Depois de assistir ao debate entre os candidatos ao governo, ontem, na TV Sergipe, tive que concordar com um dos meus melhores amigos jornalistas, da sucursal da Folha de São Paulo, em Brasília, ao afirmar, peremptoriamente, que nunca um pleito é igual ao outro. Podem existir semelhanças, mas nunca serão iguais. Para ele, eleições são momentos históricos singulares, sujeitos às intempéries da política. E sempre haverá surpresas ao longo de uma campanha, capazes de mudar cenários até então existentes.
No debate de ontem, por exemplo, assistimos a um Marcelo Déda com sorriso amarelo – ou seria levemente avermelhado? – diante das acusações de corrupção desferidas ao seu querido partido, o PT. Quanta diferença do pleito de 2004 quando enfrentou com garra “adversários de peso”, trucidando-os com a sua brilhante oratória.
Como mudou o jovem e altivo político do PT sergipano, em apenas dois anos, somente porque seus principais companheiros de luta – que dividiam contas em restaurantes e até o mesmo apartamento onde morava, em Brasília, na fase de deputado federal – tiveram as máscaras da seriedade arrancadas brutalmente, nesse ínterim, por conta de travessuras praticadas no poder.
Ora, mas Déda, assim como Lula, também não sabia de nada, portanto, não precisava perder o senso de humor no debate, exibindo aquele sorriso forçado, quase sem graça, ao final de cada fala, diante de um João Fontes “endiabrado”, acusando o PT e cobrando-lhe respostas simples:
O que aconteceu com o dinheiro das emendas destinadas no Orçamento Geral da União para Aracaju? Onde está o conjunto habitacional proposto? E a creche? E a ponte ligando o Inácio Barbosa ao Augusto Franco?
Infelizmente, desta vez, a oratória do ex-prefeito de Aracaju não foi convincente nas respostas, deixando um certo vazio no ar para os telespectadores. Quase sempre o argumento dele era: “o dinheiro não chegou”… “O governo (do compadre Lula) não liberou as emendas de Aracaju”. Por certo, Déda não estava num de seus melhores dias.
Em suma, o candidato do PDT, João Fontes, aguerrido, conseguiu apresentar ontem o seu melhor desempenho nesta campanha. Pode ganhar assim alguns pontos extras nas pesquisas. O governador João Alves, por sua vez, esteve menos prolixo que o habitual e os demais candidatos, Toeta e Adelson, apenas cumpriram tabela.
Um debate pífio, porém democrático. Mas sem força suficiente para mudar opiniões formatadas ou definir o pleito de uma vez por todas.