0 aquecimento global deve receber mais de um terço da culpa por uma grande queda na precipitação pluviométrica no mundo, o que inclui uma seca de uma década na Austrália e uma longa estiagem nos Estados Unidos. Existe uma tendência na qual as chuvas têm constantemente caído nos últimos 15 anos, com o aquecimento global tendo 37% de responsabilidade nesse fato. Os 37% provavelmente aumentarão se o aquecimento global continuar. Os ganhos obtidos pelos países mais pobres nos últimos 50 anos podem ser perdidos totalmente e de forma irreparável por causa das alterações climáticas, indica estudo divulgado pela Oxfam Internacional, grupo que reúne ONGs que lutam contra a pobreza. 0 relatório se baseia nas respostas de 42 cientistas que colaboram com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), ligado às Nações Unidas. Segundo eles, o maior impacto será o aumento da fome. Com as alterações sofridas na zona tropical, plantações de culturas-chave na alimentação humana, especialmente milho e arroz, estarão em risco. Dois terços do 1 bilhão de pessoas que se encontram na pobreza no mundo vivem nas zonas rurais dos países em desenvolvimento. É o caso de Chriselliea Nzabonimpa, mãe de cinco filhos e líder da comunidade onde mora, em Ruanda, que mostra como suas plantações de milho e mandioca não vingam por causa de um padrão irregular e inesperado de chuvas. Ao lado da segurança alimentar, o acesso à água é outra questão urgente, afirma a Oxfam. Cidades populosas já sofrem desabastecimento: a neve que fornecia o recurso durante o degelo já sumiu, ou está prestes a desaparecer. A falta de água também tem o potencial de gerar conflitos, especialmente em torno dos rios Indus, Nilo e Tigre – Eufrates, além de estimular migrações de populações empobrecidas. Estudo recente do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA, analisou os 925 principais rios do mundo. Baseado em 60 anos de registros, ele projeta que um terço deles será afetado significativamente pelas mudanças climáticas. De São Paulo a Istambul, passando por Senegal, Santa Catarina e Escócia, o início do mês de setembro foi marcado por chuvas torrenciais, enchentes e outros fenômenos climáticos extremos. Certamente, as projeções feitas por modelos de computador sofisticados indicam um aumento na probabilidade de ondas de calor e na intensidade das chuvas, bem como um aumento no número de áreas que sofrem com secas. Para uma cidade como São Paulo, construída em tomo do Rio Tietê, a adaptação é ainda mais urgente. É preciso pensar no sistema de drenagem e na infra-estrutura da cidade, porque mais e mais eventos extremos devem acontecer. Enchentes, tempestades, estiagens e outros desastres naturais levaram 20 milhões de pessoas a abandonar suas casas no ano passado, quase quatro vezes mais do que o número de pessoas desalojadas por conflitos, informou um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O aquecimento global está provocando um aumento na freqüência e na intensidade das tempestades e em outros padrões de alteração do clima, então, os desastres são agora “um motivador extremamente significativo de desalojamento forçado no mundo”, disse o relatório.
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