Embora o próprio Marcelo Déda (PT) ainda não tenha declarado que é candidato à reeleição, os seus novos hábitos indicam que sim. Déda está mais solto, aparece com mais freqüência e retomou a naturalidade de quem busca mais atenção do eleitorado. É candidatíssimo e deve ter conversado isso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste sábado e domingo em que passou, informalmente, com o compadre e amigo, num agradável final de semana. Déda sabe que só ele evita um tumulto do bloco, em torno da indicação do vice. Não vai querer ser o responsável por uma possível dispersão. Além disso, tem o resultado da pesquisa, publicada por um semanário, que o coloca em posição privilegiada. Se ainda não está em campanha e chega a níveis acima de 40 pontos, é sinalização de que pode ganhar no primeiro turno, caso confirme a candidatura imediatamente. Ninguém pode negar que Déda está sendo a bola da vez, mas a melhor tacada será dada depois do carnaval, quando ele conversar com as bases, ter um encontro com as lideranças dos partidos aliados e se entender com José Genoino e Lula, sobre a sua candidatura. Daí se dará o lançamento e, paralelamente, o início da campanha. Uma coisa muita gente deve ter percebido: os partidos aliados estão evitando falar no candidato a vice-prefeito e esperam uma posição de Marcelo Déda. Na realidade, o prefeito demonstrou insatisfação com uma entrevista do deputado federal Jackson Barreto (PTB), falando sobre a participação dos aliados na chapa. Pode acontecer, mas a posição de Déda junto ao eleitorado é tão cômoda, que é ele quem vai indicar o seu companheiro de chapa e de possível futura administração. Pode ser o próprio Edvaldo Nogueira. Antecipe-se que o prefeito não teve nenhum problema com o seu vice, nestes três anos, e tem elogiado sua postura, principalmente na forma como ele colabora com a administração e do jeito que atua quando está no comando da cidade. Quanto aos adversários, ainda não existe uma definição. A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) tem demonstrado interesse em disputar o mandato. Fala-se que tem em mão consulta do TSE que não vê objeção em sua candidatura. Entretanto, a maioria dos advogados, mesmo do grupo vinculado ao Governo, acha que ela está impedida disso. Mesmo assim, o nome dela tem aparecido na relação dos candidatáveis e foi a segunda colocada na pesquisa do semanário, com 16 pontos. Muito distante do primeiro. Mas pode-se considerar que Maria do Carmo é apenas uma hipótese e não existe nada de concreto em torno do seu nome para a Prefeitura de Aracaju. Para ser sincero, a tendência maior é que ela fique fora do páreo, em razão da concentração de poder em mão de uma única família. O pré-candidato do PV, deputado Gilmar Carvalho, já está começando a pensar em tirar o seu time de campo. Semana passada ele disse que está demonstrando, ao grupo que apóia o Governo, que tem condições de enfrentar Marcelo Déda, baseado em números de pesquisas. Avisa que vai se manter assim até o mês de abrir. Se tudo continuar como está e não houver uma decisão, ele se recolhe e pode retirar a candidatura. Ontem ele disse que não servirá de escada para projetos de nenhum candidato a 2006 e reconhece que a única pessoa que realmente está na disputa pela prefeitura, sem querer se cacifar para o pleito de 2006, é a deputada Susana Azevedo, pré-candidata pelo PPS. O que os aliados do Governo mais estranham é o silêncio do governador João Alves Filho em relação às eleições em Aracaju. Até o momento um dos nomes mais viáveis do PFL, Pedrinho Valadares, ainda não conseguiu falar com o chefe sobre candidatura. Aliás, João Alves tem evitado falar sobre política e, dentro da própria equipe, a impressão é de que a preocupação dele, neste momento, é administrar o Estado, iniciar obras e mostrar um trabalho diferenciado para Sergipe. Numa roda de políticos comentou-se que João Alves Filho já brigou muito com o Planalto e poderia sofrer