Como se pode qualificar um país que responsabiliza parte das ações educacionais a um super-herói das matas codinominado de Zé da merenda? Matéria veiculada na Rede Globo, a realidade do processo de aprendizagem no Brasil, ainda se encontra em estado de evolução. É Claro que neste pontuamento, seria ininteligente deixar a culpa para presidente x ou y, mas todo este montante negativo é resquício de uma sociedade irresponsável ao não admitir as próprias funções.
Aos telespectadores que assistiram à entrevista com Zé da merenda à frente, é importante versar o aspecto da sala de aula. Será que nenhuma autoridade consegue perceber e receber relatórios que apontem a cruel realidade deste Brasil esquecido? Termos , em pleno século XXI, uma pessoa que se esforça para ser professora, especificação que se tornou banal pelo simples esforço de passar a informação adiante, mesmo sem as especializações necessárias, caminha duas horas por dia, atravessa rios, para chegar à classe, faminta, mostra haver brasileiros que mesmo sem acesso a grandes informações, comprova que a ética , mais do que nunca, está ligada a valores não só morais, mas humanos. A ética da capacidade para sentir a necessidade que o outro possui em aprender e , como conseqüência, ter uma noção de vida melhor, que pode advir da decodificação e do balé das letras. É revoltante enxergarmos crianças que vão à escola e têm na mesma a visão de “ fast food”. Visão deturpada, mas compreensível, posto que a miserabilidade centra-se na sala de estar destas famílias que não só possuem fome de comida como fome de cultura e informação, por mais medieval que o seja, a anos-luz da tecnologia apontada nas grandes cidades, ou , até, nas cidade de médio porte. Frise-se que ao esperar a merenda, a ponta do lápis para tentar escrever, ao anotar os apontamentos visualizados em um quadro todo distorcido ou contorcido, já temos nas salas de aulas tecnologicamente preparadas, lousas eletrônicas conectadas à internet para captar a informação em som, imagem e movimento em tempo real.
Quando olhamos o rosto das crianças sem acesso à educação, evoca-se a teoria de Darcy Ribeiro, mineiro nascido no ano da Semana de Arte Moderna, 1922. Posto isto, afirmava que parte das discrepâncias sociais advinha da colonização branca e elitista que, ainda hoje, impera no Brasil. Como enxergaria o ex-Ministro da Educação , o escritor, o antropólogo, o fundador da Universidade de Brasília, a realidade que ainda se arrasta, termo mais apropriado não haveria, arrasta , a educação no Brasil. Sem cair em contradição, é notória uma ou outra evolução. A classe pobre consegue entrar na universidade paga pelo ProUni, contudo, não seria mais interessante abalizar o ensino público, que de gratuito não possui nenhuma característica, visto que é pago pelos impostos, e se estendessem mais vagas na pública?
É vergonhoso termos ideologias e ídolos, contemporâneos, que desaparecem em meio a uma política que promete , mas não cumpre. Não é válido falar de uma escola construída ou da reforma de várias, se o professor da rede pública das áreas mais distantes continua desassistido. Não adianta termos o mesmo a ganhar 900, 1200, ou qualquer pedaço de real, no que se dirige a profissionais que estudaram e sequer podem reivindicar um vida melhor. Crise: palavra que justifica uma série de erros que sempre existiram. Chegará a hora de culparmos Obama pela falta de reformas que deveriam ter sido feitas há tempos. Não é por aí que os fatos ocorrem e o pior é que não se vê os ícones da política, eleitos pelos professores, a lutar, de maneira real, pela classe que os valorizou. Onde está a passeata e o discurso da professora Ana Lúcia? Onde se encontra a presença do Deputado federal Iran Barbosa? Onde se encontra o discurso , que era admirável, pontuado, feroz e de resultados da deputada estadual Tânia Soares? Todos as falas, a exemplo “ vamos respeitar os professores”…” os professores fazem a diferença “ … “ só a educação transforma” desapareceram. Tristonho o é não haver vários Zés da merenda travestidos de Zés da esperança para se almejar uma educação melhor. Lamentável!