Nas sociedades contemporâneas, discutem-se os critérios dos modismos relacionados a vários tipos de comportamentos, que seguem da moda às formas de comportamento do homem, ser social. Dentre as variantes, a sexualidade é uma das que mais assustam o contexto. Há uma série de equivocos nos conceitos. Chama-se de orientação, a identidade sexual do gay ou da lésbica , pelo simples fato de ser diferente daquilo que a sociedade emite como “ normal”. Temos a impressão de que ao usar a palavra ORIENTAÇÃO, sermos levados a entender que alguém opta em ser gay ou lésbica, quase na mesma intensidade que se resolve comprar ou não, diante da necessidade, um quite de primeiros socorros. Exatamente. As pessoas não conseguem entender que nenhuma pessoa em consciência escolheria se gay ou lésbica para ser ignorada, na maioria da vezes pela família, para ser, nas rodas sociais, alvo de comentários “ aquele cara é legal ou aquela menina é legal, MAS (esta conjunção pesa demais) é GAY, como se a sexualidade fosse interferir na densidade da amizade estabelecida. Veja que nos tidos heterossexuais, a pessoa não é aceita ou repugnada pela sexualidade , de ser menos homem ou machão, ou a garota por ser mais ou menos feminina. Basta que entre uma conversa e outra , ela diga , para afirmação alheia, que determinado garoto é bonito ou ele a dizer que determinada menina é suculenta, para ambos serem incluídos no grupo dos normais.
Em meio à série de conceitos e de pressuposições , muitos fatos se confundem, mesmo quando a intenção é uma das melhores, como a representada pela passeata gay, que trouxe a São Paulo uma multidão de mais de Três milhões de pessoas, que , na maioria, não têm , sequer, uma ideologia para defender em frente às câmeras, o motivo real da estada no evento, a não ser repetir emburrecidamente que gay é alegria; Assim, só mostram o lado descompromissado dos homossexuais, homens e mulheres, a banalizar a imagem dos gays como sendo os afetados, de comportamento extravagante, esbanjando a alegria, que nem sempre corresponde à felicidade, com plumas e paetês cor-de-rosa, estigmatizando, negativamente, o que já o é estigmatizado, negativamente. Perguntava no meu último programa na TV CAJU, por que os gays não aproveitavam o momento para cantar uma música que representasse os direitos , ao invés de cantar em inglês “ it´s raining men, “, em língua portuguesa, “ está chovendo homem”, a colocar este refrão como música tema, a passar a imagem, incontestável, de que o objetivo do gay é buscar homem, como fonte para a existência do mesmo. É por conta disto, que muitos homens veem no gay, a possibilidade de serem visionados como uma caça, tornando a imagem e existência do gay, subumana, produto do subextrato social.
Diante desta vertente, fica difícil de uma pessoa não dotada de viagens à Europa ou a países desenvolvidos, ou ainda, pessoas que não possuam grau de compreensão humana evoluído, ou ainda, pessoas que não leem, entenderem o que é ser gay sem todas as informações deformadas que os próprios gays propagam, mesmo sem intenção negativa. Por que não mostrar os gays médicos, engenheiros, deputados, prefeitos, ícones das ciências e das artes, da filosofia, mesmo no mundo contemporâneo? Por que mostrar a imagem do gay como alguém que só propicia nos outros a risada, o deboche , e não a proposta de seriedade? Frente ao processo de análise, vimos em Aracaju, ontem, dia 21 de junho de 2009, o primeiro relacionamento HOMOAFETIVO explícito em Aracaju. Estava na Cantina Sicilia, quando o respeitável representante da doutrina espírita Benjamim Teixeira e o companheiro, um ex-aluno e amigo, Wagner, chegaram com convidados, médicos, empresários , dentistas, advogados, para festejar a cerimônia de oficialização da primeira relação homoafetiva no estado de Sergipe. Chegaram sem afetações, sem gritos, sem plumas rosas, sem algazarras, mas gays, livres, inteligentes, respeitadores e respeitados, porque sabem pôr a condição humana acima da condição sexual.
Após o cumprimento à frente da cantina Sicília, entram ; eu e amigos da TV Caju, o Diretor do Singular, Ricardo Nascimento e Saulo, colunista do Jornal do Dia, fomos à mesa cumprimentar a todos que festejam , de maneira civilizada, sem Go-go boys (a explicitar o abdômen como o ápice da cultura da imagem e vazia do século XXI), o tão lindo e importante enlace, que festeja a união de duas pessoas que se amam, respeitam-se e completam-se. Com certeza, serão alvo de críticas, pois ainda vivemos em uma sociedade encrustrada pelos esconderijos da noite, na qual muitos homens e mulheres casam, brigam com o próprio interior, satisfazem os ditames familiares, vivem uma falsa ilusão de felicidade , mas são os mesmos, as mesmas, que, na calada da “ noite preta” , buscam os travestis, os garotos de programa para exercerem de maneira leviana e banal o que a essência poderia fazer de maneira tranquila, caso não houvesse a culpa acerca do que vão falar. É assim que vive a sociedade, muitas das vezes, pobre sociedade e paupérrimos os que nela estão a ignorar os próprios reflexos, a viver a identidade alheia, a criar personagens que satisfazem a todos, menos os donos que as criaram. Como Wagner, que sempre foi fantástico, que namorava outras meninas, até se encontrar, existem tantos milhares de meninos, aqui, em Aracaju, na mesma situação , e quem nunca ouviu falar do amigo que namora o cara, mas que ninguém pode saber, dos garotos que brigam na rua para autoafirmação de macho reprodutor, do lutador de jiu-jitsu que sai com o cachorro bit pull para espantar a SI do MESMO. Até quando as pessoas pagarão os preços por esta falta de atitude, sem saber que a vida de cada um deve ser vivida com dignidade, desde que as escolhas sexuais sejam a extensão da dignidade humana?
Benjamin e Wagner, Sergipe, que os conhece, parabenizamo-los.