Uma das piores decisões que um administrador pode tomar é quando tem que cortar a própria carne, para poder salvar o resto do corpo. Apesar de dolorido, isto é até corriqueiros para executivos que atuam em organismos privados, já que a dinâmica do capitalismo exige ajustes imediatos, para superar os avanços dos mercados e, principalmente, da concorrência. Portanto, demitir, enxugar, remanejar, extinguir e criar, são processos cada vez mais exigidos dos gestores privados, que não se comovem, nem se preocupam com o fator humano, nestas formas de decisões do porte. Seus olhos só enxergam planilhas de custos, resultados e lucros. No setor publico é bem mais complicado, apesar de que as regras, pelo menos no que se refere à parte contábil, onde as contas têm que fechar, são bem parecidas com as regras enfrentadas pela iniciativa privada. Nas duas ultimas décadas, antes da virada para o século XXI (anos 80/9O) iniciou-se e teve desbragamentos no Brasil, uma política de austeridade fiscal muito forte, influenciados pelos nossos credores internacionais, principalmente o FMI, que começou a exigir, através de leis severas, aquilo que eles cunharam de responsabilidade fiscal. Estas exigências serviriam para dar maior garantia ao capital especulativo, já que com um estado gastador, sem rédeas, poderia haver um risco de um não cumprimento dos acordos. Era preciso que o estado ficasse enxuto e capaz de arcar o endividamento da agiotagem. Tudo isso culminou na famigerada lei de Responsabilidade Fiscal, que controla com mão de ferro os déficits públicos e que inibe até o nome, já que o não cumprimento significa irresponsabilidade. Os governantes públicos brasileiros adotaram posturas que engessam o funcionamento pleno do estados, ao mesmo tempo em que cria condições para os superávits fiscais e monetários tão desejados aos especuladores. O engraçado é que se essa lei fosse aplicada nos EUA não ficaria um único governante solto. Lá é onde são executados os maiores déficits fiscais do mundo. Trazendo esta discussão para o estado de Sergipe, o atual governo se defronta com uma esfinge, no melhor estilo decifra-me ou te devoro. Decifrar significa enxugar a máquina, ter coragem e pulso firme para diminuir o numero de secretarias, extinguir cargos em comissão desnecessários, cortar custos supérfluos e acabar com mordomias financiadas pela Viúva. Não é fácil para um político que depende de votos, e, portanto, de lideranças políticas, contrariar tantos interesses. Difícil também é convencer estas pessoas de que, sem as medidas, em breve a administração pode se inviabilizar e todos perdem. É como explicar aos carrapatos que se eles não pararem de chupar o sangue do cão, em breve este cão vai morrer e todos vão perder a fonte de alimento. Convencionou-se no Brasil a achar que, como os diamantes, os recursos públicos são, o que não é verdade. O governador João Alves Filho tem uma prova de fogo pela frente, mas a reestruturação do Estado é questão de sobrevivência e não faze-la, significa, em curto prazo, inviabilizar a sua administração, por um motivo que chega a ser ridículo de tão simplório: não há recursos suficientes. Além disso, se por um lado vai haver constrangimento e desagrados com o Estado mais ágil e enxuto, o dinheiro para investimentos em áreas primordiais como saúde, educação, segurança, habitação, infra-estrutura e combate à pobreza vão aparecer e podem compensar, de longe, em termos de popularidade, o que vai se perder descontentando lideranças. Vai haver uma mudança de foco político, onde os fundamentos democráticos passarão a ser aperfeiçoados na medida em que tira de um lado de poucos, para distribuir de outro para muitos. Há uma disposição bem forte, dentro de determinados setores do governo, em fazer uma reestruturação, e com urgência. Vamos ver se eles vencem, ou se ganha a turma que prefere ser devorada. ESCÂNDALO A denuncia é do lojista: um prefeito do interior está devendo a uma loja de tintas de Aracaju R$ 4 mil há nove meses. Toda a tinta adquirida foi para pintar um trio elétrico particular. O proprietário da loja está disposto a levar o caso ao Ministério Público, caso não receba o dinheiro. FALÊNCIA Segundo a mesma fonte, a prefeitura do interior que deve à loja, está praticamente com os cofres vazios, por gastos excessivos do prefeito para se sustentar politicamente. Deu como exemplo um pequeno dono de farmácia, que teve derrame cerebral porque a Prefeitura lhe devia R$ 60 mil há, vários meses, e só liberou apenas R$ 5 mil. CHAPA O PFL não vai fazer coligação proporcional, porque já tem 52 pré-candidatos a vereador, para definir uma chapa que cabe apenas 32. O partido não vai aceitar candidatos que tenham eleição garantida, para que todos disputem em grau de igualdade e tenham oportunidade de atingir seus objetivos. BOSCO O deputado federal Bosco Costa (PSDB) explicou ontem que o seu partido está fazendo o possível para lançar candidatos em todas as capitais. Disse que não lançou o ex-governador Albano Franco a prefeito, mas reconheceu que é o nome mais forte e mexeria com as estruturas das eleições municipais. INDIRETO Bosco Costa lembrou que o ex-governador Albano Franco foi um excelente prefeito indireto de Aracaju, de 1996 a 2000. Acha que não á nenhum demérito para um ex-governador disputar a Prefeitura de uma capital. Bosco não conversou com Albano Franco. REELEIÇÃO O deputado federal Bosco Costa revelou que votou favorável à