perseguição financeira caso arregaçasse as mangas para tomar a Prefeitura. A tática seria ficar ausente e se fortalecer para 2006. Não se sabe o que passa na cabeça do governador, mas é uma tática perigosa, porque seus aliados dependem de sua posição.De qualquer forma é bom esperar, porque João Alves sempre atuou com muita prudência na indicação de candidato. Certamente ele só entrará em cena no segundo tempo, depois do carnaval, quando tiver certeza absoluta de que seu bloco terá um nome para ganhar. Caso contrário, é possível que se mantenha em paz com o Planalto. ENCONTRO O deputado federal João Fontes (sem partido) disse ontem que conversa às claras com todos os políticos. Com Maria do Carmo, com Marcelo Déda ou com Jackson Barreto. “Diferentemente de Marcelo Déda e José Eduardo, que quando querem conversar com Albano Franco e Leonor Franco o fazem às escondidas, fora do Estado”, alfinetou. REFÉM O PT ficou refém do PFL a nível nacional, porque quem trabalha para evitar a CPI do caso dos bicheiros é Antônio Carlos Magalhães. Jader Barbalho e Maluf também trabalham. João Fontes admite que ACM está pagando agora a fatura do favor que Lula lhe fez, ao arquivar a CPI dos grampos na Bahia. CAMPANHA O deputado João Fontes acha que a militância está frustrada porque pensava que o dinheiro de campanha do PT vinha da venda de estrelinhas. Quando cai o pano, começam a enxergar que os recursos eram provenientes da contravenção. O jogo do bicho financiava o Partido dos Trabalhadores… ASSINATURA Até ontem apenas o deputado federal Bosco Costa (PSDB), além de João Fontes, havia assinado o pedido de abertura da CPI dos bicheiros. João Fontes apenas acha que os deputados José Carlos Machado e Mendonça Prado (PFL) também devem assinar o documento. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) disse, ontem, que “Lula ao invés de construir um Brasil sem fome, está construindo um Brasil sem jeito”. Machado diz que quer ver, “sem crescer, como será resolvido o problema político de um país que vê aumentar o desemprego e as desigualdades sociais”. PLANO A base do Governo no Senado rejeitou o relatório sobre o PPA, do petista Saturnino Braga, porque ele insistiu em reduzir o superávit primário em 0,5% cada ano. O superávit primário está sendo utilizado para pagamento ao FMI, quando poderia ser usado no socorro às vítimas das enchentes, por exemplo. CRISE Explode uma crise na base do Governo no Estado, com uma forte discussão entre o deputado Gilmar Carvalho (PV) e o líder do Governo, Venâncio Fonseca (PP). Gilmar denunciou que uma “corja de parlamentares” foi pedir sua cabeça na rádio Jornal. Venâncio se exaltou e exigiu que Gilmar pedisse desculpas aos colegas. ILEGALIDADE O advogado José Cláudio considerou uma ilegalidade o anuncio de recompensa de R$ 20 mil, oferecido a quem desse pistas do ex-deputado Antônio Francisco. “Ele é apenas acusado e não condenado”. Acha que isso virou uma vergonha e que ninguém mais liga: “não se usa mais nem em filme de bang-bang”, ironizou. DINHEIRO José Cláudio disse, ainda, “que já estão oferecendo 20 dinheiros, certamente chegarão a 30 dinheiros, para encontrar algum Judas”. Mas voltou a brincar: “quando a Secretaria de Segurança oferecer 600 mil reais, vou apresentar o nosso cliente”, disse. FABIANO O deputado estadual Fabiano Oliveira (PTB) concordou que as discussões políticas só devem começar depois do carnaval. Fabiano é um dos nomes citados para compor a chapa como vice, mas é de acordo que tudo isso só deve ser visto quando todos se sentarem para debater a sucessão em Aracaju. ALBANO O ex-governador Albano Franco (PSDB) mantém a posição de não tratar sobre política: “dentro do meu partido acompanho tudo que está acontecendo, mas sem opinar”. Disse que os deputados Bosco Costa e Ulices Andrade vem coordenando bem o partido no interior e “apenas dou as minhas opiniões”. O ex-governador está muito gripado… DISCURSO O deputado José Carlos Machado acha que o