Defesa da imprensa e da liberdade

                              Blog Cláudio Nunes: a serviço da verdade e da justiça
“O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.


Uma vitória importante para os profissionais de imprensa brasileiros. Opinião do Estadão de ontem, 13:

Por 10 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que o poder público tem o dever de indenizar profissionais de imprensa que sejam feridos por agentes policiais durante a cobertura jornalística de manifestações nas quais haja tumulto ou conflito entre polícia e manifestantes. Além de ser uma questão de estrita justiça individual – o direito de receber indenização pelos danos sofridos –, a decisão do Supremo é importante defesa da liberdade de imprensa.

O recurso referia-se ao caso do repórter fotográfico Alexandro Wagner Oliveira da Silveira, que perdeu 90% da visão do olho esquerdo após ter sido atingido por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar de São Paulo, durante a cobertura de um protesto de professores em maio de 2000. Com repercussão geral reconhecida, o julgamento do STF servirá de parâmetro para casos similares.

O Supremo modificou a decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP). Segundo o acórdão de segunda instância, o repórter fotográfico não tinha direito à indenização já que, ao cobrir o confronto entre policiais e professores, ele mesmo teria se colocado em perigo.

Num Estado Democrático de Direito, jornalistas devem necessariamente ter o direito de realizar o seu trabalho com segurança. O Estado não pode criar obstáculos à atividade jornalística, muito especialmente quando se trata de informar sobre a atuação do poder público. A sociedade tem o direito de ser informada sobre o que ocorre numa manifestação em que há conflito entre policiais e manifestantes.

O ministro Kassio Nunes foi o único que se opôs à indenização do profissional de imprensa. Segundo o mais recente integrante da Corte, o reconhecimento desse direito significaria atribuir a uma categoria de trabalhadores uma proteção especial, não prevista em lei.

Além disso, para o ministro indicado por Jair Bolsonaro, a agressão de policiais a jornalistas não viola o direito ao exercício profissional tampouco o direito-dever de informação. Eventual dano a um profissional de imprensa seria decorrência de exposição voluntária ao perigo, o que excluiria a obrigação de indenizar.

Felizmente, a maioria do STF tem outro entendimento sobre as garantias constitucionais e os princípios que regem a atuação do Estado. No julgamento, fixou-se a tese de que “é objetiva a responsabilidade civil do Estado em relação ao profissional de imprensa ferido por agentes policiais durante a cobertura jornalística em manifestações em que haja tumulto ou conflito entre policiais e manifestantes”.

Segundo a maioria do plenário, o Estado só não será responsabilizado “nas hipóteses em que o profissional de imprensa descumprir ostensiva e clara advertência sobre acesso a áreas delimitadas em que haja grave risco a sua integridade física”.

Em seu voto, o ministro Alexandre de Moraes lembrou que, nos autos do processo, nada indica a existência de suposta culpa exclusiva da vítima. Ao contrário, os autos revelam que, ao ser atingido por bala de borracha da polícia, o repórter Alexandro Wagner estava no legítimo exercício de sua profissão e em local permitido pela PM.

Na cobertura de manifestações com tumulto ou conflito, é natural que haja risco para os profissionais de imprensa. No entanto, a existência desse risco não pode servir de desculpa para eximir o Estado de indenizar os danos causados por seus agentes de segurança. É inteiramente descabida a atuação estatal que fere jornalistas, merecendo, portanto, rigorosa responsabilização.

A prevalecer o entendimento do TJSP e do ministro Nunes Marques, em caso de conflito entre a polícia e manifestantes, os profissionais de imprensa teriam de abandonar o local. Não é difícil de perceber que essa tese limita o direito à informação, dificulta a transparência e favorece o abuso policial.

Com a decisão, o STF reconheceu uma realidade fundamental. Não há liberdade de imprensa se os jornalistas podem ser agredidos impunemente pela polícia.