reeleição dos presidentes da Câmara Federal e do Senado. Explicou que foi apenas coerente, “já que fui reeleito presidente da Assembléia Legislativa e defende a reeleição de todos os mandatos”. LAGARTO O Partido dos Trabalhadores está trabalhando, em Lagarto, para eleger o deputado Valmir da Madeireira, para a Prefeitura. O presidente do diretório, Padre Almeida, acha que “Valmir é o novo”, e o petista Juquinha acompanha o deputado e freqüenta o seu gabinete. GLÓRIA O prefeito de Nossa Senhora da Glória, Anselmo Correia (PTB), candidato à reeleição, diz que não sabe porque o ex-prefeito Sérgio Oliveira (PMDB) rompeu com ele. Anselmo está conversando para fortalecer sua candidatura. Sabe que enfrentará Aparecido, apoiado por Sérgio, e Zico, que tem apoio do PL e PFL. TRANSPORTE Estudantes da rede pública de Lagarto de Lagarto, que moram nos povoados, não estão freqüentando as escolas, por falta de transportes. O prefeito Zezé Rocha cismou que o Governo é que tem de se responsabilizar por isso e os estudantes é que ficam prejudicados. AUDIÊNCIA João Alves Filho recebe em audiência, na terça-feira, às 14:30 horas, o arcebispo de Aracaju e os bispos de Propriá e Estância, para tratar da questão dos professores. A classe procurou dom Lessa para intermediar o impasse e encontra uma saída definitiva para o problema. Que Deus ajude… PRESENÇA O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT), participará das eleições municiais em Sergipe, para dá forma à coligação que o apoiou na capital e interior. O deputado federal Heleno Silva (PL) foi um dos que mostraram a Dutra a necessidade de sua presença nas eleições, pela força que ele adquiriu com as eleições estaduais. PESQUISA Sai, neste final de semana, uma pesquisa encomendada pela pré-candidata à Prefeitura de Aracaju, Susana Azevedo, para verificar qual o melhor nome para vice. A deputada colocou diversas opções, de nomes com mandatos e sem, para ver qual seria a opinião do eleitor. ROLA O Prona terá candidato à Prefeitura de Aracaju. Será Rola, que foi candidato a deputado federal e obteve mais de 20 mil votos. Rola, como candidato majoritário, pode chegar a 30 mil votos, que vêm do protesto, da descrença e da revolta de setores da sociedade. De qualquer forma, ninguém terá mais tesão para administrar do que Rola. Notas ISENÇÃO O deputado federal João Fontes (sem partido) anunciou que o Governo conseguiu aprovar, na Câmara Federal, com votação em segundo turno, o projeto que isenta o IPMF das aplicações financeiras, que vai beneficiar exatamente os banqueiros e os grandes investidores. É um Governo para os ricos. Só para mostrar a incoerência do Planalto, o Governo votou projeto de autoria do deputado João Fontes, que isentava do IPMF todos os valores provenientes de salários dos trabalhadores. O povo paga pelos ricos. CANINDÉ O pré-candidato a prefeito de Canindé do São Francisco, Paulo de Deus Barbosa (PHS) pode conseguir uma mistura partidária tão heterogênica quanto explosiva. Integram a coligação que o apóia o PT, PFL, PV e PL. O pessoal já começou a trabalhar o PSDB e está conseguindo. É muito estranho. Essa mistura que se pratica no interior, desmascara certos pruridos que se verifica na capital, onde algumas legendas sequer podem se aproximar. Derruba também o projeto das oposições se fortalecer no sertão. CHUVAS Está caindo a chamada chuva molhadeira no sertão, que serve para o plantio. Pela primeira vez, nestes últimos anos, Canindé teve o maior volume de chuvas. Poço Redondo, Monte Alegre e Glória caiu bem menos, mas o suficiente para o pessoal pegar na enxada e iniciar o plantio, principalmente de feijão. Há uma esperança de bom inverno este ano, embora tenha sido divulgada previsão de seca, o que completaria o sexto ano sem chuvas na região do semi-árido. Se a chuva permanecer até julho, a situação se normaliza. É Fogo A candidatura de Rola a Prefeitura de Aracaju vai provocar uma série de piadas em comparação aos seus concorrentes. O governador João Alves Filho viajou ontem a Brasília, para contatos com ministérios e encontro com a cúpula do PFL. O deputado federal Jorge Alberto (PMDB), pré-candidato a prefeito, participará hoje da radio conferência na Rede Ilha. O ex-prefeito Jerônimo Reis (PTB) ainda está sem decidir sua candidatura à Câmara Municipal de Lagarto. O ex-governador Albano Franco (PSDB) está em São Paulo e não falou sobre a sugestão do seu nome para a Prefeitura de Aracaju. Na opinião de um membro do Pl, “o Partido dos Trabalhadores é incontrolável com a ganância do poder. Ninguém suporta esse pessoal no interior”. Apenas em Aracaju se consegui manter a coligação que apoiou José Eduardo Dutra, nas demais cidades a disputa é grande e a oposição sai fragilizada. A situação dos professores continua insustentável e o diálogo cada vez fica mais difícil. Os estudantes é que saem prejudicados. Bastante desunidas, as oposições tendem a perder em Barra dos Coqueiros e já começa a se movimentar para ganhar na justiça. O prefeito de Poço Redondo, frei Enoque (PL) vai enfrentar o PT para eleger sua candidata à Prefeitura daquela cidade. A questão do PT lançar candidatura em Poço Redondo, para enfrentar Enoque, tem causado constrangimento a setores das oposições. O déficit da Previdência Social em abril ficou em R$ 1,946 bilhão, com aumento real de 30,1% sobre o resultado de março, que foi deficitário em R$ 1,496 bilhão. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br