Neste momento, as coerências reverenciam as incoerências que, sem escape, devem ser comentadas. Os fatos que marcaram a semana se entrelaçam em uma possibilidade intimamente brasileira. Durante a mesma, em alguns noticiários, discutia-se aprovação do prazo de licença maternidade pelo Senado, ao passo em que a especulação de embargo por parte do Presidente era propagada. Ele, em entrevista , afirmou ser estúpido o cerceamento do projeto, visto que , de maneira sensível e inteligente, Lula pontua ser importante as mães cederem assistência aos filhos, pois teremos bebês mais saudáveis , o que reduzirá o número de internações nesta fase de desenvolvimento.
A cada impasse , o Presidente vai deixando para trás a visão de homem ignorante e tosco e passa a perceber de maneira mais equilibrada as discussões que permeiam uma sociedade moderna, após ter desenvolvido e ampliado do governo FHC alguns projetos , de aparência eleitoreira, como o bolsa família, que se contrapõem a outros de grandeza mais significativa como o PROUNI. De maneira indubitável, o Governo Federal, em meio aos vários problemas brasileiros, tem acertado, sim, o que nos torna mais atenciosos para a análise, independentemente , de partidos. Cremos que sociedade se faz com visões críticas, pontuando quais os anseios desejados pelos cidadãos para que busquemos um espaço mais igualitário. Em meio ao bom desenvolvimento do Governo Federal, neste aspecto, todos os pontos positivos defrontam-se com a política já em campo, na qual são poucos os candidatos que abordam as perspectivas de trabalho, quais as benesses que serão direcionadas ao povo. Entretanto, na presente campanha, em especial, há algo interessante. Ex-vereadores, não mais se propondo ao pleito, resolveram apresentar a própria família, cuja tática se verossimilha à monarquia, de pai para filha, o que se observa com Daniel Fortes, ao fazer pedidos para que votemos na filha dele, Daniela Fortes, abalizando a competência dela, que pode até possuir, mas qualidades desconhecidas do povo, sem ideologia apresentada, mas evidente o grande orgulho do pai que averigúa os projetos de ascensão dos filhos, ávidos por poder em nome da democracia. Saímos deste panorama e adentramos ao processo da Dr. Jane que apresenta a irmã Jaci, que na língua indígena significa lua, o que nos leva a sonhos bem distantes do planeta terra, configurando a frase, nada feliz, de Raul Seixas, quando afirmava viver sempre no mundo da Lua, porque era inteligente, o papo dele era futurista e lunático. Apresenta-a, dizendo que a irmã é persona da confiança dela, e , em casa, indagamo-nos se deveria ser de nossa confiança e por que.
Insertos no contexto, estamos nós, meio que desiludidos, a ouvir chavões : “ a gente pode”, enquanto outros dizem ser candidatos por “amar Aracaju” , como se o amor fosse suficente para suprir as expectativas de um povo trabalhador, ora sem vislumbres no futuro. Que a cidade é linda, que tem a melhor qualidade de vida, pode até ser. Que não possuímos índices de violência comparados aos de Recife, pode até ser, no entanto, em meio ao marketing, querer pontuá-la como o paraíso , aí temos , mesmo, de avaliar. Melhor para quem, em que área, em que condições de vida, porque é muito fácil medir Aracaju da avenida Simeão Sobral para cá. E não nos devemos referir, somente, ao espaço físico , não. Todavia, ao acesso às possibilidades sociais inexistentes nas periferias. Por acaso, qual o entretenimento que existe no Bugio, no Augusto Franco, no Santa Maria, no Almirante Tamandaré e em outros bairros mais, contendores de um fluxo de pessoas que decide, de maneira massificante , a política? Qual o cinema, casa de show ou shopping que atende a esta população , a não ser as festas nas esquinas, um campo de futebol ou uma quadra , que se contrapõem à ausência de bibliotecas e espaços cybers gratuitos em plena época da digitalização? Posto isto, é muito fácil, para qualquer candidato, nos vários cargos desejados, dos vários partidos, afirmar a qualidade de vida, quando o fluxo da disparidade social posiciona-se na rua da frente ou em bairros circunvizinhos à cara realidade da Treze de Julho.
Seja qual for o partido, seja qual for o candidato, é hora de analisar a proposta nesta , volto a dizer, democracia paradoxalmente obrigatória, sem nos atinarmos por partidos, mas por pessoas. São os caracteres das pessoas candidatas que elevam o nível da tão desgastante realidade política brasileira. Se há esperança? Reflita e veja o que sobra. Até a próxima.