A proposta de uma regulamentação acerca do que se escreve no meio jornalístico continua a perdurar na sociedade brasileira. Não se pode entender de que maneira a democracia é profundamente apregoada e, de forma contraposta, discute-se tanto a incorporação nefasta da censura sobre os veículos de comunicação de massa. Após anos de luta a buscar a liberdade de imprensa, o direito a ser possuir direitos, o governo propõe este aparente controle com o objetivo de cercear as capacidades de análises e as formas para , por intermédios da mídia, continuar a propagação dos fatos e diluição positiva de consciências sobre os aspectos que ocorrem no país.
Diante deste processo, insistente, lembrem-se de que “ água mole me pedra dura tanto bate até que fura”, a mídia se torna vítima de um poder coercitivo sobre as vontades de expressões, a fazer com que as vontades do pensador, responsável, sucumbam e com elas todas as chances de se discutir os caminhos que caracterizam a sociedade brasileira. Este fato está sendo discutido em partes importantes do mundo. Temo-na, a discussão, presente na Itália, sob o ditatorialismo de Sílvio Berlusconi, na Venezuela com o ridículo Chávez, e aqui no Brasil desde o AI -5, infame, após derrubado, uma parcela da sociedade, em vários governos, no-lo peguemos o atual como bode expiatório, tenta ressuscitar tal proibição . Após muitos embates , o Presidente do Superior Tribunal Federal ,Gilmar Mendes, cassou o diploma para jornalista, a demonstrar que como no personagem de He-man “ eu tenho a força” , provou que todos nós passamos de cozinheiros, em uma atitude grotesca de diminuição de outras profissões, quando até para se cozinhar, hoje, sabe-se que é necessário muito mais do que , somente, aptidão; é salutar organização, capacidade administrativa, visão mais ampla do que a obtida pelo Ministro quando da infeliz comparação. E , neste ponto, pergunta-se: O que é relevante para ser ministro? Do primeiro ponto de vista, indubitavelmente, capacidade de análise , ponderada, inteligente, a demonstrar que ações do presente não podem ser baseadas no passado, quando se afirmou que o jornalista do passado poderia sê-lo só pelo ato de escrever. E , realmente, grandes nomes do jornalismo fizeram-no e fizeram-se com ética, mas as universidades de comunicação estudam os fatos, analisam, averiguam a construção do discurso e o condicionamento pela estrutura da frase, as tendências partidárias no intuito de formar um profissional abalizado. Vencida foi a mídia, pelo momento, e como não bastasse , a retirada do texto de Jabor do site da CBN , intitulado “ A verdade está na cara, mas não se impõe”, prova que as vias de fato para a censura já está no ar. Por que incomoda tanto lê-se o que poder-se-ia ser explicado. Por que não se entende , ainda, que toda crítica, por mais ácida que seja, pode ser um condutor de melhoras para toda a sociedade?
Nós, educadores, estamos aprendendo com a nova geração o quão importante é ouvir opiniões centradas, concordantes ou díspares, para se poder ampliar os processos de discussão. É temeroso imaginar , não só a política do pão e circo, o estado de sítio, como também a convivência em sala de aula, a proibir o aluno de expressar o que pensa , mesmo que de forma destoante ao facilitador. Estamos em época de pluralidade de formas, de cores, de expressões , e dentro desta perspectiva, as palavras devem ser respeitadas, as opiniões devem ser respeitadas, o retrocesso não pode substituir os anos de democratização da palavra em nome de pessoas que não se suportam longe do poder, até porque o poder, sem divisão, já no-lo é mais; transforma-se em medo perante aquilo que o legitimaria, o poder, capacidade de ouvir a massa, de entender, de resignar-se quando necessário.