Esta semana, os vultosos gastos publicitários do ex-prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, em sua despedida da PMA foram destaque na imprensa sergipana. Todos ficaram surpresos com o montante gasto pela área de Comunicação Social da prefeitura em apenas 15 dias, depois de anos e anos de comportamento espartano. E causou enorme surpresa também a utilização da Secretária Municipal da Saúde nesse esforço concentrado de mídia. Particularmente, não vejo nada de mal nisso. As ações da “administração Déda” deveriam, sim, obrigatoriamente, ser divulgadas.
O problema em questão, na verdade, é outro. A surpresa com o volume de recursos investido, em tão pouco tempo, deu-se por conta da forma atabalhoada e “ingênua”, utilizada pela Secom para gastar esses recursos com peças publicitárias – de altíssimo nível, diga-se de passagem – e shows com artistas de renome nacional, sem o mínimo cuidado com o previsto em lei. Faltou habilidade e tato por parte do marqueteiro-mor, o próprio ex-prefeito Marcelo Déda. E não me venham dizer que isso foi coisa do Milton Alves (ex-secretário de Comunicação). É lugar comum entre os publicitários de Aracaju a influência direta exercida por Déda na administração das verbas publicitárias do município. Todos sempre souberam que nada era feito na pasta sem a sua ingerência direta. Fato também normal, pois os governantes de plantão sempre se acham experts em marketing. E fazem o que bem querem, muitas das vezes, sem ouvir os especialistas da área.
No ano passado, fiz duras críticas ao Governo do Estado – aqui mesmo na infonet e no Jornal do Dia – sobre a utilização das verbas publicitárias governamentais. Fui muito duro com o que considerava, à época, erros grotescos. Mas tenho que admitir que a Secom do governo, a seu modo, fez o mea-culpa, realizando uma licitação nacional entre agências de publicidade que vigora até hoje. E ninguém pode dizer mais nada, infelizmente, por tratar-se de decisão subjetiva, na forma da lei. Seria leviano, portanto, dizer o contrário.
No entanto, quanto à PMA, do seriíssimo PT, já não se pode dizer o mesmo. Na única licitação que se tem conhecimento, realizada pelo Governo Déda, deu Link Comunicação, da Bahia, na cabeça. A mesma que operava com o então ministro dos Transportes, Anderson Adauto, em Brasília. Um resultado previsível, questionado pelo próprio Sindicato das Agências de Propaganda de Sergipe.
Depois disso, de lá para cá, o poder discricionário do governante de plantão foi mais forte. E as escolhas das agências pela PMA seguiram “caráter eminentemente técnico”, sem os desgastes dos enfadonhos processos licitatórios.
Deu no que deu!
* Em respeito aos mais de nove mil e seiscentos leitores da minha coluna diária, na infonet, na Central de Notícias (www.cnoticias.com.br) e na Agência Nordeste de Notícias (www.agne.com.br), e diante dos inúmeros e-mails que recebo diariamente, cobrando-me um posicionamento igualitário para todos, não poderia deixar de abordar esse tema, de expressar minha singela opinião. Diferente de alguns, sempre assumo o que digo ou escrevo. E não mudo uma linha sequer dos artigos anteriormente escritos.