradez dos homens públicos e do Deputado Jackson Barreto com a sua proverbial intrepidez de homem forjado na oposição ao arbítrio.
Ah! Pra que remoer esta história escabrosa? Tiremos logo o Tribunal de Contas do noticiário! Ali estava tudo tão bonzinho, sobretudo com os gordos contracheques sem atrasos!
Se o tribunal não é das contas de ninguém, por que não o esquecer nos seus miseres, digo, misteres?
Estou com muita pena do Tribunal de Contas! Sim! De Tudo! Mas, que está merecendo uma limpeza bem mais ampla que a CUT pode fazer. Isso está. Não é à toa que a TV Atalaia e o deputado Jackson Barreto estão recebendo nossos aplausos, generalizadamente.