Acabo perplexo com a lentidão acerca do processo educacional no Brasil. Segundo pesquisa, a presença de um professor, abalizado ou não, define o futuro do aluno, sobretudo nos ganhos econômicos. De acordo com a pesquisa, um aluno bem preparado, por ano, pode ganhar mais de 90 mil reais se comparado a outro que não possuiu o mesmo acesso ao material mais primoroso: o professor. Certo que, esclarecida a pesquisa, a pergunta é: qual a novidade?
No Brasil da década de 70, pasmem!, o profissional da educação era remunerado em um patamar semelhante ao de um juiz de direito. Óbvio que não daria para enriquecer licitamente com este salário, mas a qualidade de vida, em média de proventos relativos a 22 mil reais, com os descontos, daria para viver muito bem. Em contrapartida, o que vemos? Vemos uma dificuldade imensa nas Universidades para buscar alunos que desejem lecionar, passar as informações, já que , no Estado, como também em outras partes do país, o piso do professor, convenhamos, é vergonhoso, em média 1.185…..reais, o equivalente a 2 salários mínimos, em início de carreira, o quase recebido por um menino, sem universidade , trabalhando em qualquer loja de shopping Center em Aracaju.
Na sequência, então, vem a pergunta: para que estudar se a busca pelo conhecimento não é valorizada? Para que mestrado, doutorado, se o pedinte da esquina consegue lavar as roupas na lavanderia do bairro 13 de julho, enquanto a realidade do professor o impede de buscar uma melhor qualidade de vida, a exemplo ir ao teatro, cinema, absorver novas culturas, no anseio de passar uma visão docente, não só de conteúdo, mas de mundo para os discentes? Determinadas situações são vexatórias no universo da educação. Percebe-se, como resultante desta vergonha salarial, profissionais descompromissados com o cotidiano, com a vivência do aluno, com o aspecto de acuidade para fazer com que o menino e menina carentes enxerguem possibilidade de sobrevivência , inclusive na opção para sê-lo professor. Sim, aquele que tem o dom para pegar na mão dos que se encontram no seu território, dos que precisam de uma fagulha para aperceber-se no mundo e o próprio mundo de maneira diferenciada, daquele que põe a ideia para que a haja o contraponto dela e, por encaminhamento, surjam outras milhares de possíveis soluções.
Não sei, queridos leitores, se após a minha parada , por questões familiares, vocês compreendem o que eu digo, porém, não podemos mais falar em educação sem atinar para a sobrevivência, digna!, dos que prospectam a melhoria no país, seja por intermédio da sala de aula, das pesquisas, enfim. No-lo podemos discutir educação, pondo-a como objeto que pode ser trabalhado sob um pé de árvore, tendo este processo descritivo nordestino, ainda como pano poético de nossa miséria de alma, de posicionamento, de desenvolvimento, ignorando o fato de que o PROCESSO deve ser pautado em salas de aula tecnologicamente preparadas para o aluno do século XXI, cuja época já possui outros párias, que não mais são os sem-terra, mas os sem-computador. Um horror! Assim, não podemos ser a sexta economia do mundo se temos uma população detentora de um pequeno avanço social, mas que mascara a importância daquele que levanta o alicerce para que toda a desenvoltura continue acontecendo: o professor. Digamos o nosso basta aos baixos salários, à desvalorização, às piadas que já foram vivenciadas por policiais, e cujos médicos , que ganham em torno de 15 mil reais em cidades do interior, não querem provar. Por isso, organizaram-se. E nós, professores, como resolveremos nosso caso? Reflitamos!