O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, não se sente muito atraído por uma conversa sobre a sucessão municipal neste momento. Considera que o terceiro ano de administração é o único que qualquer político, que esteja no executivo, tem condições de realizar suas obras e movimentar a reestruturação de sua cidade. É um ano de entressafra política, que favorece a uma dedicação exclusiva para arrumar o município. Ontem, bastante inspirado para uma sempre agradável conversa, Marcelo Déda revelou que, em todos os meses de janeiro, afasta-se 15 dias, de suas atividades, para descansar. No próximo ano vai aproveitar para meditar sobre as eleições municipais. A reeleição não é uma obsessão. Acha que pode muito bem ficar sem mandato e cuidar da militância. Ou preencher algum espaço, que poderia ter acontecido antes. As entrelinhas sinalizam para ministro. Déda acha que vem realizando um bom trabalho e tem o reconhecimento da sociedade: “não estou na condição de ou concorro ou morro”, e também não se considera a ponto de “querer entregar a bomba nas mãos dos outros”. Tudo será feito muito bem pensado. Marcelo Déda garante que nenhum aliado tem lhe procurado para chantagem e reconhece que recebeu algumas indiretas do deputado federal Heleno Silva (PL) em relação à formação da chapa: “não costumo responder a aliados pelos jornais”, avisou. Déda prefere a conversa pessoal, como aconteceu quando o vice-presidente José Alencar visitou Aracaju: “passamos todo o tempo juntos”. Bem mais maduro, Marcelo Déda reconhece que é natural os partidos políticos se posicionarem, “mas eu tenho de entender que não posso alimentar crises”. O prefeito diz que tem discutido objetivos novos da política: “não sou um empresário. Sou um político que está na gestão pública”. Marcelo acha que há necessidade de um discurso único de oposição. Não é preciso que todo mundo pense igual, mas é fundamental que os seus membros busquem entender os pontos de convergência e divergência: “temos que fazer um esforço para colocar nomes que reúnam os interesses de todos”. A filosofia do grupo, no entender do prefeito, é eleger o maior número possível de Prefeituras e se fortalecer no interior. É certo que, no final de uma eleição, o grupo que perde entra em crise e se dispersa. Mas o prefeito reconhece que “casa com pouco pão, o que sobra é confusão” e admitiu que “nós conseguimos lamber nossas feridas, para nos mantermos unidos e se ampliar”. Marcelo Déda defende a idéia de que há necessidade do grupo organizar as campanhas municipais no interior e apresentar candidatos que estejam em melhor condição junto ao eleitorado. Acha que a eleição de prefeito reorganiza a política no Estado e distribui bem a força no interior. A partir daí é que se pode pensar em outros passos. Marcelo Deda tem conversado muito com lideranças políticas, como fez domingo passado, ao jantar com o deputado federal Jackson Barreto, em uma pizzaria no Santos Dumont. Também esteve com o senador Valadares, porque considera que é preciso manter o pessoal articulado: “Estamos avaliando, discutindo as coisas e se atualizando”. Avisa que a única coisa que não deflagra é a discussão sobre a reeleição: “a pressa é burra”, ensina. Déda, entretanto, avisa: se não discuto eleição municipal neste momento, imagina a estadual que acontecerá em 2006”. E demonstra sua experiência já adquirida por todos esses anos de convivência com a vida pública: “planejar é olhar o presente, projetar o futuro, além de construir cenários”. EXPANSÃO O PTB já está com aproximadamente 30 diretórios em Sergipe e vai apresentar sugestões para disputar a Prefeitura em vários municípios. Um dos filiados do partido disse que até o momento não se tem falado na sucessão em Aracaju, no que se refere à formação da chapa que terá Deda para reeleição. VICE-PREFEITO Na realidade a disputa é pela vice, mas até o momento, segundo Jerônimo Reis (PTB) há uma certa timidez em se tratar do assunto. Todo mundo quer a vice, mas o vice-prefeito Edvaldo Nogueira é um candidato em potencial, que pode ser uma opção para evitar dissidências. RELATÓRIO O deputado João da Graça prefere não fazer qualquer previsão de como será o parecer do relator Arnaldo Bispo, sobre a questão que o envolve na Comissão de Ética. Disse que se mantém tranqüilo e espera o resultado final para seguir o que for determinado pelos colegas, na votação em plenário. DECISÃO O juiz federal Wladimir Carvalho ainda não enviou, à Procuradoria de Justiça, o parecer determinando que a Polícia Federal investigue a fuga de Floro Calheiros. Segundo o procurador Paulo Fontes, essa decisão pode chegar no início da próxima semana. Wladimir Carvalho estaria viajando… INQUÉRITO De qualquer forma, a Polícia Federal vem ouvindo pessoas sobre a fuga de Floro Calheiros, paralelamente ao que vem fazendo a Polícia Civil. Caso o juiz Wladimir Carvalho determine o inquérito, inevitavelmente se dará o conflito positivo de competência. PROCESSANTE Uma Comissão Especial Processante foi aberta pela Câmara Municipal de Estância, para apurar crime administrativo do prefeito Gevani Bento. Bento infringiu o artigo 80, parágrafo 15 da Lei Orgânica do Município, ao deixar de responder a quase 15 requerimentos financeiros. APURAÇÃO Com esses documentos a Câmara pretende analisar onde foram gastos recursos, preços de obras e material, construídas e adquirido pela Prefeitura. Há suspeitas de licitações viciadas, de superfaturamentos e de uma série de