Parque eólico de Sergipe Alguém do governo estadual pode informar se o parque eólico localizado na Barra dos Coqueiros está funcionando? E se não tiver, qual o motivo da paralisação? Ninguém vê mais as pás girando. O parque foi inaugurado no governo Deda em 2013, com a capacidade de produzir 34,5 megawatts. O Governo do Estado apoiou a iniciativa através do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) com a concessão de incentivo locacional, disponibilizando a área de 300 hectares, equivalente a 320 campos de futebol, vizinha ao Porto de Sergipe.

Prefeito de Socorro, Padre Inaldo, denuncia chantagem e tentativa de extorsão, praticadas por segmento do rádio jornalismo de Sergipe O prefeito de Nossa Senhora do Socorro, Padre Inaldo, durante entrevista no programa 103 em Revista, da103 FM, denunciou que está sendo vítima de chantagem e tentativa de extorsão praticadas por um segmento do rádio jornalismo de Sergipe. Segundo ele, o fato da prefeitura não estar fazendo propaganda na emissora motivou seguidos ataques contra sua administração de forma deliberada e irresponsável. “Eles estão revezando adversários políticos para me atacar de todas as formas e sem direito de resposta. Tudo isso porque suspendemos a publicidade, devido a falta de condição financeira para pagar”, disse o prefeito, acrescentando que tem responsabilidade com o dinheiro público e não vai deixar de cuidar da população e cumprir os compromissos com os servidores, para fazer propaganda.

Apoio das Associações e da Frente Nacional de Prefeitos Padre Inaldo disse ainda que assim como ele, vários prefeitos, principalmente das regiões Metropolitana, Vale do Cotinguiba e do Baixo São Francisco, estão passando pela mesma situação. “Vamos nos unir, denunciar essa pouca vergonha e solicitar o apoio das associações e da Frente Nacional de Prefeitos. Quero deixar claro que não vou me render às pressões. E todas às vezes que for necessário, iremos procurar a justiça para garantir o direito de resposta e, se for o caso, buscar reparação de danos”, afirmou. O prefeito garantiu que, no momento certo, vai citar nomes do empresário, do diretor comercial, do locutor e da empresa.

Sindicatos precisam apurar a denúncia O blog entende que a denúncia precisa ser apurada para não colocar todos no mesmo balaio. Os sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas precisam apurar a denúncia, já que, segundo o prefeito de Socorro, envolve vários outros gestores. O blog vai acompanhar tudo de perto.

Piada pronta  E no fim de semana passado a imprensa recebeu um release de um deputado estadual sergipano que não tem nada para apresentar anunciando que o Jornal Nacional despencou na audiência e por isso a apresentadora Renata Vasconcelos chegou a chorar no fim do telejornal em busca de audiência. Um detalhe: se o Jornal Nacional não presta mais, por que o deputado continua assistindo e dando audiência? Coisas da manada bolsonarista…

Porto da Folha. Perguntas da comunidade: cadê o meu prefeito? Alguém viu o meu prefeito? Infelizmente, em Porto da Folha, muita gente da comunidade vem fazendo perguntas: cadê o meu prefeito? Alguém viu o meu prefeito? Um dos depoimentos recebidos pelo blog: “Minha terra sempre foi agraciada de bons administradores , mas depois da reeleição ninguém vê mais o administrador desta terra. Infelizmente já se fala até em impedimento do atual Prefeito para o tal Galeguinho da Lagoa da Volta assumir o lugar que está vazio! Afinal, cadê o prefeito? Meu prefeito cadê? Seu povo sente sua falta, não pense que cavalo de raça e terra em outro município vai deixar você mais forte. Cadê meu prefeito vaqueiro?” Arrepare, amigo Osmário! Obs: o prefeito que está sendo cobrado é conhecido como Miguel de Dr. Marcos.

Fim do laudêmio Há 10 anos do deputado federal Laércio Oliveira apresentou o PL 520/11 que trata do fim do laudêmio, uma cobrança injusta que afeta tantos sergipanos e brasileiros. “Desde então, participei de comissão sobre o assunto, fiz discursos em plenário chamando atenção para essa injustiça, apresentei emendas a outros projetos. Conseguimos diminuir a taxa, mas não acabar. É uma cobrança que fazia sentido no período colonial. Não mais! Essa é uma excelente notícia dada pelo presidente Jair Bolsonaro”, disse Laércio comemorando mais uma vitória para a sociedade sergipana.

