Criatividade e Inovação

Nos últimos anos se tem falado muito em criatividade, mesmo assim para muitas pessoas a palavra criatividade ainda é vista com uma certa reserva. Os motivos são muitos e de certa forma fazem sentido: para muitas pessoas a criatividade está ligada apenas a arte: pintura, desenho, escultura, canto e teatro. De um modo geral, a maioria da população e até mesmo pessoas muito esclarecidas não compreendem que a criatividade é, na verdade, resultante da nossa capacidade de enxergar o mundo com outros olhos, ver os mesmos problemas de forma diferenciada e, dessa maneira, conseguir encontrar soluções ainda não pensadas ou sugeridas. Portanto, a criatividade não está apenas em desenhar belos quadros, em fazer belos bonecos, nem esculturas magníficas, na verdade, esta é apenas uma das muitas facetas da criatividade. E, no mundo atual, cada dia mais exigente e competitivo, a criatividade se torna, na verdade, um diferencial de competência para qualquer indivíduo, seja em que cenário de atuação ele esteja agindo, seja em qualquer tipo de profissão ou negócio. Se quiser sobreviver tem que aprender o conceito de pensamento criativo e começar a aplicá-lo onde quer que seja. Talvez, essa ainda seja uma grande barreira a ser vencida.

A FBC promove desde 1999 o Fórum de Criatividade e Inovação e para muitos desavisados, que acreditam não se tratar de um evento interessante; todavia, vale lembrar que para aqueles indivíduos proativos que estão de olho no seu desenvolvimento profissional a sua criatividade foi trabalhada , desenvolvida e os mesmos começam a entender a importância da criatividade como uma poderosa ferramenta que poderá estar aliada tanto ao seu desenvolvimento profissional como pessoal. Portanto, aqueles indivíduos que quiserem buscar o seu desenvolvimento pessoal e profissional, certamente terão que aprender a utilizar as técnicas e ferramentas do pensamento criativo; pois só assim poderão sentir verdadeiramente que possuem um poderoso diferencial competitivo individual.

Falamos tanto da criatividade brasileira, mas, infelizmente muitas vezes nós mesmos sem querer confundamos tudo isto. Quando falo em criatividade entendo que é preciso fazer um paralelo com atitudes, com cidadania, com ética, respeito, valores humanos e princípios universais. E mais ainda, com a coerência entre o discurso e a prática. Não consigo entender e acreditar que estamos exercendo a nossa criatividade quando as nossas atitudes não estão imbuídas de cidadania, respeito e dos princípios universais.

Acredito que, infelizmente, no Brasil muitas vezes as pessoas que falam de criatividade misturam tudo e o que ofertam ao seu público é a criatividade do “oba-oba”, da mesmice do “febeapá” e, como conseqüência, o mundo empresarial não quer nem sequer ouvir essa palavra. Acredito que é isto que acontece no Brasil de um modo geral. Acreditamos que somos “criativos” e somos “espertos” demais.

Ao longo desses anos temos procurado ensinar às pessoas que a criatividade depende basicamente de utilizarmos muito bem a qualidade do nosso pensamento, de adiarmos o julgamento, de ouvirmos as pessoas, de alternarmos o nosso pensamento (divergente e convergente) e principalmente, o ser criativo exerce e vive atitudes e posturas cidadãs. De nada, nada mesmo adianta querer ser um indivíduo criativo para burlar leis, passar por cima dos outros, levar vantagens e enganar as pessoas.

E o ser criativo é justamente aquele que luta contra a mesmice, contra a chatice dos modelos mentais ultrapassados. Por outro lado, entendemos por “criatividade” um produto, ou mesmo, o resultado de um processo (criativo); de maneira que, nesse processo estará sendo considerado um atitudinal, o qual por sua vez influencia e, muitas vezes, até determina, a qualidade de todo o processo, uma vez que estará sendo considerado também o conhecimento, a imaginação e a avaliação de uma determinada pessoa. Quando dizemos que alguma coisa é criativa, subentendemos que ela é original e útil para uma determinada pessoa, não importando se não for para outro. Partindo-se desse princípio, torna-se claro que é impossível avaliar a criatividade de quem quer que seja, e, muito menos, compará-la com a de outra pessoa.

O processo de criar é uma habilidade fantástica da mente humana, que é a de, justamente, traduzir as percepções e os entendimentos que estão escondidos no fundo do nosso inconsciente e levá-los para a arte, para a ciência, para a medicina, para a engenharia, em suma, para as escolas, para as universidades, empresas, pessoas, para o dia a dia de todos nós.

Em resumo, pode-se afirmar que a criatividade é um processo, cujo produto final resultante é algo que é novo, considerado útil ou satisfatório para um determinado grupo de pessoas num determinado período. Logo, não basta apenas ser uma “novidade” para que um trabalho possa ser considerado como criativo, é importante que ele também cause alguma transformação, ou uma mudança de paradigmas.

Assim sendo, o processo criativo ocorre num contexto social, sendo, portanto afetado pelo ambiente geográfico, pelas forças sociais, econômicas e políticas, pelos valores culturais e é fundamentalmente afetado pelas oportunidades geradas pelo sistema de educação e as práticas existentes na educação das crianças.

Todavia, a inovação é resultante da criatividade coletiva; portanto sem que se estimule a criatividade, sem um ambiente criativo, sem pensamento criativo é muito dificil haver inovação. Portanto, por mais que se queira as empresas não colhem inovação quando não plantaram a criatividade no seu solo empresarial.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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