Os últimos acontecimentos em Brasília poderão mudar significativamente o rumo das eleições do próximo ano em nosso Estado. Não porque o PT tenha se enfraquecido (como de fato aconteceu) com as denúncias que pesam contra Delúbio Soares, José Dirceu e José Genoino, mas, sim, por causa de uma possível convocação do atual prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, às pressas, para ocupar uma pasta no Governo Lula.
Governar é viver isolado na multidão. Os inúmeros “amigos” em torno do rei são como mariposas em torno da luz. Ao menor sinal do escuro, elas somem. Buscam outro ponto luminoso. Homens considerados poderosíssimos viveram essa realidade na prática. Cercaram-se de amigos do poder e, lógico, foram abandonados meses antes de deixar o cargo. Há inclusive uma frase de um ex-governador, da qual não esqueço jamais, que bem retrata o fato: “Até os garçons do Palácio, no último ano de governo, passam a servir café frio e água quente aos seus ocupantes”. E o presidente Lula já se deu conta disso. Enfraquecido diante de tantas denúncias, o presidente da República precisa cortar na carne – como ele mesmo dissera – mas precisa também se fortalecer, buscando os melhores (e mais confiáveis) quadros que ainda restam em seu partido para compor um novo governo na reta final.
É aí que entra a figura do prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, neste momento difícil. Amigos de longa data, compadres, Déda e Lula compartilham entre si os mesmo ideais partidários, as mesmas convicções. Sempre estiveram em perfeita sintonia. Razão pela qual o telefone do prefeito Déda não parou de tocar na última terça-feira à noite, convocando-o para uma reunião urgente em Brasília, no dia seguinte.
Há quem pergunte: “E o projeto do PT em Sergipe para 2006, como fica?”. Ora, fica para depois. Afinal, a governabilidade da nação está em jogo. E o projeto do partido, de mais quatro anos no comando da República, é muito mais importante para todos neste momento. É questão de sobrevivência política.
Não se surpreenda, portanto, se Déda tiver que postergar projetos pessoais para mais adiante.