É natural que às vésperas de uma eleição disputadíssima como a do próximo domingo, os principais candidatos ao governo (João Alves e Marcelo Déda) tentem passar uma imagem de euforia para a população, criando em torno de si o conhecido clima do “já ganhou”. Aliás, essa é uma prática bastante comum em qualquer pleito, independente de como, na realidade, as coisas estejam acontecendo nas ruas da capital e nas cidades do interior do estado.
Cada candidato procura criar um cenário de vitória, imprescindível na reta de chegada. E os números apresentados por cada um deles é algo impressionante. Se conversarmos com a turma do PT, a diferença hoje de Déda em relação a João beira à casa dos 180 mil votos de vantagem. Já o grupo de João, não menos eufórico, vibra com a grande virada acontecida nos últimos 15 dias. E dá como certa uma vitória do atual governador, com uma vantagem de 50 mil votos em relação a seu principal opositor, o ex-prefeito de Aracaju, Marcelo Déda.
Não quero aqui contradizer nenhum dos candidatos. Tudo é possível em uma eleição. Mas, como analista da política sergipana há vários anos, por dever de ofício, sou obrigado fazer algumas análises sobre o atual momento eleitoral.
A primeira delas, não é simplesmente uma análise. É, antes de tudo, uma constatação: o desempenho do candidato do PFL, em Aracaju e no interior, cresceu a olhos vistos depois da vinda do presidente Lula a Sergipe. A visita foi um desastre. A ponto de companheiros históricos do PT (amigos nossos) terem picos de pressão alta, inclusive, baixando hospital, por anteverem a tão propalada virada dos pefelistas. Graças a Deus, a saúde deles está agora sob controle, mas o mesmo não se pode dizer em relação ao crescimento de João. Qualquer aliado de Marcelo Déda – em sã consciência – sabe muito bem, hoje, que o resultado do embate é imprevisível. E já não será o mesmo “passeio” preconizado há quatro meses.
A segunda análise que faço diz respeito ao eleitorado. O que se observa nestas eleições é que o vencedor – seja ele qual for – não irá receber um cheque em branco da sociedade, como acontecera com Déda, ao ser reeleito prefeito de Aracaju com 73% dos votos válidos, em 2004. O aracajuano dá sinais (baseado nas pesquisas) de que não se convenceu da capacidade de Marcelo Déda como administrador público. Prova disso é que, hoje, há uma nítida divisão de opiniões na capital. Por sua vez, o governador João Alves Filho, enfrenta processo semelhante em duas regiões do estado. Há um sentimento de abandono latente.
Portanto, que nenhum deles, depois do resultado, se ache com carta branca para governar. O povo está com as barbas de molho diante de opções como PT e PFL. Partidos que, na essência, provaram ser iguais: demagógicos e corruptos.