“Amigo da Marinha” E durante cerimônia em comemoração aos 156 anos da Batalha Naval do Riachuelo, data Magna da Marinha do Brasil, no último dia 11, o deputado federal Laércio Oliveira recebeu a medalha “Amigo da Marinha” numa solenidade que contou com a presença de diversas autoridades civis e militares, como o governador Belivaldo Chagas.

Hoje, 14: voluntários do projeto “Mãos que ajudam a aliviar a pandemia” farão doação de sangue no Hemose Nesta segunda-feira, 14, será realizada mais uma ação do Projeto Mãos que Ajudam de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias buscando aliviar e ajudar pessoas e entidades nesse período de pandemia. Essa ação iniciara com a doação de sangue no Centro de Hemoterapia de Sergipe – Hemose por mais de 50 membros voluntários que irão contribuir com estoque de sangue .Outras ações serão realizadas no periodo de junho até o dia 21 /08 com a entrega de cartinhas que estão sendo confeccionadas por crianças e jovens da igreja e lanches para os profissionais de saúde da linha de frente da Covid-19, somando as de entrega de máscaras, doação de alimentos, organização de kits de higiene, doação de agasalho e outros em parceria com várias entidades que vem sendo realizadas ao longo do ano.

Ações O projeto Mãos que ajudam está fazendo ações em todo o mundo com diversas doações e apoio para a população nesse período da Covid-19. Aqui em Aracaju várias ações vêm sendo realizadas seguindo um planejamento onde a igreja procura com seus voluntários fazer parcerias com o governo, ONGs e redes privadas. Pequenas ações com um objetivo de colaborar para aliviar as dificuldades trazidas pela pandemia faz a diferença.

Doações As doações ao Hemose estão sendo feitas somente por agendamento, a fim de evitar aglomerações e assegurar o cumprimento das normas sanitárias. Para realizar o agendamento, basta entrar em contato pelos números (79) 3225 3174 e 3225 8039. O Hemose está aberto de segunda a sexta, das 7h30 às 17h. É possível, ainda, realizar sua doação no ponto de coleta instalado no Shopping Riomar, das 13h às 16h, nas quartas e quintas; e das 10h às 16h, nas sextas. O posto é aberto também às terças, mas somente para informações e cadastro de medula óssea. Para doar, é necessário estar saudável, ter entre 16 (mediante autorização dos responsáveis) e 69 anos, e pesar acima de 50kg. No caso de doadores que tenham se vacinado recentemente contra a Covid-19, é necessário respeitar um intervalo mínimo de sete dias, após receber cada dose da vacina AstraZeneca ou 48 horas no caso da dose do imunizante Coronavac. A lista completa de requisitos para realizar a doação pode ser conferida em www.hemose.se.gov.br

Deputado estadual João Marcelo está internado com Covid-19 A assessoria de comunicação do deputado estadual João Marcelo informa que o parlamentar encontra-se internado em uma Unidade Semi-intensiva do Hospital São Rafael, em Salvador, com Covid-19, com comprometimento de grande parte dos pulmões, elevados índices inflamatórios e queda na saturação. O deputado buscou atendimento na capital baiana já que uma de suas irmãs é médica na cidade e outra também já fez parte da equipe deste hospital. A assessoria informa ainda que vai atualizar diariamente o quadro clínico do parlamentar sergipano.


PELO ZAP DO BLOG CLÁUDIO NUNES – (79) 99890 2018


Assembleia Virtual da Nordeste Condominial mais uma vez é destaque, agora na Record TV  Mais uma vez a assembleia virtual operacionalizada pela Nordeste Condominial, empresa genuinamente sergipana, é destaque na imprensa, desta vez no programa Viver Condomínio da TV Atalaia afiliada Record TV no último dia 10.