governador João Alves Filho deve reunir todos os auxiliares e ler para eles a mensagem que levou para a Assembléia. “É preciso que os secretários tenham o mesmo entusiasmo do governador João Alves Filho e passe isso para todos os servidores”, aconselha o parlamentar. OTIMISMO José Carlos Machado acha que os auxiliares deveriam ser impregnados do otimismo que tem o governador João Alves Filho, quando expõe os projetos de Sergipe. Sugere que todos os secretários devem ter conhecimento do que está sendo feito no Estado em todas as áreas: “Nenhum deles deve ignorar o trabalho global do Governo”. Notas PROCURADOR O procurador de Justiça Carlos Waldemar Rezende Machado toma posse nesta quinta-feira, às 11 horas, no cargo de procurador geral do Ministério Público, junto ao Tribunal de Contas do Estado, em substituição a Sérgio Monte Alegre. Carlos foi eleito pelo Pleno do Tribunal e nomeado pelo governador João Alves Filho. Esta é a primeira vez na historio do Tribunal de Contas do Estado que um procurador geral ocupa o cargo através de eleição direta. Até então, os procuradores gerais eram escolhidos através de rodízios. APURAÇÃO Os deputados federais, principalmente que fazem oposição e os que foram expulsos do partido, estão querendo apurar todas as denuncias que foram formuladas contra o assessor do Planalto, de nome Waldomiro, diretamente vinculado ao jogo do bicho e que tinha forte influência junto a José Dirceu. O Partido dos Trabalhadores realmente não pode passar essa oportunidade, para mostrar que não tem nada a ver com isso. Não adianta querer cobrir a verdade com a peneira, porque causa nojo à sociedade. GILMAR Um assessor direto do governador João Alves Filho revelou, ontem, que dificilmente o deputado estadual Gilmar Carvalho terá apoio do bloco do Governo para disputar a Prefeitura de Aracaju, mesmo que mostre condições de enfrentar o prefeito Marcelo Déda (PT), como ele anuncia. A fonte acrescenta que Gilmar abriu muitas arestas dentro do próprio Governo, o que tem constrangido muita gente, que evita o apoio a seu nome. Gilmar tem anunciado que sem o apoio do bloco, retira a candidatura. É fogo A administração do Habib confirmou ontem que cobra os 10% de serviço, mas é opcional. O dinheiro é dividido entre os garçons. A cobrança é feita em todo o Brasil. Há uma certa impaciência entre candidatos a prefeito de cidades do interior, porque até o momento o Governo não definiu sua estratégia para as eleições municipais. Enquanto existe essa indefinição, os candidatos ficam em campanha, mas sem ainda ter certeza absoluta que terá o apoio do bloco governista. O governador João Alves Filho foi quem abriu, ontem, o carnaval de Pirambu, depois de passar o dia despachando daquela cidade. Desde ontem que Pirambu promove o seu carnaval, que vai durar dez dias. É o último promovido pelo prefeito André Moura naquela cidade. Os deputados federais José Carlos Machado (PFL), Mendonça Prado (PFL) e Cleonâncio Fonseca (PP) compareceram à abertura dos trabalhos legislativos em Sergipe. O secretário do turismo, Pedrinho Valadares, chegou na Assembléia legislativa depois que João Alves tinha iniciado seu discurso. Já o secretário da Administração, Ivan Paixão (PPS) deixou o plenário minutos depois de João Alves começar o seu pronunciamento. O ex-deputado Luciano Nascimento (PFL) não definiu ainda se será candidato a prefeito de Propriá, disputando com um candidato de Renato Brandão (PTB). O Tribunal Regional Eleitoral já reconheceu o domicílio eleitoral de Adelson Barreto como sendo de Nossa Senhora do Socorro. A vice-governadora Marília Mandarino também compareceu à abertura da Assembléia, ao lado do governador João Alves Filho. Um projeto da deputada Ana Lúcia (PT) prevê a instalação de parques infantis em escolas públicas. O secretário da Educação, Gilmar Mendes, vai à Assembléia Legislativa para falar sobre o plano de reordenação do ensino. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br