Estou com pena, muita pena de Glenn Greenwald, aquele jornalista que bisbilhotava o telefone do ex-juiz federal, Sérgio Moro, e de alguns procuradores da força-tarefa da operação Lava-Jato.
Segundo o noticiário, o Ministério Público Federal o denunciou e a seis hackers investigados no âmbito da Operação Spoofing, que apura invasão e roubo de mensagens de celulares de procuradores da força-tarefa da operação Lava-Jato e do então juiz Federal Sérgio Moro.
Estou com muita pena porque Glenn Greenwald tinha virado supremo herói, másculo cavaleiro e grande defensor da liberdade de imprensa.
Não foi assim que ele posou no noticiário, descrito como super-herói bem importado que ousara realizar escutas clandestinas de juízes e procuradores, denunciando e insinuando, sem comprovar, comportamentos, ditos escusos, quiçá incompatíveis, enquanto figuras juramentadas e impolutas?
Impoluto, o Glenn logo virou figura notória da nossa imprensa, que fingindo isenção e qualquer responsabilidade, destacou-lhe as violações, como hacker, como se fossem o maior escândalo a divulgar.
Tentava-se desmoralizar reputações, anular as condenações da Lava-Jato, quem sabe até solapar a República, insinuar a ilegitimidade da eleição de Bolsonaro, tudo caindo como uma luva, na cruzada encetada pela grande imprensa, dia sim, outro também, de se colocar em franca oposição ao governo de seu desagrado.
Desagradando a muitos, a divulgação das mensagens interceptadas produzia somente manchetes, evidenciando mais desejo que comprovação escandalosa.
O tempo mostraria que a despeito da criminal ação, nunca reconhecida pelos jornais, fora inútil a utilização da lupa canalha que tentara farejar carniça onde não existia.
Como só o escândalo gera notícia e nada vale a credibilidade da informação, os jornais ressaltam ainda, enquanto defesa prévia, que o Ministério Público Federal só acusou Glenn Greenwald, mesmo não sendo alvo das investigações porque, durante a análise de um computador apreendido na casa de Walter Delgatti Netto, o ‘Vermelho’, foi encontrado um áudio de um diálogo entre Luiz Molição e Glenn.
À parte o sofrimento de Glenn, tenho pena também do humorista francês Fréderick Fromer, que no desejo de ridicularizar a decisão brasileira de proibir a encenação do “Porta dos Fundos” fez uma musiquinha sem graça cujo refrão destaca: “Jésus etait “un pédé” et qu’il aurait dü se faire “enculer”.
Em tradução livre, o comediante teve que pedir desculpas à comunidade LGBTQ+ porque “pédé” é bicha, palavra que lhes é ofensiva, e se “faire enculer” é receber pelos fundos, o que lhes denigre sobremodo.
Pois é! Em tempos mórbidos ditos “neofascistas”, aos católicos não cabe desculpas, como aquelas exigidas pela comunidade francesa LGBTQ+, por solfejar em risos: pédé com enculer.
Por coisas assim é que estou com pena do Glenn Greenwald.
Se estava herói, poderá agora posar de mártir, sem, nem mesmo; “s’enculer”