As grandes contradições do universo começam a surgir, criando suscitações no comportamento, na religião e, de maneira principal, nos conceitos acerca do que já podemos considerar como vida. Determinada discussão direciona-nos aos critérios da importância das células-tronco, que edificam uma possibilidade concreta para fazermos restabelecer, restaurando e ao mesmo tempo eximindo várias anormalidades que caracterizam a estrutura física do ser humano.
Imaginemos, de um ponto de vista conceitual, que são chamadas de células-tronco pela capacidade de diferenciar-se e reconstituir variados tecidos do corpo humano de maneira pluralizada. Poderíamos dizer que as células-tronco assemelham-se a um determinado instrumento que se amolda a outro qualquer. Daí a importância voltada para a mesma no intuito de recondicionarmos as nossas anomalias de caráter genético ou acidental, a exemplo dos casos de Alzheimer, Parkinson e doenças neuro-musculares em geral.
Perante esse fato, as células-tronco classificam-se em quatro modalidades:totipontentes – presentes nas primeiras fases de divisão, quando o embrião tem até 16 a 32 células, equivalendo a três ou quatro dias de vida; pluripotentes – encontradas a partir do quinto dia de vida, quando o embrião é detentor de 32 a 64 células; oligopotentes – não são pesquisadas ainda, mas as encontramos no trato intestinal; as unipotentes – inseridas no tecido cerebral adulto e na próstata, por exemplo. Dentre as possibilidades de encontrá-las, uma vem causando mensuráveis conflitos no campo da bioética, pois as células-tronco totipotentes, encontradas em embriões, criam o debate sobre a possibilidade de, ao utilizarmos os embriões em pesquisas ou na finalidade de reconstituição de uma parte do ser humano vivo, gerado, estamos matando outro. Esse critério faz parte do projeto político do presidente do mundo, George W. Bush, que se sentiu pressionado pelas múltiplas opiniões advindas de grupos familiares, religiosos e outros de protecionismo ao que seria considerado de vida. Entretanto, não seria radicalismo pensar, conjecturemos, que os embriões já são considerados seres vivos, se ainda não foram ou tiveram contato com o útero materno? Em outra hipótese, podemos considerar como vida a união imediata do espermatozóide com o óvulo mesmo que continue congelado nas clinicas de fecundação? Claro que em se tratando de conceitos de vida é necessário designar respeito para que perante a ciência não ignoremos os outros posicionamentos, também respeitáveis, visto que ambos, ou pela preservação ou reconstituição de milhões delas, detêm valores importantes para os valores da sociedade. Contudo, fica mais fácil visionar o critério em discussão se tivermos parentes, pais ou filhos em situação semelhante. Suponhamos que um de nossos filhos estivesse em uma cadeira de rodas, portando leucemia ou sujeito a outra doença qualquer e houvesse a possibilidade de vê-lo curado, andando, produzindo, sendo feliz ou propiciando felicidades a outrem, será que o embrião congelado,frise-se que não será utilizado, acabará jogado fora pelas clinicas, é mais importante de que uma vida que já foi gerada?
Vejamos bem que nesse ponto torna-se mais fácil entender o porquê de algumas famílias e as pessoas necessitadas, como o cantor Herbert Viana, da banda Paralamas do Sucesso, e o ex-baterista da banda O Rappa, Marcelo Yuka, de 40 anos, apóiam essas experiências, encabeçando a luta inicializada pelo ex-Super-homem, Cristhofer Reeve, que falecido em outubro de 2004 lutava pra que os estudos e pesquisas fossem legalizados, visto que fora acometido de um rompimento dos nervos da coluna vertebral depois de uma queda de cavalo. Esses são alguns dos exemplos que tramitam na mídia, dentre milhões de pessoas que detêm o anseio de voltar a serem menos debilitadas.
Ante a essa discussão ética, abordam-se possibilidades de haver uma forma menos tumultuada de as pesquisas continuarem, sem que agridam os conceitos de vida humana. Na verdade, existem,posto que as células-tronco podem ser retiradas no cordão umbilical ou em tecidos adultos, onde substituem células envelhecidas. O que não podemos fazer é criar um estado de surto de ignorância perante as inovações científicas, deixando eclodir manifestos de falsa conduta ou a própria hipocrisia, pois questiona-se a preservação do embrião num país como os Estados Unidos em que o aborto é legalizado, tanto quanto no Brasil em que o mesmo não possui nenhum controle. Algo é o embrião fora do corpo feminino, outro aspecto é retirá-lo, abruptamente, do útero. Ainda assim somos uma sociedade com índices infinitos de abortos sem nenhum controle. Seriam mais ou menos dessa forma: é ilegal, mas é normal. Todos esses fatores têm que ser estudados, fazendo o equilíbrio dos conceitos, avaliando as formas pelas quais as técnicas são feitas, tanto quanto os objetivos e os dogmas criados ao passo que na religião Testemunhas de Jeová a transfusão de sangue deve ser recusada. Com todo respeito, há algo mais ortodoxo e paradoxal em pleno século XXI, no qual percebemos que as campanhas de sangue existem para salvar vidas? Somada a essa forma de enxergar as progressões, a igreja Católica ainda não admite o uso da camisinha em pleno momento das doenças sexualmente transmissíveis. Pode? O fato de existir não significa que determinada posição seja o melhor para os rumos da humanidade.
Diante dos processos de informação, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou o uso de embriões, congelados há pelo menos três anos, para as pesquisas científicas, cabendo a decisão para o chefe do Executivo, que já liberou os alimentos transgênicos, por uma pressão econômico-mercadológica, compreender cientificamente, aí temos um sério empecilho, para não sancionar tal decisão. Assim, cabe à comunidade científica tornar os estudos e ensaios mais acessíveis à compreensão popular no intuito de se diminuir a série de tabus em torno do assunto para que, a partir de agora, a cada menstruação, a cada masturbação, as pessoas não pensem que estão praticando um ato de genocídio aos possíveis embriões que surgiriam deste espermatozóide pseudo-despediçado com o fato de a mulher não poder engravidar em decorrência da fase menstrual. Menos ignorância, menos dogmas e mais informações podem trazer evoluções que aniquilam até as vulnerabilidades dos futuros super-homens:”pelos poderes da células-tronco”: homeNs.