CRIANÇAS CONTINUAM NASCENDO COM SÍFILIS

Em todo o país, continuam surgindo novos casos de crianças que nascem com Sífilis Congênita. A sífilis congênita ocorre quando a mãe infectada passa a doença para o bebê através da placenta. A doença pode provocar uma série de danos para o feto, destacando-se o baixo peso ao nascer, a prematuridade e o óbito fetal. Em mais de 50% dos casos a infecção na criança é inaparente ao nascimento, com surgimento de sinais e sintomas, geralmente, nos três primeiros meses de vida
Campanhas Informativas foram realizadas
Até bem pouco tempo, apesar de ser mais frequente na gestação do que a infecção pelo HIV e de ser possível a cura, com tratamento simples e de baixo custo, a sífilis não tinha a mesma visibilidade e mobilização para o seu controle. Já foram realizadas várias campanhas informativas para o público em geral, sobre sífilis com ênfase em sífilis congênita e capacitações de médicos e enfermeiros com relação ao diagnóstico e tratamento da gestante e parceiro.
Sífilis Congênita nos municípios
Cada município que registra um novo caso de sífilis em bebê significa mais uma falha no serviço de saúde local, principalmente, na atenção básica ou atenção primária. As falhas no pré-natal envolvem vários fatores. A não realização do pré-natal é considerada um dos principais fatores responsáveis pelos casos de Sífilis Congênita. A realização do pré-natal de forma incompleta ou inadequada seja pelo início tardio ou por falta de comparecimento às consultas, também representa importante fator para explicar diversos casos de sífilis congênita, indicando que ainda existe deficiência na qualidade da assistência pré-natal no Brasil.
As principais falhas do pré-natal
A principal queixa dos médicos e enfermeiros era com relação ao diagnóstico, pois o resultado do exame denominado VDRL demorava muito. Recentemente foi implantado o teste rápido na maioria dos municípios, facilitando assim o diagnóstico no pré-natal. Surgiu outro problema no diagnóstico: alguns profissionais de saúde capacitados na realização do teste passaram a se negar a fazê-los, alegando que não era seu papel. Estamos numa situação grave com relação ao aumento dos casos de sífilis em bebês e se não houver a colaboração dos médicos e enfermeiros, continuaremos perdendo a batalha. Minimizando o problema do diagnóstico, surgiu o problema da administração da penicilina, no tratamento das gestantes com sífilis e seu parceiro. Alguns profissionais de saúde se negam prescrever e administrar a penicilina benzatina, medicamento tão utilizado no tratamento de várias doenças, sob a alegação do risco de choque anafilático, ocorrência tida com raríssima na prática das unidades de saúde. Enquanto os profissionais de saúde discutem se usam ou não a penicilina, as crianças vão nascendo com sífilis. Já tem estado como a Bahia, apelando para o Ministério Público, no sentido de que os profissionais mudem de atitude.
Existem falhas também, na Equipe de Saúde da Família, com relação à captação das gestantes para início do pré-natal. Em primeiro lugar, nem sempre há 100% de cobertura das equipes e muitas gestantes “escapam” da abordagem do agente de saúdeO início do pré-natal está ocorrendo tardiamente. É necessária uma maior participação dos agentes comunitários de saúde na captação da gestante da sua área, para que inicie o mais cedo possível, o pré-natal. Nas supervisões nos municípios, observamos que camisinha nem sempre está sendo recomendada, pelos profissionais de saúde, nas relações sexuais durante a gravidez. Os agentes de saúde precisam sempre disponibilizar os preservativos até para as gestantes e parceiros. Existem falhas da própria gestante, que por razões culturais, socioeconômicas e nível de escolaridade, não procuram a unidade de saúde para iniciar o pré-natal mais cedo. Existem aquelas que possuem dificuldade de acesso aos serviços de saúde da comunidade. Por outro lado, é pequeno o número de parceiros de gestantes com sífilis que comparecem aos serviços para realizar o tratamento. Isso se deve ao fato de que grande parte da sociedade é preconceituosa e machista, considerando que tanto a gravidez como a criação dos filhos são de responsabilidade exclusiva das mulheres. Nem sempre as equipes conseguem sensibilizar os parceiros das gestantes para participar do pré-natal. Torna-se necessário o convite do parceiro da gestante, para que também faça os exames de Sífilis e do HIV. Quando a gestante tem sífilis, o parceiro precisa também fazer o tratamento correto.
A Sífilis Congênita se configura como um grave problema de saúde pública e seu controle depende de mudança de atitude dos gestores e profissionais de saúde. É importante também que o tema Sífilis seja abordado nas escolas, principalmente, devido a grande incidência de gravidez na adolescência.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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