É a visão, muitas vezes , deturpada dos conceitos sociais que vendem ou tentam imbuir na mente de muitas pessoas que as mesmas não podem possuir os comportamentos respectivos à imagem que detêm. Vemos este composto de ideologia propagando-se de forma desordenada por intermédio de palestrantes, professores e profissionais que lidam com o psíquico humano.
Em uma palestra que presenciei havia uma grande figura, vista por todos por intermédio de um data show, no qual duas imagens refletiam-se por intermédio de um espelho: o gatinho versus o leão. Sob a figura, estava escrito: “desenvolva a sua auto-estima”. Vendo-a, a imagem, questionei-me o que havia de errado no aspecto físico do gatinho e o que de tão especial centrava-se na armadura do leão. Resultado: o gatinho, bem como a utilização do sufixo, estereotipava a sensibilidade, a aparente fraqueza em uma sociedade que clama por força, vitalidade. O que de nós espera este mundo tecnologicamente formado, em que só valemos por imagens construídas… e nada mais?
De repente, aquele gatinho, o do sufixo INHO, que designa o diminutivo, o leve, o muito sem importância, pode ser frágil por fora , mas com senso de vitória por dentro. Por que não nos aprendemos a nos respeitar conforme somos: pequenos por forma, entretanto, com suntuosidade? Claro que o levantado posto aqui são questionamentos os quais nos fazemos todos os dias para tentarmos nos compreender e nos encontrar… quem sabe….
Em contrapartida, no reflexo, a grande juba do leão. Ali estava o que o mundo moderno quer…. a força, mas com ela, a possibilidade de se construir indestrutível com ares de prepotência – ser o rei da selva , no entanto, sem a presença de súditos – E assim, conquistam-se os mundos, arem-se os leques de ilusão, com o denominador de ficar sozinho. O rei, geralmente, não ouve; o rei , geralmente, não chora e daí, questionamo-nos para que serve tão grandiosa juba se acabará sem a contribuição dos demais para construir uma parte de si que precisa do contato e do respeito humanos. Disse, contato e respeito, não medo.
Torna-se inquestionável que existe um sistema que preza pela sobrevivência, que leva, de maneira óbvia, o ser humano a deixar de portar-se no parâmetro inato para ser um sobrevivente. Frases de efeito como “sobrevivem os mais fortes” são interpretadas de maneira duvidosa, ignorando a respeitabilidade pela convicção das atitudes humanas inserta no conjunto de ações em busca das próprias identidades. Assim, esta construção de identidades é sublimada, ignorada, para dar vazão ao monstro devorador que coexiste dentro de cada um de nós. Temos que , segundo Lílian Rocha, possuir aparências com a barata que sobrevive sem cabeça , posto que o cérebro dela encontra-se no estômago. Desta forma, só tendo estômago para engolir o cérebro , enquanto engolimos a nós próprios sem a menor respeitabilidade por nossos sentimentos, que não mais cabem neste mundo de números e atitudes que contradizem o que abstraímos e pensamos.
Basicamente, estamos criando leopardos para viver em uma selva que só existe dentro de nossa cabeça. Cabeça , exatamente, coco-cocô que guarda uma imensa quantidade de neurônios estabelecedores de regras que servem a poucos e repugnam milhões – trabalhadores cumpridores de meros atos repetitivos, que sorriem para vender a blusa ao cliente, mas que têm consciência de que são muitos mais do que somente aquilo em busca da sobrevivência, para pagar o consumo de água, comprar comida, pagar à Energipe, o condomínio e só…. um mero esforço repetitivo dentro deste mercado consumidor enlouquecido no qual estamos. Todavia, onde está a felicidade em reproduzir o ato? Ele poderá , até, possuir a fotografia, assertivando que ele/ela é o funcionário do mês, mas ninguém pergunta quantos amigos ou colegas de trabalho teve que desrespeitar, ultrapassar, falsear, em nome do sistema de sobrevivência. E chamamos de vitoriosos os que se enveredam fétidos por este caminho. Torna-se, óbvio, portanto, ouvirmos as pessoas se lamentarem desta repetição criada, enquanto percebem que poderiam ser muito mais….. gente…. que sente e diz o que sente , por que sente…. para sentir cada dia melhor.
Em anexo a todas estas idéias , só não nos vale hipotetizar que não temos noção da existência de um sistema que caminha para o caos. No Japão, a tecnologia , buscando suprir as ausências humanas é tão grandiosa, que existem peixes-bois mecânicos, cachorros mecânicos, mulheres-robôs , enquanto a cidade cresce, literalmente, para baixo por falta de espaço, no que diz respeito, de maneira principal, à falta de encontro consigo mesmo para podermos ser gente. Fica mais fácil sucumbir ao sistema, obedecer ao sistema, subjugar-se ao sistema e nos distanciarmos das possibilidades de sermos quem somos… quando matamos seres humanos incinerados nos ônibus, por dinheiro, quando fuzilamos uma mãe de família, para reprimir o sistema e por dinheiro; assim será nosso triste fim em meio a esta sociedade de filhos da ….. PAUSE ….. STOP…. BYE –BYE …. fui desligado.