E há quem defenda. Mais fatos começam a suceder no que se direciona à agressão dos pseudo-garotos de família que agridem as pessoas que não se enquadram neste protótipo de sociedade perfeita que fora incutido nos miolos da classe média. Como tem dado trabalho aproximar estes mundos, que são diferentes em muitos aspectos, mas que não deveriam desvirtuar os conceitos nas relações interpessoais.
O fato ocorrido em Brasília, faz, aproximadamente, 8 anos, conseguiu atentar o contexto para os cidadãos começarem a analisar o que as pessoas querem umas das outras. Depois do episódio praticado pelos garotos de comportamento marginalizado da Barra da Tijuca, independentemente dos adjetivos a eles, já, cabíveis: desumanos, rasteiros, agressivos e sem senso, paremos para analisar o que podem produzir pessoas com tanta ânsia de fazer o outro desaparecer. Daí, depreende-se que, de maneira óbvia, a ausência de valores. Estamos insertos em uma sociedade na qual as trocas de valores, dos ditos bons pelos certamente ruins, pautam-se de modo implacável.
Se formos, ainda, observar, o ato praticado pelos rapazes, bonitos, de porte, estudantes de direito, representa a ruptura de vários conceitos, dentre eles, a degringolagem nas relações familiares. Por que os pais não mais analisam quais as relações produzidas pelos filhos, por que a ausência de controle e onde vamos chegar? Não que a vigília dos genitores proíba o que de índole, negativa, os filhos possam produzir; no entanto, que a presença incessante dos próprios no almoço, esquecido, na janta conjunta, esquecida, pequenas transgressões sejam observadas e condicionadas educativamente para que este jovens se tornem seres sociáveis.Dentro deste eixo de visão é que devemos pontuar as possíveis transformações sociais. Acabamos rompendo a célula mais importante da sociedade e atirando a busca de liberdades para todos os lados, mesmo que para isto, seja necessário exterminar seres que não se enquadram no desenho padrão. Os garotos de classe média, médios de conteúdo humano e percepção, médios em termos de respeitabilidade, medianos de espírito não agrediram a empregada confundida com a prostituta. Agrediram, por intermédio daquela, tudo aquilo que as idéias pecuniárias dizem não podermos ser: pobres, negros, simples, gays, hippie, sem-terras e prostitutas.
Retrocedendo aos fatos de Brasília, atearam fogo no índio porque o confundiram por mendigo, mas, talvez, se fosse já percebido como índio, poderia ser abatido como animal em preservação, pois puseram em nossa cabeça que lugar de índio é na mata, lembrado a cada 19 de abril e esquecido o resto. Se não fosse pela data histórica, ateariam fogo no índio mesmo, sem se lembrarem de que índio, hoje, = peça de museu. Um desrespeito às várias formas de existência humana. Como resultado dos descasos, acumulados, ocorrem fatos cíclicos e para não esquecer, voltam os marginais da Barra da Tijuca e batem, espancam, roubam a empregada, trabalhadora, ainda assim, os pais de alguns afirmam que os meninos não podem ficar presos porque fazem direito……direito de agredir, pois todas as regras vistas, no curso deles, baseiam-se nas contravenções penais.Por sorte, surge mais um pária, o ta-xis-ta , como as pessoas renegam os ta-xis-tas, anota a placa em defesa da outra pária, pois, agora, todos defendem a empregada, mas esquecem-se das muitas que são agredidas em casa com os verbos no imperativo sem o menor respeito: “pegue aí”, “limpe aí”…. e todos sabemos disto como se agressão e repúdio fossem somente físicos. Os físicos deixam as marcas visíveis. Em contrapartida, quantas domésticas não são ignoradas nas próprias casas nas quais trabalham pelos filhos da complexa classe média que afirma “se fui pobre, já esqueci”. É por todos estes fatos que muitas pessoas continuam limpas por fora, mas com conceitos gordurosos por dentro. Nesta sociedade de condes e nobres fajutos, que se protejam as marinetes! Fato lamentável!
Curso de redação no Prime – 3211-2243