Definhamento tucano

 

  Para ser bom pescador é preciso entender o movimento das marés, para ser bom eleitor é preciso entender o movimento dos políticos e para ser bom político é preciso decifrar a evolução do tempo e das pessoas. Já houve um tempo, em que as pessoas ingressavam num partido político, registravam-se como candidatos e saíam às ruas fazendo uma campanha entusiasmada, sem sequer perceber que por questões de legenda e de coeficiente eleitoral não possuíam a menor chance de eleição, nessa época apenas os comandantes partidários dominavam esse assunto e conheciam essa intrincada matemática.

Hoje até o cidadão que é candidato pela primeira vez, o chamado “marinheiro de primeira viagem”, nos municípios pequenos, discute e entende perfeitamente se terá ou não chance de eleger-se. Por esse motivo ficou um pouco mais difícil para os caciques partidários preparar as suas saladas eleitorais, utilizando essas pessoas apenas como condimentos. Já houve também um período em que ao iniciar um processo eleitoral com vistas à sucessão estadual, onde 90% das lideranças vinculavam-se automaticamente ao candidato apoiado pelo governador de plantão. Hoje todas essas ditas lideranças já conhecem praticamente todos os figurões da política sergipana, conhecem a virtude e os defeitos de cada um, e começam a diferenciar os que são capazes de assumir compromissos e cumpri-los, dos que apenas tentam ludibriá-los no período pré-eleitoral.

Numa clara alusão ao PSDB, o ex-governador Albano Franco não tinha o direito de conduzir seus correligionários o tempo todo por uma estrada e ao aproximar do final da mesma quando todos já esboçavam cansaço, ele simplesmente pegar um atalho que obrigaria os seus acompanhantes a transitar por um caminho inverso, estreito, tenebroso e habitado por pessoas que antipatizavam os tucanos. Mas foi exatamente isso que Albano fez e como troco está sendo obrigado a assistir calado o esfacelamento de uma sigla, que até então era respeitada em Sergipe pela força política de seus integrantes. E não se pode acusar os que hoje estão abandonando a sigla, de que somente nela estiveram como forma de tirar proveito do poder. Jamais essa avaliação corresponderia à realidade, porque os membros do PSDB na sua maioria são conhecidos no seio da sociedade sergipana como pessoas que gozavam da estrita amizade pessoal de Albano, com exemplos de fidelidade em períodos que antecederam o seu governo.

Ninguém inicialmente imaginaria que Albano abriria mão de disputar o Senado para disputar uma vaga na Câmara Federal. Mas ninguém também imaginava que ao sair candidato à federal, Albano não contasse com o apoio eleitoral de Frei Enoque, Maria Mendonça, Bosco Costa e outros nomes. É claro que isso somente ocorreu porque da mesma forma Albano passou o tempo todo brincando de indefinição e testando a paciência dos seus admiradores. Diante dos últimos fatos e após a desfiliação de Bosco Costa e Maria Mendonça, é possível que na próxima semana o PSDB perca mais um dos seus membros, ele responde pelo nome de Carivaldo Souza e possui uma significativa influência eleitoral no município de Macambira onde já ocupou o cargo de prefeito municipal.

  A cada dia que passa o governador João Alves fica com aquela sensação de que ganhou o PSDB, mas não levou. Aliás até o momento, tirando o nome de Fabiano para vice-governador, João Alves está tendo que agüentar o peso do chamado “acordão”, cujos reflexos estão bem claro nos índices de rejeição. 

 

 

Omissão também é crime

“…esta é uma carreata cidadã, sem distribuição de gasolina ou qualquer outro benefício”. Do release enviado pela assessoria do candidato ao governo estadual, João Fontes a imprensa. Como candidato ao governo ele deveria dar “nome aos bois” e fazer a denúncia na Justiça Eleitoral contra quem está distribuindo gasolina e outros benefícios. Para quem quer ser governador é preciso seriedade e denunciar os crimes eleitorais. Como advogado ele sabe que omissão também é crime…

 

 

Ninguém lembrava dele I

E o senador Almeida Lima (PMDB), preocupado porque a imprensa sergipana tinha esquecido completamente dele neste processo eleitoral resolveu aparecer. Como ninguém tinha notado a ausência dele do processo eleitoral o senador concedeu uma “bombástica que vai mudar o rumo das eleições” ao informativo semanal Hora do Povo, que por mera coincidência, é de propriedade dele e encaminhou a entrevista via e-mail para toda imprensa de Sergipe.

 

 

Ninguém lembrava dele II

Na entrevista Almeida Lima critica todos os políticos do Estado e diz que foi tolhido do desejo de ser candidato a governador. Nega que seja ingrato com João Alves porque foi eleito senador na coligação dele e que em “Sergipe só tem mudado as figuras, mas o reinado tem sido o mesmo”. Ele esquece que nas ultimas eleições estaduais ele contribuiu para que o reinado de João Alves fosse “renovado”. Só escapou o deputado Garibalde Mendonça (PMDB), que é candidato à reeleição na coligação de Deda (PT). Por quê então ele não mandou Garibaldi abrir mão da candidatura para não se “sujar” na coligação do PT? Seria bem mais coerente ou não Almeidinha…

 

Ninguém lembrava dele III

Por conta da entrevista Almeida Lima conseguiu ontem um espaço no jornal da família do governador, o Correio de Sergipe. Porém um exemplo de como não fazer jornalismo. Só saiu o trecho em que Almeida critica o PT e o PMDB. “Esqueceram” das criticas ao governador João Alves. “Agora se alguém quiser falar em ingratidão eu vou lembrar que, quem foi eleito governador não fui eu, foi João. Eu não esqueço essas coisas, não. A verdade é que dr. João no governo só olhou para ele e para a família. Fez um governo familiar e olhe lá se meia dúzia de pessoas teve vez. É melhor ficarmos por aqui, pois eu não quero descer a tantas particularidades, inclusive de ordem política”. Um trecho da entrevista que foi “esquecida” no Correio.