transtornos administrativos. POSIÇÃO O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, disse ontem que a posição da Frente Nacional de Prefeitos é de reconhecer que a reforma Tributária é importante para os municípios. “Pior é ficar como está”, deduziu Marcelo Deda. A Frente reúne prefeitos das capitais e dos municípios com mais de 150 mil habitantes. CIDE Marcelo Deda acha que a reforma Tributária estará perdendo algum mérito, se compartilhar o Cide com os Estados, dando-lhe 25% da arrecadação. “E os municípios, como é que ficam?”, pergunta o prefeito. Acrescenta que “nós queremos sentar com os líderes políticos, para discutir a reforma Tributária”. DISCUTIR O presidente da Frente, Marcelo Déda, disse que a grande reivindicação dos municípios – grandes, médios e pequenos – é sentar à mesa e ser ouvido. “Nós não estamos representados pelos governadores, porque sabemos das necessidades e interesses das nossas cidades”, concluiu. SECRETÁRIO O corregedor da Polícia, delegado Abelardo Inácio, disse ontem que em nenhum momento falou que o secretário de Segurança, Luiz Mendonça, era inocente no caso Floro Calheiros. “Disse que, em momento algum, apareceu, nos autos do inquérito, que o secretário de Segurança tem responsabilidade na fuga de Floro Calheiros”, relatou. KÁTIA A jornalista Kátia Paim, responsável pela publicação da primeira matéria com Floro Calheiros, depôs ontem no inquérito que apura a sua fuga. Confirmou que teve uma relação profissional com Floro, em 2000, durante a campanha política pela disputa da Prefeitura de Canindé do São Francisco. ENTREVISTA Contou que a primeira entrevista chegou ao jornal “A Semana” em um embrulho: “quando cheguei encontrei esse pacote lá e fiz a matéria”, revelou. O segundo material teria sido colocado em sua caixa postal e, como havia sido demitida do jornal, tentou vender a outros órgãos de comunicação, “mas ninguém quis comprar”. Notas INDICAÇÃO O prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, disse ontem que a indicação do ex-deputado Jorge Araújo (PSDB), para a Delegacia da Agricultura, foi uma solicitação de alguns prefeitos, como frei Enoque (Poço Redondo) e Renatinho (Propriá), além de partidos políticos: PL, PTB e o próprio PSB defenderam o nome do ex-parlamentar. Déda disse que isso foi o suficiente para se especular que já está havendo um acordo com o ex-governador Albano Franco, visando as eleições de 2006. Até José Eduardo gostou da indicação de Jorge, porque ficou grato ao trabalho dele. DISCRIMINA A deputada Susana Azevedo (PPS) está irritada com o ministro da Segurança Alimentar, José Graziano. Diz que ele está discriminando Sergipe nos repasses da verba da seca. “Pela primeira vez na história do país, Sergipe foi excluído do combate à seca”, lastimou. Prejudicando seriamente todo o Estado. Segundo Susana, a população flagelada de 18 municípios do polígono da seca sempre recebeu cestas de alimentos e fornecimento de água, mesmo durante os Governos militares. Não é possível esse abandono agora. VENÂNCIO O líder do Governo na Assembléia Legislativa, deputado Venâncio Fonseca (PP), também ficou indignado com a decisão do Governo Federal, de isolar Sergipe de Programa Nacional de Combate à Seca. Não há muito sentido nessa decisão, porque o Estado sempre teve o apoio dos Governos nos programas contra a longa estiagem. A exclusão de Sergipe não faz nenhum sentido, porque o alto sertão tem problemas graves com a falta de chuva e sua população mata a sede através da distribuição de água por caminhões pipas e come com o que recebe das cestas de alimentos. É fogo O prefeito Marcelo Déda não viajou a Brasília, ontem, porque quer participar da posse do irmão, juiz Cláudio Deda, como o mais novo desembargador. Marcelo Déda também vai receber empresários italianos e o ministro das Cidades, Olívio Dutra, que chegam hoje a Aracaju. O governador João Alves Filho viajou, ontem, a Brasília para participar de reunião dos governadores sobre os destaques da Reforma Tributária. O delegado Arquimede disse, no inquérito que apura a fuga de Floro, que foi influenciado a dar uma entrevista em favor de Meire Belfort. A jornalista Kátia Paim disse, também na comissão de inquérito, que almoçou com a delegada Meire Belfort e seu advogado, por um acaso. Encontraram-se no shopping Jardins. O deputado federal Bosco Costa (PSDB) tem criticado muito alguns dos seus correligionários, porque tem votado a favor do Governo. Bosco Costa diz que sempre seguiu o que determina o seu eleitorado e acha que foi eleito para fazer oposição ao Governo que está. O ex-governador Albano Franco tem conversado com mais intensidade sobre política e começa a se preocupar com o fortalecimento do partido no interior. O senadora Maria do Carmo Alves, embora trabalhe intensamente à frente da Secretaria de Combate à Pobreza, também se preocupa organizar o partido no interior. O vereador Antônio Góes está vendo o dedo de George Buhs na explosão do foguete em Alcântara (MA) e na morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, em Bagdá. Antônio Góes vai apresentar moção solicitando esclarecimento dos fatos ao Governo brasileiro. O deputado Antônio Santos (PDT) renovou apelo ao Governo Federal para reforçar a verba de custeio destinada à Universidade Federal de Sergipe. João Bosco de Andrade Lima é o novo presidente do Diretório Regional do Prona em Sergipe e já fez visita ao deputado federa Enéas. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br