 

 


Aracaju – Condado de São José dos Náufragos. (Foto/texto Antônio Samarone)


Praias do Aracaju(Foto/ Antônio Samarone)


PELO E-MAIL nunesclaudio@infonet.com.br E FACEBOOK



HOMENAGEM PÓSTUMA.

Simone Leite, por Antônio Samarone:

A Saúde Pública perdeu Simone Maria Leite Batista (64 anos). Não foi a Pandemia.

Simone Leite é da turma de enfermagem da UFS, de 1980. A mesma turma de Marta Barreto, Eurídes, Alzira e Rosavina. Uma safra de enfermeiras que abraçou a Saúde Pública.

O Secretário da Saúde (no Governo Augusto Franco), Dr. José Machado de Souza, quando conheceu Simone Leite, altiva, destemida, sonhadora, comprometida com o povo pobre, não teve dúvidas, nomeou-a diretora do Centro de Saúde Serigy, o maior e mais importante de Sergipe.

Em seguida, Simone foi transferida para o Centro de Saúde Fernando Sampaio, no Castelo Branco, onde dinamizou as ações sanitárias, com participação popular, no início da década de 1980. Foi o embrião do Sistema Único de Saúde.

O Controle Social dava os primeiros passos no Conjunto Castelo Branco, em Aracaju.

Como dizia o poeta: se alguém duvidar do que eu estou contando, eu digo prudente: “meninos, eu vi!”

Com a chegada de Jackson Barreto à Prefeitura de Aracaju (1985), Simone compôs a equipe gestora da Saúde, coordenando a Primeira Conferência Municipal de Saúde (1986).

Simone nunca descansou, nunca esmoreceu, nunca desistiu. Ela enquadrava-se entre os “imprescindíveis”, do poema de Bertolt Brecht. (Hay hombres que luchan un día Y son buenos…)

Simone nunca renunciou aos seus princípios. Às vezes intransigente, mas sempre verdadeira. Quando se procurava alguém competente para assumir as tarefas mais trabalhosas, Simone Leite dizia, presente.

Simone Leite organizou e liderou o Movimento Popular de Saúde (MOPS), em Sergipe. A mais antiga e atuante organização da sociedade, em defesa da Saúde Pública. Eu sempre levei os meus alunos de medicina da UFS, para participar das práticas integrativas do MOPS.

No momento, Simone Leite era membro titular do Conselho Nacional de Saúde.

Na condição de Sanitarista e pesquisador da história da Saúde Pública em Sergipe, afirmo sem receio de exagero: Simone Leite foi uma das luminares da Saúde Pública em nossa Província.

Enfermeira sanitarista e aguerrida defensora da qualidade dos serviços públicos de Saúde.

Meus sentimentos aos familiares e a minha sincera homenagem a enfermeira Simone Leite.

Perdemos uma grande personalidade da Saúde Pública em Sergipe.




OPINIÃO


A Violência Provinciana. Por Antônio Samarone, médico sanitarista.

No final de 1960, a UDN dominava a violência política em Sergipe.

Em Itabaiana, o líder era um maioral da linha de frente. A guarda municipal confundia-se com a jagunçada pessoal da autoridade.

As histórias de violência, mesmo escabrosas, obedecia ao modo de vida rural, tinha os seus limites e circunstâncias.

Certa feita apareceu em Itabaiana um Fiscal de Renda Federal, concursado pelo DASP, integro, e começou a fiscalizar as lojas, bodegas, padarias e armazéns. Foi um desespero.

A lei era uma desconhecida na Villa de Santo Antonio e Almas.

A reação foi imediata: os perseguidos saíram em romaria, cobrar providências ao chefe político.

O finado mandatário agiu de pronto. Mandou chamar o fiscal mal-assombrado. Levou um susto, o temível agente da lei era um homem franzino, penso de um lado e ainda arrastava uma perna. Fisicamente, um nada, não pesava 40 quilos.