 

 

Amadorismo não dá certo

A campanha de Deda precisa de algo. Parece que o comitê ainda não pegou o ritmo necessário para quem deseja ganhar uma eleição. O coordenador, Márcio Macedo, é político e conhece do ramo, deve delegar poderes urgentemente para descentralizar as decisões. Além disso, existem algumas queixas de candidatos com relação ao deputado Jackson Barreto, que vive comandando a agenda de Deda. Se Deda não for para algum ato dele o mesmo faz “beicinho”. Tem candidato que já desabafou com Deda e o petista tenta encontrar uma maneira de contornar o problema.

 

Profissionalismo é assim

Enquanto isso o comitê de João Alves dá um show de eficiência. Além do movimento nas ruas, coordenado pelo experiente Marcelio Bomfim, João Alves está trabalhando no interior enquanto deixou Fabiano tocando o barco em Aracaju. Porém, é no horário eleitoral que os pefelistas estão jogando todas as cartas. Vão inovar nos programas de rádio. Montaram três estúdios (Aracaju, Itabaiana e Estância) para preparem programas específicos para cada região. Um alerta para os petistas que também jogam tudo no horário eleitoral: no rádio a audiência é bem maior, já que em várias cidades e povoados o que prevalecem são as antenas parabólicas que não transmitem o horário eleitoral.

 

Sinal vermelho

No último sábado à noite, no posto de gasolina ao lado do Shopping Jardins dois mini-trios plotados com a marca dos candidatos João e Maria tocavam as músicas de campanha tendo ao lado cerca de 50 pessoas com camisas como o nome “Avança Sergipe” e um sinal verde na frente. A oposição filmou tudo e está entrando com uma representação por crime eleitoral contra os candidatos do PFL. O crime: a distribuição de camisas. Pelo jeito o sinal verde vai ficar vermelho com sérias conseqüências para a candidatura de João Alves.

 

 

Mulheres em campo

Não é só João Alves que tem na primeira-dama e senadora Maria do Carmo, candidata à reeleição, uma guerreira em busca de votos. A ex-primeira dama de Aracaju, Eliane Aquino, que é jornalista, não está de braços cruzados, pelo contrário, já formou um grande grupo de mulheres e em breve inaugurará o Comitê feminino da campanha de Deda. As mulheres vão cair em campo em diversas ações paralelas na busca de votos para Lula, Deda, José Eduardo e os candidatos proporcionais.

 

 

Aqui também se erra

É leitor todo mundo erra. E na nota publicada na semana passada “Zé Peixe é bem maior”, este jornalista errou ao escrever que o movimento de uma comunidade do Orkut, em defesa do nome de Zé Peixe para a ponte Aracaju/Barra tinha nascido agora. O coordenador do movimento, o jornalista Marcelo Rangel, informou que o mesmo existe há muito tempo. Agora a nota foi correta quando disse que o movimento deveria ter ido para as ruas há vários meses e não agora, para não misturar com o período eleitoral.

 

Carreata em Lagarto

A carreata realizada ontem em Lagarto, pela coligação liderada por Deda (PT) superou as expectativas. A carreata contou com quase 200 veículos e percorreu toda cidade. Deda ainda foi ao povoado Coqueiro. No discurso Deda fez duras criticas a família Reis, que mudou de lado há poucos meses e disse que “sabe o que o prefeito de Lagarto, Zezé Rocha está sofrendo”. Este jornalista jura que não entendeu…

 

 

Eternizando Zé Peixe

Já que o governador João Alves já inaugurou estatuas e mais estatuas na orla de Aracaju, imitando a orla do Rio de Janeiro, com figuras ilustres de todo o Brasil, que tal gastar um pouco deste dinheiro com uma estatua para Zé Peixe. No caso deveria ser feito um pequeno largo no calçadão em frente à casa de Zé Peixe onde seria colocada a estatua dele em pé, encostado na  balaustrada como nós sempre vemos ele atualmente, olhando para o rio Sergipe, sua verdadeira casa.

 

Manipulação das pesquisas

Esta coluna já escreveu várias vezes sobre a manipulação de pesquisas, mas especificamente em Sergipe. O artigo “Bucha de canhão” foi o que teve o maior número de e-mails até agora elogiando a coragem de como foram mostrados os dados da manipulação. Mas no Brasil isso também ocorre. Quem tiver interesse vale a pena ler o artigo do jornalista Nelson Breve sobre a última pesquisa do Ibope: http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=11834

 

 

Frase do Dia

“Porque é proibida a distribuição de camisas, se um comitê distribui camisas roxas essa distribuição é campanha eleitoral. Vê de outra forma quer dizer que a legislação eleitoral é burra e quem interpreta é cego”. Do procurador regional eleitoral, Eduardo Pelella, em entrevista publicada nesta  coluna no domingo.   

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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