“Palavras, palavras não são, apenas palavras”. Fatos escabrosos de desrespeito continuam acontecendo no cenário da política Nacional. De maneira imediata, víamos as banalidades praticadas pelos representantes da massa no que dizia respeito a leis ultrapassadas, anticonstitucionais e atos de improbidade, que , por mais pensassem os mesmos nos entristecer, estão nos amadurecendo para buscar um país melhor.
No entanto, agora não. Deixamos de lado as agressões políticas, os gritos por defesas inoportunas e vemos, a todo o instante, o Deputado e antes de analisar a questão, o inteligente Clodovil Hernandes, com uma postura infeliz, agredindo as pessoas como parlamentar. É interessante posicionar que em foco está o representante do povo, não o estilista. Assim, ficamos a nos perguntar de que maneira encontraremos a elegância de que tanto fala o estilista se como deputado se esqueceu de exercê-la, colocando , naquela Casa, o desrespeito não aos deputados, mas sim ao povo brasileiro que poderá se envergonhar por ter cedido ao deputado os 300 ou 400 mil votos obtidos em São Paulo, muitos dos milhares provenientes de mulheres.
Penso ser preocupante quando as pessoas passam a emitir discursos cujas agressões barganham um número quase que total, se não o for, sem se sensibilizar com a alma das pessoas. Em plena Câmara, afirmar que as mulheres estão se portando como “ordinárias”, trabalhando deitadas e descansando em pé é, no mínimo, uma atitude acelerada de quem , mesmo que momentaneamente, esqueceu de respeitar não somente as mulheres, mas o ser humano. Odiado por muitos, por quê? Porque diz a verdade. Será? De maneira infeliz, cremos que não, posto que outros líderes mundiais já explicitaram o pensamento , sem que necessário pusesse a violência em prática. O que o Deputado deveria ter explicado é que não as mulheres , todavia, a humanidade passa um momento de perda de valores. Todos nós, impulsionados pelo poder do dinheiro, para buscá-lo, muitas das vezes, de maneira não conceituada como digna. Perdemos o valor por intermédio do dinheiro, que gera a prepotência em pôr verdades absolutas, cedendo às pessoas a mesma agressão que a humanidade, por alguns conceitos mal formatados, agride negros, prostitutas, bissexuais, pobres e homossexuais ; entretanto , fica muito claro que agressão gerará agressão. O que pensarão mulheres como Heloísa Helena, Hilary Clinton, Michelle Bachele, Ana Lúcia e Tânia Soares, aqui, nossas, de Sergipe, e até Ségolène Rayal, ex-candidata à Presidência na França, se vissem todos os esforços serem menosprezados depois de muitas outras terem sido queimadas vivas em 8 de março por desejarem a liberdade de expressão? Decepcionante. Mesmo que a humanidade esteja passando por inversão de valores, independentemente dos sexos e orientações sexuais, a mulher ainda é o centro da casa, muitas delas tão dignas como a mãe , enaltecida , do próprio deputado, que foi magnânima ao tê-lo aceito para adoção – só amor de mulher para amar o que não gerou -.O eu não se pode propagar é a idéia de que “na minha casa tudo é melhor do que na sua. Na sua, as coisas não prestam”. É preciso atenuar os encargos impetrados sobre as mulheres, ainda, em meio a tantas agressões ao longo da história, pois sempre são julgadas como culpadas, quando pós estupro ,dizem as más línguas , que as próprias atiçaram o furor sexual masculino… um estigma de preconceito pela evolução, inclusive a sexual, no contexto da sociedade moderna.
Imaginemos como teria sido a resposta vinda de Heloísa Helena, que mais do que mulher, designação sexual, é ser humano para ver a própria espécie codinominada de ordinária. No entanto, para termos idéia do que é ser ordinária, acompanhe: [ do lat. Ordinarium] de má qualidade, baixo valor, inferior, mal-educada, medíocre, vulgar, de inteligência ordinária, sem caráter, reles, segundo Aurélio Buarque de Holanda. Daí, fica complexo de as pessoas respeitarem o deputado ou não pedirem a cassação por falta de Decoro Parlamentar, posto que , ao requererem retratação, não somente lhe pediam, as desculpas cabíveis às deputadas do recinto, mas de todas as mulheres que compõem a sociedade brasileira.
De acordo com a historiografia literária de Zânea Duarte, ao longo da progressão social , a mulher, que fora cantada em prosa e verso, já passou por preconceitos velados, inclusive com visões conservadoras de se pôr a mulher à disposição , por intermédio da poesia de Bandeira, que enxergava na mulher um objeto de fuga da realidade. Fuga, inclusive, da turbulência política da época, . Assim, “Vou embora pra Passárgada, Lá sou amigo do Rei, Lá tenho a mulher que quero, Na cama que escolherei….”Logo, o sexo feminino como elemento de satisfação, casca polida, sem vontade própria, para sanar as problemáticas do sexo masculino, no momento retrógrado posição não mais presente na maioria dos homens, que juntos, constroem um contexto melhor.
O bom é que, enquanto, o Deputado agride o sexo feminino, observando-o pelo aspecto negativo, concernente a todos os sexos, portanto, aos seres humanos, outros, ainda , de maneira positiva , cantem-no:”Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela menina, que vem e que passa”…. ( Tom Jobim e Vinícius de Moraes)… Entretanto, para demonstrar que estes conceitos chocam e devem ser ignorados, falei com grandes mulheres e assim elas disseram… “ gosto de ser mulher porque…”
“porque tenho o dom da procriação, uma bênção de Deus” – Acácia Trindade – jornalista – “ pelo meu grau de sensibilidade para enxergar, de maneira humana, o mundo o qual componho e ajudo a compor “- Lenalda Dias –educadora – “ porque através da minha luta, eu dou provas de que a vitória está na competência, independentemente do sexo “ – Amorosa – cantora – “ porque me fiz mulher, nasci mulher, me construí mulher – Tânia Soares – deputada estadual, que no momento da declaração resolvia , junto ao Secretário-adjunto de Estado Da Educação, as melhorias para a educação em Sergipe – “ porque tenho identidade”- Selma Amorim – Gestora Educacional – “porque consegui a minha autonomia – Josevânia Teixeira Guedes – Pedagoga – “ porque tenho a possibilidade de amar, com olhar , profundamente materno, outras pessoas que do meu afeto , atenção e respeito precisam – Gilca Ventura – vereadora e minha mãe-
Logo, depois de atitude pouco nobre, deputado, é sempre hora de evocar desculpas, principalmente, dada a proximidade do dia alusivo às mães. Que coisa horrível! Espante o obsessor que ronda a própria Excelência, lembre-se de sua mãe, ame-a e aprenda a respeitar as mulheres que, consequentemente, se posicionam como mães de outros. Até a próxima!
Dênison Ventura Sant ‘Ana, professor de Língua Portuguesa e redação, cronista da Infonet, Coordenador de Pós-graduação da Faculdade Pio Décimo.
Curso de redação – 32112243 – Prime.