Vendo duas lágrimas caírem em sala de aula, percebe-se o poder detido por um mosquito. Exatamente. A dor pela qual passam as famílias e ,de maneira particular, uma aluna, é estarrecedora ao averiguar as fragilidades vividas pelos cidadãos brasileiros. Nesta semana, falece em Aracaju, uma garota de apenas 3 anos idade, vítima do temível mosquito da Dengue: mosquito da epidemia, mosquito da febre, das hemorragias, da morte.
Vemos em todos os noticiários quase uma centana de mortes registrada em cidades de todo o país, a retirar do estado de debilidade , do malévolo mosquito da dengue, o codinome de uma pequena enfermidade que , se à base de água e muito descanso, passa de forma rápida. Agora, não mais. Talvez por conta de nossa inoperância social, ou como semelhante às pragas bíblicas, deparamo-nos com doenças de final de século, pelas quais a humanidade seria banida, molestada, vulnerabilizada, facilmente, diante das nossas irresponsabilidades em não criar contextos salubres para a convivência em sociedade. Ao presenciar determinadas falas ,a exemplo “teremos de conviver com a dengue”, “os níveis de contaminação se encontram dentro do previsto”, “o Rio de Janeiro é propenso à dengue por conta da estrutura da cidade”, ficamos decepcionados em saber que a culpa do poder público é posta de maneira aleatória, a ignorar as realidades nas quais nos encontramos. Enquanto os governantes tentam amenizar a culpabilidade , crianças saudáveis, produtivas, morrem e , em anexo às divulgações, Sandra Annemberg, após anunciar mais um óbito no Rio de Janeiro, diz a infeliz frase, “mas, agora,mudando de assunto..” sem saber a mesma que não queremos mudar de assunto, posto que os hospitais cedem a radiografia da falta de aptidão e preparo para lidar com a problemática, médicos mal formados propagam diagnósticos errados, é o caos, e as pessoas , pobres , na maioria, continuam morrendo, ou a andar por vários bairros, esperar oito horas para serem atendidas. Assim, como mudar de assunto para falar sobre a próxima matéria do jornal , que abordaria as danças culturais ? faça-me o favor. Após isto , ainda esperar pela matéria contraditória e em um período infeliz de retorno do Globo Repórter, quem traz a temática sobre a QUALIDADE DE VIDA. Onde está o senso de quem elaborou a pauta?
Claro que o mosquito , a larva, possui propensão por conta das várias providências que não são tomadas para resolver a falta de urbanismo presente nas favelas do Rio de Janeiro, a ausência de saneamento básico: esgotos, ruas calçadas, depósitos de lixos , nas várias formas, para decrescer a proliferação de larvas e, por fim, dos mosquitos voando por toda a cidade, que chegam à Barra da Tijuca só porque têm asas, mas os mesmos provêm dos lugares mais pobres, cujas estruturas, além de deficientes, existem pela inapetência do governo em sanear, repetimos, como também pela desinformação de crianças que para brincar, improvisam pneus, latas velhas, ou qualquer outra estrutura para entreter-se, enquanto o governo afirma , de maneira transparente, que a culpa é do povo, em outras palavras, imundo do Brasil. Aí é de arrebentar. Não pode haver limpeza constante, onde não há ordem, cujos indivíduos fazem as necessidades de maneira improvisada nos fundos do quintal, acreditem, ou estocam água, água dita limpa, para beber e ainda, como conseqüência, as gotas e pequenas quantidades da mesma , acabam por alocar o mosquito , a criar grandes focos. Só para termos uma projeção do que ocorre, mais da metade da população brasileira não tem acesso a redes de esgotos; posto isto, 80% despejam os dejetos diretamente nos rios, a trazer prejuízos não unicamente para a saúde como também para o meio ambiente.
Acompanhem , ainda, que em 2000, 60% da população não possuíam acesso à rede coletora de esgotos e 20 % , apenas, do esgoto recebido passavam pelo tratamento necessário. O prejuízo, queridos, ca-tas-tró-fi-co : diarréias, febre tifóide, malária, DENGUE. Portanto, o mosquito por si não existiria, não fosse a incompetência das políticas públicas , não possuidoras de planos preventivos, todavia, adotam as políticas de combate pós tragédias , visto que é ridículo , em pleno século XXI, pontuarmos que um ser humano, a morar em um país tido como civilizado, morra de dengue hemorrágica ou de diarréia pele má qualidade da água, principalmente no Nordeste, no qual os municípios, mais de 50 %, não contam com tais estruturas. Absurdo!
De forma muito sincera, queixamo-nos, muitas da vezes, quando somos apontados como países de Terceiro mundo. Antes fôssemos, triste , dizemos, somos de quinto , mesmo! Indignados, por ora, de nos lembrarmos da existência de tanto sofrimento e concretizarmos que a epidemia, que nos mata, não advém propriamente do mosquito, mas do governo , de certeza, cansamos.. Dê-nos um tempo, droga de governos-mosquitos , ou droga de mosquitos-governos.