O Chefe Político foi direto: meu senhor, recebi várias reclamações de correligionários, não aceito essa perseguição. O Fiscal não se abalou: excelência, estou apenas cumprindo a lei.

Seu Anacleto, o fiscal novato, era do Sul de Minas Gerais, e não conhecia a política em Sergipe.

A resposta foi tida como um desaforo.

Passado o episódio, o Fiscal Anacleto continuou na mesma passada, metendo a caneta.

O Chefe Político perdeu a paciência e mandou chamar “Dorme Sujo”, um capanga bruto e sanhoso, e fez-lhe uma encomenda: “tome aqui cem contos, eu quero que você dê uma surra nesse fiscalzinho de merda. Não precisa matar, é só um corretivo.”

O líder se apressou em avisar aos amigos a providência tomada.

O tempo foi passando, e nada. Anacleto continuava metendo a caneta em todo mundo.

O que houve? Perguntava a sociedade civil itabaianense, surpresa e ansiosa por resultados.

O Chefe chamou Dorme Sujo e cobrou: afrouxou cabra ruim, esqueceu o nosso trato? Dorme Sujo, que não era homem de duas conversas, explicou: doutor, o homem é um Zé Ninguém, e não aguenta uma surra de cem contos. O senhor disse para não o matar.

Homem, deixe de ser burro, disse o Coronel aos berros: bastava dar-lhe uns puxavantes, para fazer medo no nojento. Doutor, eu não sou bom nisso, não sei alisar ninguém.

Dorme Sujo, vou lhe dar uma última chance: além dos puxavantes, aplique-lhe 6 cascudos, 3 beliscões no buxo, um azunhão nas costas, 2 anjinhos no polegar direito, 4 malacas em cada orelha e 3 cocorotes. Dessa vez, não aceito desculpas.

O Coronel era adepto de uma filosofia itabaianense antiga: “dinheiro e pancada, só não resolvem quando é pouco”. Mesmo assim, dizia de boca prá fora, “mas basta uns corretivos de vez em quando”.

“Nada de espancamento, morte, sumiço, linchamento, mata leão, esquartejamento, nada disso, aqui em Itabaiana não aceito violência”, bradava o Coronel nos palanques.

Nunca mais se ouviu falar no Fiscal Anacleto. Dizem, que foi transferido para Montes Claros, no Norte de Minas.

“A violência é a parteira da história.”

OPINIÃO

ABERTO, O CICLO FESTIVO-JUNINO!      Por Clarkson Ramos Moura

— 12 A 30 DE JUNHO —

FOLIA, FORRÓ E IGUARIA:

TRADIÇÕES SECULARES QUE SE MANTÊM VIVAS DE FORMA REMOTA E RESPEITOSA, EM TEMPO DE PANDEMIA (2020/2021), EM TODO O NORDESTE.

As encantadoras e prazerosas Festas Juninas — “rectius”: Antonianas, Joaninas e Petrinas — remontam aos povos antigos, que, à época, costumavam se reunir em volta do fogo, para agradecer aos deuses a farta colheita.

Os brasileiros, seguindo servilmente os colonizadores europeus, mantemos viva, pelos séculos afora, essa tradição, mas lhe demos um aspecto predominantemente bucólico ou campesino.

Em junho, mês consagrado aos anuais foguedos retroaludidos, nós, brasileiros, principalmente nordestinos — ou “paraíbas” — reverenciamos, além de São João, Santo Antônio e São Pedro, santos epônimos do período festivo, que, anualmente, começa com a “Festa de Santo Antônio”, o santo casamenteiro, na véspera — Dia dos Namorados — e no dia 13; passando pela culminante “Festa de São João Batista”, o precursor de Jesus Cristo, na véspera e no dia 24; e encerra-se com a Festa de São Pedro e São Paulo, respectivamente, pedra angular viva do edifício espiritual da Igreja Católica, e ilustre convertido e incansável pregador do Evangelho, na véspera e no dia 29.

