CRIAR OU PARAR NO TEMPO? (*) Criatividade e inovação estão gradativamente deixando de ser consideradas palavras da moda do discurso organizacional e estão se tornando uma competência da maior importância. Todavia, vale afirmar que ainda existe uma grande confusão sobre o entendimento do que seja criatividade e inovação. Mas, vamos considerar que, mesmo atualmente, a relação da importância da criatividade para a sobrevivência econômica de empresas e países é ainda relativamente nova se pensarmos que até a metade do Século XIX a sobrevivência de uma maioria expressiva da humanidade estava diretamente associada à sua relação com a terra. Uma grande parte expressiva da população mundial vivia nas áreas rurais e sobrevivia graças ao plantio e resultado das colheitas para ter alimento e renda. A partir da revolução industrial esse cenário começou a se transformar. E como resultado milhares de pessoas deixou as suas terras e migraram para os povoados, vilas e cidades na busca de melhores condições de vida. Portanto, abandonaram a agricultura para fazer parte de um novo sonho ser um trabalhador assalariado em uma dos milhares de fábricas que começaram a ser instaladas. Dai a competição pela sobrevivência deixou de ter uma ligação direta com o plantio, com a cultura, com a colheita para ter uma ligação direta com o trabalho assalariado. Assim sendo, ganhava um maior salário quem era capaz de produzir mais e mais rápido e por este motivo a força e disposição física contava bastante. Nesse cenário a competição pela sobrevivência estava fundamentada em um trabalho assalariado, no qual não se precisava pensar muito, não precisava de muito estudo e era importante, apenas, ter uma boa disposição física e produzir bastante. Mas, como parte de uma natural evolução pouco a pouco a força física foi sendo substituída pelo conhecimento. A moeda de troca deixou de ser a força física e passou a ser o conhecimento, a educação. Por mais estranho que possa parecer, a Segunda Guerra Mundial provocou um violento impulso criativo, pois uma infinidade de novas tecnologias foi criada, como por exemplo, o radar, os sistemas de comunicação os aviões a jato e a bomba atômica. E depois da guerra, por quase duas décadas a competição econômica ficou bastante localizada e, só a partir da década de setenta a competição econômica torna-se internacional e atinge a escala global a partir de 1980. Como resultado de tudo isto, a Humanidade teve uma evolução tecnológica fenomenal nos últimos cinquenta anos do que ao longo de toda a sua história. Só para se ter uma ideia dessa evolução calcula-se que até 1500 D.C. o conhecimento da humanidade duplicou; todavia, os cientistas que estudam o conhecimento da Humanidade afirmam que o conhecimento global agora é duplicado a cada 18 meses. As empresas de hoje não sabem que tipo de profissionais irá ser necessários daqui a dez anos e os jovens que entram na universidade atualmente não imaginam que o que aprendem ao entrar na universidade estará obsoleto no momento que estiverem recebendo os seus diplomas. Com toda essa evolução, as empresas de todo o mundo estão entendendo que para a expansão dos novos negócios, produtos e serviços são necessários contar com a criatividade do seu capital humana, portanto esta é sem dúvida alguma a nova fronteira a ser vencida. Mas, qual é o problema afinal? Se todos os seres humanos são criativos, o que poderá nos preocupar? Na verdade, somos todos criativos, mas a nossa educação teima por moldar as pessoas, por preparar soldadinhos para a luta da vida. E, à medida que vamos sendo educados a nossa criatividade vai sendo sufocada e, além dos mais a criatividade não é ainda uma competência bem aceita em muitas empresas. É só pensarmos que as pessoas ditas criativas têm por hábito se posicionar, dizer o que pensam, criticar, mostrar as suas ideias, não concordar quando não aceitam o que lhes está sendo imposto. E, no nosso mundo ocidental preferimos as pessoas que concordam, mesmo quando estão discordando intimamente. Bem, qual é o medo afinal? Na verdade esse momento atual em que vivemos buscando deixar, mesmo timidamente, que a nossa criatividade aflore, apenas nos mostra que estamos despertando para um novo tempo. Um tempo no qual as pessoas possam vivenciar, exprimir e deixar à tona a sua criatividade sem ter medo de ser taxada de diferente, louca ou fantasiosa. No mundo no qual estamos vivendo, cada vez mais vai se precisar de criatividade, de fazer as mesmas coisas por caminhos diferentes, de fazer mais com menos recursos, de enxergar oportunidades ainda não vistas, de entender que existem muitas maneiras de ver as mesmas coisas de forma diferente. (*) Fernando Viana Fundação Brasil Criativo www.fbcriativo.org.br
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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