A competência criatividade é certamente o maior impulsionador de mudanças, seja com pessoas, seja em comunidades, seja em empresas ou instituições, cidades ou países. Cada vez mais se constata que os líderes precisam resgatar e desenvolver a sua criatividade para que aprendam a decidir com velocidade, com visão e com segurança para que possam comandar os grandes processos de mudança que possuem à sua frente.
Quando estudamos ambientes organizacionais percebe-se nitidamente a diferença entre as empresas nas quais as lideranças aprenderam a lidar com a criatividade e aquelas que ainda estão fora deste contexto. No Nordeste há um traço cultural forte em algumas regiões; traço este que é comandado pelo ciclo da “sobrevivência ”: escassez, competição, controle, repetição e sobrevivência.
A escassez se faz presente no ambiente daquelas empresas não enxergam o cenário fora do seu ambiente de trabalho como promissor e sim como um mundo de escassez. Com o foco centrado nesse cenário não se investe nos funcionários porque não vai se preparar “jornal para outros lerem”, não são pagos bons salários porque isso irá diminuir a receita da empresa, não se estimula o trabalho em equipe porque é preciso que as pessoas fiquem competindo umas com as outras, pois acredita-se que assim irão produzir mais.
A presença do controle fica caracterizada pela existência de uma pessoa que controla tudo ou por um grupo fiel ao “chefe” e dessa forma, ninguém ou quase ninguém chega ao gerente maior. Por sua vez ele só recebe as informações ou pessoas que a sua blindagem permite passar e, dessa forma, muitas vezes, o mesmo parece que vive no “país das maravilhas” quando fala do que acontece na sua empresa ou instituição porque, na realidade, ele só vê aquilo que a sua equipe de confiança quer que ele veja. Já acompanhei muitos executivos com esse tipo de problema e já vi muitos executivos jovens e até mesmo inexperientes “virarem” esse jogo. O maior problema é que muitos gostam de pensar que então “controlando” tudo e que só acontece aquilo que eles querem que aconteça.
Como vivem em um mundo do “faz de conta” na maioria das vezes apenas copiam experiências bem sucedidas e fazem com que essas mesmas experiências, muitas vezes pensadas para outro público, para outra região, para outra necessidade aconteçam em suas empresas e instituições e, alimentados pelas informações das suas equipes cantam aos quatro ventos o sucesso da sua liderança.
Esse é um cenário bastante forte no Nordeste e real em várias perspectivas. Todavia, por outro lado existem algumas muitas exceções de “cases” bem sucedidos seja em comunidades, sejam empresas, seja em instituições. E esta realidade nos faz acreditar que é possível sim virar o jogo e fazer realmente o processo de transformação territorial acontecer com sucesso.
Fico muito feliz quando percebo que a população começa a entender que o dinheiro público é dele e cabe ao cidadão acompanhar, criticar ou apoiar o gasto desse dinheiro. Assusto-me quando veja uma comunidade pobre gastar milhões com os chamados eventos públicos , mas fico bastante animado quando vejo a população criticar os seus vereadores porque iriam usar carros de luxo . Esse sim é o verdadeiro papel do cidadão, estar atento e apoiar quando vê que é preciso e criticar quando não concordar com o que está acontecendo. Ao se posicionar de forma justa e correta estaremos vivenciando a plena cidadania e isso acontecendo, certamente iremos chegar ao patamar dos países de primeiro mundo, no qual a palavra do cidadão vale tanto quanto uma barra de ouro. É uma questão de mudança, é uma questão de postura, e, principalmente, é uma questão de liderança.
Na realidade existe uma ligação muito forte ente liderança, criatividade e transformação. Mas, porque estamos afirmando que os lideres precisam ser criativos? Realmente, isso é necessário? Vamos então discutir sobre algumas competências consideradas importantes, hoje em dia, para os líderes.
Considerando-se uma pesquisa da Peter Drucker Foundation na qual forma levantadas as características de uma pessoa criativa e as características necessárias para o líder do futuro, chegou-se a seguinte situação:
Características da Pessoa Criativa / Características do Líder do Futuro
Curiosidade / Busca opções e não planos
Gosta de experimentar o novo / Procura pelo que é possível
Independente / Precisa ser flexível
Mente aberta / Persegue uma visão
Brincalhão e questionador / Incansável, inventivo
Perceptivo e perseverante / Atento as pessoas que se arriscam porque são construtoras de esperança.
Gosta de assumir riscos/ Assume desafios e quebra paradigmas
Busca o seu autodesenvolvimento / Estimula os talentos, a criatividade e a inteligência dos outros
Portanto, é possível se ver que existe uma forte correlação entre o indivíduo criativo e as características necessárias para uma líder da atualidade. É só imaginarmos quem é que gosta de ser liderado por uma pessoa, controladora, que assassina as ideias dos colaboradores, que tem medo da mudança e que não quer nem ouvir falar no desenvolvimento dos seus colaboradores?
Dai qualquer processo de mudança que for conduzido por uma liderança que não tenha o espírito criativo bem desenvolvido certamente está fadado ao fracasso. E, isso na realidade não é novidade para a maioria de nós. Quantas e quantas vezes nas nossas organizações somos conduzidos por pessoas que não têm a menor habilidade para liderar pessoas?
No mundo atual, cada vez mais, se torna necessário se utilizar os recursos fornecidos pela competência criatividade, pois a competitividade é grande, a competência das pessoas é grande, a velocidade com que os produtos lançados no mercado sejam rapidamente superados é grande e, por teste motivo, cada vez mais temos que fazer o melhor, da melhor forma, com o melhor design, com a melhor qualidade e com um preço bastante competitivo. Isso é difícil de acontecer quando as lideranças têm dificuldade de trabalhar com a criatividade, de ousar, de buscar novas ideias e de abrir caminhos.
(*) Fernando Viana
www.fbcriativo.org.br