O Nordeste é a macrorregião fisiográfica e — por que não dizer? — sociocultural do Brasil, onde ocorre a maior concentração de aglomerados urbanos e urbano-rurais — cidades, vilas e povoados — que se dedicam mais aos deleitantes e seculares festejos juninos, como Caruaru e Petrolina em Pernambuco; João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba; Piritiba e Juazeiro, na Bahia; Fortaleza, no Ceará; Natal, no Rio Grande do Norte; Maceió, em Alagoas; Aracaju, Areia Branca, Capela, Estância Itaporanga d’Ajuda e Muribeca, em Sergipe etc. A cada ano, o público que gosta dessas festas cresce vertiginosa e assustadoramente. Milhões de festeiros e turistas, locais, regionais, nacionais e estrangeiros, convergem para essas cidades mais badaladas e as superlotam, seja para dançar, ensaiar, seja para apreciar uma aprazível e contagiante mistura de ritmos e coreografias típicos do Nordeste e exóticos de outras regiões do País, a qual embala tais megaeventos, não mais exclusivamente, senão predominantemente tradicionais. Os preparativos dessas festanças, se iniciam em meados de abril e se estendem por todo o mês de junho, que os acolhe efetivamente.

Conforme é de domínio público, Campina Grande, a 126 km de João Pessoa, Capital da Paraíba, e Caruaru, a 130 km de Recife, Capital de Pernambuco, disputam, ano a ano, o título de “O Maior São João do Mundo”.

A despeito das periódicas adversidades climáticas que se abatem sobre o famigerado Polígono das Secas, as estiagens impiedosas e cíclicas, os nordestinos do Semiárido, bravos aborígines, temos convivido, de forma harmoniosa e sustentável, com a Natureza, fazendo, pois, por merecer, ao longo dos anos, a notória assertiva de Euclides da Cunha, em sua célebre obra-prima “Os Sertões”: “O Sertanejo é, antes de tudo, um forte.”

Tanto é assim, que, mesmo diante da vergonhosa desigualdade social, da fome, do subemprego, da ausência ou insuficiência de políticas e serviços públicos básicos, resultantes do palpável e visível descaso do Poder Publico, em seus três níveis de governo (mormente, federal; e em menores escalas, estadual e municipal), o coirmão sertanejo nordestino, após se superar no exaustivo e infindo trabalho cotidiano, consegue, nesta quadra do ano, trocar, graças ao nosso peculiar espírito lúdico, a tristeza pela alegria, renova, com inato otimismo, a virtuosa esperança de prosperidade futura e, por isso, celebra, em família ou em sociedade, a conjuntural colheita da abundante produção agrícola, rindo, cantando e dançando ao redor de uma fogueira, em âmbito doméstico ou em espaço de uso comum (em tal espaço, neste segundo ano pandêmico, não se dará por razões óbvias, a exemplo do ocorreu no ano passado, 2020).

Neste ano atípico de 2021, por motivos plausíveis e inescusáveis, seja pela rigorosa observância às salutares, imprescindíveis e eficazes medidas sanitárias, não farmacológicas, de delimitado distanciamento interpessoal e intergrupal, de definido isolamento e demarcada aglomeração sociais, seja pelo respeito humano-civilizatório à memória de um crescente, doloroso e horrendo quantitativo que se aproxima da elevada marca de 500 mil criaturas humanas cujas vidas foram ceifadas, neste País, pela aterrorizante pandemia da Covid-19, desdenhada e subdimensionada pelo desgoverno brasileiro — e que tende a superá-la já — os corriqueiros e periódicos megaeventos, por certo, deverão ser substituídos por milhões de festas de participação limitada aos âmbitos intrafamiliar, parental ou afim, com eletrizante animação remota, veiculada pelos diversos meios de comunicação de massa, inclusive, pelas onipresentes redes sociais, esparramando os contagiantes ritmos nordestinos por todos os cantos, através das sempre bem-aguardadas e bem-concorridas “lives” dos renomados artistas que as fizerem graciosa ou remuneradamente. É, pois, o que se espera acontecer e, para tanto, se apela aos potenciais festeiros e aos prováveis abrilhantadores dessas substitutivas folias de época.

