As contradições do mundo atual, a cada dia, apresentam-se de maneira espantosa. Vejam como é decepcionante para muitos educadores-professores deparam-se com a falta de estímulo proveniente de muitos alunos que não perceberam, ainda, a sublime tarefa a que se propõe o mestre, quando deseja que o aluno se estimule a refletir acerca da vida, dos fatos que o rodeiam para encontrar-se.
Tal esclarecimento se dá, posto que no processo normativo e educacional da atualidade, fato estudado por pedagogos e outros profissionais que paralelam a área educacional, presencia-se a inapetência do aluno por aprender. Pontuamentos surgem como o despreparo dos professores para acompanhar a linguagem do jovem atual, a ausência frenética da família que se justifica na busca e luta pela sobrevivência , dentre outros que nos deixam culpados e nos tornam impotentes, mas responsáveis pela transformação deste adolescente. Em anexo a este agregado de fatores, o que devem fazer educadores ao se encontrarem com adolescentes agressivos em sala de aula? Tal situação torna-se corriqueira em escolas nas megalópoles como São Paulo, Nova Yorque, nas quais são vistos extermínios e violências acometidos por alunos contra os orientadores.
É chegada a hora de se repontuar os comportamentos em sala de aula. Frise-se que o pontuar nos remete ao campo da significação de recomposição dos limites que devem ser seguidos ou utilizados por adolescentes que, de maneira atropelada, perdem o viés da chamada liberdade de expressão, em muitos momentos, os mesmos, confundindo liberdade com desequilíbrio nos comportamentos. Não podemos subestimar as problemáticas, colocando-as embaixo dos tapetes ou, simplesmente, nós, educadores, fazermos de conta que não enxergamos o fato por conta da manutenção do emprego, do cartão de crédito a pagar, a ignorar que a escola não pode ser vista e vivenciada como um espaço limítrofe de sobrevivência, quando a mesma deve ser observada como o espaço para a proposta da transformação. Pontuemos que espaço para a proposta de transformação a partir do momento em que o aluno, seja criança ou adolescente, queira e se posicione por intermédio da própria consciência, experienciar os valores desta mutação. Não cabe , somente, ao educador educar. A tarefa é uma congruência que sugere a justaposição de família, princípios da sociedade, abertura para o diálogo por parte do aluno e percepção por ênfase do profissional. Em contrapartida, não nos esqueçamos de que somos perspectiva, errônea, da sociedade do “desdiálogo” , do cansaço em tentar fazê-lo. Não é fácil, educadores acordarem às 6 horas da manhã, possuirem um regime de trabalho de 10 ou doze horas por dia , depararem-se com as discussões, neste momento, infundadas de governantes que não cumpriram as promessas em relação ao acordo salarial, salas de aulas destoantes ao momento tecnológico vivenciado, e o mestre encontrar alunos que dizem não querer “ pensar” , ou que não gostam de pensar pela manhã. Vejam bem. O ato de pensar, intrinseco ao ser humano, agora possui local e turno para revelar-se. Em uma sociedade, resquicio do Iluminismo, em uma sociedade que põe o pensamento de Durkheim em prática ao dizer que o homem seria valorizado pela capacidade de pensamento e de expressão, nós nos queixamos de nossa miséria e ascendente falta de percepção para criar uma sociedade desenvolvida, sendo o resultado negativo parte parte de nossa “ irracionalidade” humana, posto que repudiamos a característica que nos difere dos seres ditos irracionais: o raciocínio. Fico , cá, a elocubrar se os animais, caso tivessem a capacidade de pensamento, diriam tamanha asneira.
Ao analisar que éramos quadrúpedes, pusemo-nos de pé e que hoje, tornamo-nos homens sapiens, logo, sapiens-sapiens, e , ainda, negamos os nosso 20 bilhões de neurônios, comprovamos a tese de que muita gente, que anda por aí, não percebeu ser, somente, ser biológico, um amontoado de células que se alimenta, reproduz, NÃO PRODUZ, visto que não pensa, e morre. Entretanto, perguntamo-nos: “aquele que não pensa, morto já não o está?” Todos estes questionamentos perpassam por uma análise que deve ser prospectada pelo próprio contexto social, sem culpa, para que se vigore um recondicionamento no afã de que as banalidades não superem a capacidade de desenvolvimento das habilidades humanas. Imaginemos Sócrates, sem pensar, Marx, sem pensar, Da Vinci, sem pensar, Sheakspeare, sem pensar, Hobbes, sem pensar. Sacrilégio, não? É por estes desafios que passeiam muitos professores e, infelizmente, muitas instituições , equivocadas, querem levar o lúdico a quem deveria levar a reflexão, não amarga, contudo, séria, profunda. Não se pode desenvolver o raciocínio, achando que os alunos começarão a gostar de matemática, física, química , Português, ao vestir os profissionais de palhaços ou de personagens, pois isto, apesar de engraçado, tem feito os ícones da educação desaparecerem. Imaginem Ofensia Freire (in memórian), vestida de She-ra para ministrar uma aula de Português, só para fazer o dia dos alunos mais alegres; Solange Montalvão de “ Mulher Maravilha”, Rosalgina Libóreo de “ A mulher de Seis Milhões de Dólares”, Ponciano “ de Superman” . Que são super-heróis, não há a minúscula dúvida, mas o são pela competência, e não pela alegoria. Não seria a “ fantasia” o elemento responsável pela descoberta do amor às letras , à ciência ou filosofia. Ao aluno cabe perceber a importância da formação educacional como valor de vida, a nós, a consciência, mas o cuidado de no desejo de sermos aceitos, deixarmos de ser educadores, perdermos a postura e nos tornarmos, sem a ofensa da palavra, professores-educadores-palhaços, porém, ridículos. O ponto entre o alegre e o ridículo encontra-se no senso. Que seja feita uma nova proposta de educação entre família, professores e alunos, todos no processo macro para encontrar o desenvolvimento de nós mesmos, a sociedade.