Dênison Ventura Sant’Ana
José Sebastião dos Santos Filho
Lenalda Dias dos Santos
Tácito Augusto Farias
Desenvolvimento Tecnológico e Trabalho
O desenvolvimento tecnológico reorganizou as relações de trabalho, exigindo uma preparação específica para uso e inserção em sistemas de informação. Desta maneira, o próprio mercado exclui aqueles que não estão familiarizados e preparados no manejo das novas ferramentas tecnológicas. Além disso, as freqüentes e contínuas mudanças nas estruturas das empresas e na própria metodologia de trabalho exige dos trabalhadores a possibilidade de aprendizagem, re-aprendizagem e adaptação (NETO, 2006).
Estes aspectos têm forçado que a escola haja no sentido de profissionalizar a formação de seus estudantes, reorganizando sua estrutura curricular no sentido de prover condições para a valorização das teorias de competição individual (NETO, 2006).
A formação do profissional atualmente está condicionada à relação com os avanços da tecnologia, especialmente as Tecnologias de Informação e Comunicação. Esta inter-relação homem-tecnologia ao mesmo tempo em que gerou linhas diviseis mais claras, com objetivo de acentuar a necessária mudança nas instituições sociais como forma de permitir que uma nova concepção de trabalhador moderno (e excluindo aqueles que não alinham-se com estes preceitos) permitiu que novas oportunidades de trabalho surgissem e que os profissionais tivessem a chance de buscar novas competências e qualificações.
Uma outra análise importante é o perfil do sistema de mercado na atualidade. O capitalismo evoluiu e tornou-se não apenas uma organização da economia mas uma ideologia com presença marcante na vida social moderna. Esta presença tem influenciado fortemente as relações de trabalho no sentido de organizar um padrão de sociedade pautado no acúmulo de riqueza e mantendo princípios básicos da propriedade privada, com as tensões entre produção e consumo, inclusão e exclusão, princípios que, destoante do avanço tecnológico, não mudam.
A relação trabalho-tecnologia, juntamente com tecnologia-educação, tem sido de necessária importância para visualizar e analisar uma nova perspectiva das exigências aos profissionais, tanto em relação quanto às competências específicas para cada área e as especificações necessárias para ocupação de funções que interagem com mecanismos sofisticados.
Esta nova conjuntura tem marcadamente a condição de inabilitar o ingresso no mercado de trabalho àqueles que não acompanharem os processos tecnológicos e suas mudanças. Assim, a formação acadêmica sem a vivência de toda a metodologia adotada pelo mercado certamente não contribuirá para a efetiva imersão dos formandos no sistema de trabalho.
Segundo NETO (2006) existem habilidades essenciais, desenvolvidas durante o processo de ensino-aprendizagem, para que o estudante tenha um resultado satisfatório no momento de ingresso no mercado de trabalho: domínio funcional da linguagem escrita e cálculo no contexto profissional e pessoal; atitudes, conhecimento técnicos e competências demandadas por ocupações do mercado de trabalho e competência de autogestão, associativas e de empreendimentos.
O desenvolvimento tecnológico ao mesmo tempo que permite a exclusão social e econômica pode tornar-se, no decorrer do desenvolvimento da inter-relação tecnologia-trabalho, uma forma de inclusão social.
Considerações sobre a Relação Educação, Trabalho e Tecnologia
O processo de socialização abrange todo o exercício de trabalhar, criar, aprender. O trabalho e a educação estão em permanente relação e é desta dialética que surgem o conhecimento teórico-prático necessário para o pleno desenvolvimento tecnológico, assim auxiliar a harmonia do individuo com seu meio social.
Ao se analisar a dimensão educação-trabalho, há de perceber-se que o desenvolvimento tecnológico serve como matriz para o surgimento de novas atribuições, de novas relações entre os saberes e a provoca a exigência de perspectivas que facilitem a adequação da sociedade aos novos paradigmas.
A relação educação e tecnologia não se resume ao simples ensino do manejamento de artefatos tecnológicos avançados mas que a escola manifestará sua função de problematizar, mediar e incentivar a busca pelo conhecimento, de maneira que o estudante possa adquirir as habilidades específicas mas com a necessária compreensão de como aplicar este conhecimento adquirido na construção de sua realidade social.
O questionamento feito nesta conjuntura de desenvolvimento é qual a função da escola. Formar mão-de-obra para o mercado de trabalho ou formar o homem para uma vida digna e humana nas relações pessoais e sociais? (MORAIS, 2005). Cremos que a busca do equilíbrio entre os avanços tecnológicos e a interação com os saberes estudados e ampliados na escola surge como uma alternativa salutar e eficaz para a formulação de um processo de ensino-aprendizagem rico.
Cremos que a escola, professor e aluno, devem estar cientes da importância de integrar suas buscas de conhecimentos à uma nova aplicação dos avanços das tecnologias de informação e comunicação no processo do ensino e da aprendizagem, na perspectiva de gerar a formação de pessoas capazes de conviver com as mudanças do meio e de se integrarem ao mercado de trabalho.
Referências Bibliográficas
MORAIS, Regina Aparecida de. Tecnologia, Mudanças de Paradigmas e Educação no Brasil. ISED/ISEC. 2005
PRETTO, Nelson Luca. Uma Escola com/sem futuro: educação multimídia. Campinas, SP: Papirus,1996,p.97-131
FERRETI ( et alli) org.. Novas Tecnologias e Duração: um debate multidisciplinar. Petrópolis. Rio de Janeiro, Vozes, 1994, p.151
NETO, Ivan Rocha. Tecnologia, Educação e Trabalho. In: Revista Tecnologia e Sociedade. Curitiba. n. 2, 1º semestre de 2006
UNESCO – Relatório da Educação: um tesouro a descobrir, capítulo 4 – Comissão Internacional sobre educação para o século XXI, MEC e UNESCO. Brasília, 1998.