Em tempos normais, esses folguedos juninos são o que se pode chamar de festas democráticas, propriamente ditas. Delas participam crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos de qualquer crença, classe, cor, sexo, orientação sexual e identidade de gênero; desde que sejam festeiros, sociáveis, respeitosos, ordeiros, cordiais, gostem dos ritmos, das canções, das danças, tenham condições psicofísicas, bem como se predisponham a brincar, a bailar, a arrastar o pé, forrozear, forropiar, rodopiar, xaxar a sós ou ao pares, respeitando-se, em todo caso, as boas e salutares regras de trato social e de provisória convivência civilizada. O importante é entrar no clima quente do forrobodó, forró, xaxado, arrasta-pé, da quadrilha improvisada, da ciranda, do rala-bucho etc.

Durante toda a série de festas juninas, as guloseimas típicas: cuzcuz, pipoca, amendoim, pé de moleque, tapioca, canjica, pamonha, milho assado ou cozido etc., juntamente com quentões, vinhos e outras bebidas alcoólicas abundam nas copiosas mesas de todo o Nordeste.

E mais: recitação de preces, entoação de louvores, realização de simpatias, soltura de balões coloridos, queima de fogos de artifícios (este ano, proibidas, por razões sanitárias), adereço de bandeirolas, uso de trajes caipiras e dança de quadrilhas mantêm ativas as tradições folclóricas das folganças juninas mais remotas, cujo ponto culminante é e sempre será a Festa de São João Batista, a quem Jesus assim se dirigiu: “Entre os nascidos de mulher, não existe profeta maior do que João Batista”.

Consoante não poderia ser diferente, antes de emigrar do seu lócus genuíno, o Sertão nordestino, para os diversos e populosos centros urbanos, quer do Nordeste, quer de além-lindes regionais, o “Forró” foi preconceituosamente considerado “ritmo e dança de gentalha, de ralé. Do limiar da década das simultâneas revoluções sociocultural, poético-musical e científico-tecnológica, os frutuosos e fervecentes anos 60 do século XX, marco divisor da fértil Idade Contemporânea, Sua Majestade, o “Forró”, quebrou tabus, rompeu preconceitos, ultrapassou limites, divisas e conquistou, para sempre, uma legião apaixonada — cada vez maior — de confessos e fiéis apreciadores, seguidores e artistas de todos os gostos, credos, estamentos sociais, intelectuais, políticos, artísticos, econômicos e culturais, bem como de todas as raças, “tribos” e idade, deste “Patropi” e de além-fronteiras, tornando-se um gênero musical de amplitude executiva e deleite espirutal cultural planetárias.

Historiadores, musicistas, musicólogos e discógrafos têm sido divergentes entre si, sobre a origem etimológica da palavra “forró”. Enquanto alguns desses expertos na matéria entendem que, a princípio, o termo “forró” era usado para designar o local onde se realizavam as folias e, só depois, denotaria o popular e atemporal estilo musical, derivado do “baião”. Forró é, segundo muitos estudiosos, a redução da palavra “forrobodó. Em outro falar, este termo teria sido apocopado ou reduzido e, portanto, resultado no vocábulo “forró”. Outros asseveram que a palavra “forró” teria se originado da expressão inglesa “for all”, em português, “para todos”, utilizada como um convite para o baile feito pela Companhia britânica Great Western, destinado a todos os operários, para comemoração de um trecho da ferrovia que, então, essa empresa construía no interior nordestino.

Consoante assentos discográficos da correspondente e triunfal saga, só no final do anos 40 do século XX, ou seja, em 1949, Luiz Gonzaga, em parceria com Zé Dantas, viria a gravar o primeiro disco, intitulado “O Forró de Mané Vito”. O que se constituiu no estopim do nascituro “big-bang” da música que tinha surgido naturalmente, há muito tempo, no Sertão do Nordeste.

Daí em diante, a recém-reconhecida espécie musical foi sendo difundida pelas poderosas ondas hertzianas dos emissoras de rádio, de tal modo a invadir casas de diversão, salões de festas, programas de auditório e a conquistar corações de ouvintes e entusiastas dos mais variados gostos musicais, espalhados por todos os rincões deste País-continente, cobertos pelas potentes ondas eletromagnéticas das radioemissoras AM em operação no território nacional.

Nas décadas de 50 e 60, do século pretérito (XX), foram criados vários grupos.musicais da já bem-sucedida música nordestina, o forró, a exemplo de Trio Nordestino, e talentosos artistas do gênero passaram a se destacar mercê do incentivo irrestrito e da solidariedade fraternal daquele que viria, mais adiante, a ser consagrado e coroado “O Rei do Baião”, Luiz “Lula” Gonzaga, como foi o caso dos compositires e parceiros Zé Dantas Humberto Teixeira; dos compositores Dominguinhos, Gonzaguinha, Gordorinha, Marinês, Glória Gadelha; Patativa do Assaré, Ary Lobo, Rosil Cavalcanti, Edgar Ferreira, Luiz Vieira, Bráulio Tavares, Ivanildo Vila Nova, Ismar Barreto; dos sanfoneiros Pedro Sertanejo, Dominguinhos, Sivuca, Lindu, Oswaldinho, Targino Gondim, Amazan Silva, Luan Barbosa, Gerson Filho e Dudu Ribeiro; dos cantores Jackson do Pandeiro, Zinho, Clemilda, Marluce, Amorosa, Joésia, Zé Nilton, Alcymar Monteiro, Genival Lacerda, dentre tantos outros ícones do forró, à símile de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Flávio José, Adelmário Coelho, Josa — O Vaqueiro do Sertão, Erivaldo de Carira, Lourinho do Acordeon, Zé Américo, Jailton do Acordeon, Mestrinho, Agenor da Barra, Raimundo Fagner, Gilberto Gil, Raul Seixas, Elba Ramalho, Joelma, Lucy Alves, Rita de Cássia, Nando Cordel, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Zé Ramalho, Sérgio Lucas, Antônio Carlos do Aracaju, Dedé Brasil, Rogério etc.

A começar dos anos 80, as chamadas bandas eletrônicas, como Magníficos, Mastruz com Leite, Forró Brasil, Cavalo de Pau, Cavaleiros do Forró, Baby Som, Falamansa, Catuaba com Amendoim, Calcinha Preta, Aviões do Forró etc. despontaram no cenário musical do Nordeste e, em seguida, proliferaram por todo o Brasil, disseminando, a um só tempo, uma nova e eletrizante expressão sonora e coreográfica ao originário forró, notoriamente tipificado e denominado “Forró Pé de Serra”. Os remanescentes e sucessores desses inovadores grupos musicais, mesmo, ao tocarem ritmos como pop, salsa, baião, toada sertaneja, música caipira, rock, balada, costumam fazê-lo no ritmo atraente e arrebatador do “forró”.

Seja como for (ainda que por “lives”):

Forró para todos e para sempre!

“For all forever!”

Parabéns! Forrozeiros do Nordeste, do Brasil e do Mundo!


 


PELO TWITTER

www.twitter.com/ISMARVIANA “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” Bezerra de Menezes.

www.twitter.com/minc_rj Desprezo pela vida, pela Ciência.
A omissão mata!
Dilacera famílias.
Motociata comemora o que?
500 mil mortes?
Há que frear o genocídio!


www.twitter.com/arielpalacios Um dos slogans favoritos do fundador do Fascismo, “il duce” Benito Mussolini (e de seus seguidores) era o grosseiro “me ne frego”, equivalente a “e daí?” ou “não estou nem aí”.


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Frase do Dia
“Sonho com o dia em que o sol de Deus vai espalhar justiça pelo mundo todo.” Ariano Suassuna, se vivo completaria 94 anos em 16 de Junho, o homenageado com as frases da semana no Blog CN.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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